terça-feira, 25 de maio de 2010

Confissões noturnas - Parte 02

Uma luz branca era tudo que seus olhos podiam enxergar. Sua vista ainda estava embaçada, não dando-a a chance saber onde estava. Seu corpo foi mexendo-se lentamente, até que Anna se encontrou sentada em uma cama de hospital. Um barulho ensurdecedor invadiu seus tímpanos. Uma mistura de passos apressados, choro, gritaria e máquinas que registravam batimentos cardíacos. Passou a mão, presa a fios de plástico, nos cabelos. Imaginou a aparência horrível com a qual estaria. Mas havia algo de mais terrível que ela se dera conta de que teria que encarar. O fato de que ainda estava viva.

Uma moça loira, que não aparentava ter mais de 15 anos, entrou em seu quarto. Usava um vestido de flores, que caía muito bem em seu corpo esbelto. Anna recebeu-a com um olhar de indagação, enquanto a moça abriu um enorme sorriso.

- Vejo que está bem. Sua família pareceu assustada. - disse a moça.
- Quem... - faltou-lhe léxico. - Quem é você?
- Sou Kelly. Eu e meu irmão a trouxemos para cá. Quando bati à sua porta para pedir uma informação, você desmaiou. Os médicos disseram que foi uma tentativa de suicídio...
- Foi. - disse Anna, austeramente. - Agora eu me lembro de alguma coisa. Sou Anna, ainda.
- Minha mãe diz que sempre há um motivo para viver. - disse a moça, consternada.
- Meu psiquiatra também.

Entrara como um tornado em seu quarto um jovem de não mais que 25 anos, que parecia ter vindo de uma festa infantil. Sua alegria incomodava Anna.

- Kelly, a moça já... - deu-se conta de que Anna estava acordada, e moderou suas palavras. - Ah... vejo que está melhor.

No dia seguinte, Anna recebera alta do hospital. Sua família quis marcar mais sessões com seu psiquiatra, porém ela estava ignorando a tudo e a todos. Sentiu-se frustrada por não ter sido capaz nem de suicidar-se. Conformou-se que teria de viver. E torceu para que qualquer coisa adiantasse isso. Poderia ser seqüestrada, receber uma bala perdida, capturada por um OVNI. Não importava o jeito. Ao atravessar a rua, em frente à sua casa, quase foi atropelada. Só não fora porque uma pessoa puxou-a da frente do caminhão. Não dominava sua lucidez naquele momento.

- Você está bem?

3 comentários:

  1. Me parece que a Anna tem muitos anjos da guarda. Espero que ela encontre um motivo para viver... Aguardo a continuação =)

    Bjs...

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  2. começo achar que a anna precisa se conformar e viver '-'

    beijas jaci :*

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  3. Nossa, já me prendi a história uaheuah. acho que a Anna vai achar um bom motivo pra viver... Esperando a continuação.Beijos

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