quinta-feira, 30 de julho de 2015

The Depression Diaries, n° 42 - Começa com S e termina com O

Meu momento preferido em toda a minha vida foi quando eu viajei de avião pela primeira vez — de madrugada, um voo vazio — e pude ver, de cima, todas as luzes da cidade. É a minha última lembrança de sentir felicidade. Provavelmente porque vai ser o mais perto do espaço sideral que eu vou chegar até morrer e porra, eu amo o espaço #thetruthisoutthere. Porra, esqueci o que ia escrever sobre. Pera.

(2 min depois)

Lembrei. Era sobre morte. Não tem um jeito menos estranho de falar pras pessoas que você quer se matar, né? As reações das pessoas são sempre sensacionais. Algumas ficam em silêncio completo, outras falam "AI PARA COM ISSO" e tem umas até que comentam sobre gente que se matou também mas dando um certo suporte, eu acho. Eu não sei bem porque quero me matar. Acho que nunca antes na vida desde que fiquei doente eu quis tanto me matar quanto quero agora. Mas sempre parece que eu to esperando algo passar pra poder cometer o ato, que eu to almejando passar por algo aí então fazer o que eu quero. Veja bem, eu não consigo ter bem objetivos na vida. Não tenho nenhum pudor de falar pros meus amigos que eu quero sim me matar. Eu não consigo sentir porra nenhuma. PORRA NENHUMA. Dentro de mim só existem os sentimentos ruins. Dor. Angustia. Vazio. Etc. Porra. Desconfie de todo sentimento novo que eu afirmar possuir por qualquer coisa/pessoa. Eu não tou em plena capacidade das minhas faculdades emocionais. Eu nem sei qq to fazendo ainda acordada muito menos viva. 

Me desculpem se não consigo me importar com porra nenhuma. Eu quero muito, juro. Eu amo todos vocês mas ainda sou uma garota morta.

"somewhere i have never travelled, gladly beyond 
any experience, your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me, 
or which i cannot touch because they are too near."
e. e. cummings

domingo, 19 de julho de 2015

The Depression Diaries, n° 41 - Boom

Em uma das minhas recentes consultas com minha psiquiatra, expliquei minha crença no fato de tudo que habita o universo ter uma finalidade, um motivo pelo o qual está aqui. Eu realmente acredito nisso, ou pelo menos o máximo que alguém como eu pode acreditar em algo. O que acontece quando se questiona demais sobre isso? Você acha que o universo tenta enlouquecer gente como eu porque pensamos demais? Eu não quero isso mais, universo, pode tirar de mim. Eu quero mergulhar numa ignorância profunda, quero não querer questionar, quero me sentir satisfeita com o fato de que nunca vou saber tudo e cumprir um papel qualquer, e encontrar alguém, dividir a vida, fazer dívidas, morrer, ser esquecida, virar pó, virar outras coisas, poeira estelar, adubo, um balanço de criança, uma explosão no centro de uma nebulosa. Tinha sangue nas minhas mãos 10 minutos atrás - sangue que eu mesma provoquei porque deus como é bom ter controle sobre algo. Meu ponto nunca chega a ser um ponto de verdade é só uma verborragia de quem tá bem cansada de quem devia dormir mas continua acordada porque quer colocar seu nome num big bang. Ah, a tola. Tola como os deuses quando criaram a si mesmos.