domingo, 19 de dezembro de 2010

Banho de mangueira.


Na noite passada. Era tudo tão bonito, como aquelas coisas que a gente sempre pensa que nunca vão acabar. E nós devíamos ter o direito de escolher isso. O para sempre. Eu queria ser teu nada, já que eles dizem que nada dura para sempre. Queria acordar e ver seus olhos ainda fechados, sua respiração calma e sentir seu braço envolvido na minha cintura. Tão perto, tão perto. Pedindo que nada disso seja um sonho. Eu sei que eu não posso te tocar. Sei que tudo isso é tão bizarro e assustador que eu entendo esse medo todo. Eu também estou com medo. Porque eu sei que vou te magoar. Sempre magôo. Porque ainda é incrível como você é sempre a primeira e a última coisa a estar na minha mente todos os dias. Você sempre está sentado no chão, encostado no sofá, o sofá pinica, você disse. Mas eu não me importo, por você eu durmo no chão, na varanda, no telhado, no fim do mundo. Você passa seus braço pela minha cintura e eu estremeço. Passo horas encarando seus olhos, descobrindo cada parte do teu rosto. E então você ri da minha cara de boba. Como se nada mais importasse. E depois o nosso banho de mangueira. Você molhando o cachorro enquanto eu tento me esquivar. Tão simples, porém tão difícil. Incrível como ainda falo como se você não fosse ler alguma dessas coisas que escrevo. Porque você me confunde. Porque eu me confundo. Porque sou tão hermeticamente fechada e você acabou por destruir tudo. Com que direito? Talvez você nem saiba. Não há mais nada pelo o que chorar. Somos apenas cinzas de um mundo que nem sequer existiu. Mantenho o sentimento vivo enquanto você não o esfaquear. Enquanto uma palavra poderia mudar tudo isso. Mudar aquilo que você chama de destino e no qual eu não acredito. Tenho a vaga fé de que estamos sonhando. E que quando acordarmos, você estará com os braços na minha cintura e eu sentirei o cheiro do seu cabelo tão macio aqui. Ainda é muito difícil desamar.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Enquanto a outra vida não chega.


Alguns de seus amigos chamavam de carma. Carma é uma vadia, dizia ela. Já outros sempre a acharam idiota. Particularmente, idiota era seu nome do meio. O fato de estar sempre sozinha não significava que estava infeliz. Ainda conseguia andar pelas ruas e ver beleza nas coisas que todo mundo já esquecera. Manteve um sorriso no rosto enquanto desabava por dentro durante muito tempo e ninguém se importou. Então, porque se importar agora? Continuou sua caminhada diária pelas ruas de sua cidade, uma cidade que não tinha muito a lhe oferecer. Meu deus, pensou, é tudo tão difícil. Tudo bem que não precisava ser fácil demais, porém não precisava ser desse jeito. Ainda podia se lembrar das últimas vezes. De como fora tachada de lunática. De bobalhona. De coitadinha. Ficou sempre para trás em tudo. Todo mundo achava que sabia o que era melhor para ela. Mas não sabiam, dizia em voz alta no banheiro todas as noites. Tudo não passava de monopolização. Sentia como se todos estivessem em cima dela gritando e gritando para ela fazer aquilo, você já está velha diziam, não pode se dar ao luxo de escolher. De esperar. De esperá-lo. Por que não podiam dividir o mesmo chão se estão sob o mesmo céu estrelado? Doía tanto nela que o que desejava seriam só palavras. Não, na verdade não doía. Não era dor. Estava anestesiada pela morfina e tudo o que sentia era o vazio dele que nunca estivera aqui. Ele estava tão preso nas palavras que cada uma delas era ele lhe sorrindo. Cada letra. Cada dedo sujo de tinta de caneta. Cada olhar. Cada borboleta no estômago era ele vivo dentro dela. O vazio vinha quando ela lembrava que eles nunca dariam certo. Por mais que tentassem, por mais que fossem incentivados, eles simplesmente não nasceram para ficar juntos. Talvez fosse um amor tão grande, tão grande, mas tão grande que não cabia só dentro deles. Mal cabia no mundo. Enquanto passava por um restaurante repleto de famílias, pensou que nunca poderia ter algo assim com ele. Quem sabe nunca outra vida, numa outra época. Apegava-se à crença de que algum dia ele seria seu. Só seu, em algum lugar perdido desse mundo. Era bonito pensar em estar junto com ele. Leu uma vez que a melhor forma de esquecer um amor é transformá-lo em literatura. Ele era mais; era tudo o que suas paredes, sua boca não mais tocada pela dele ainda conseguia ser. Era o único jeito que encontrou de mantê-lo consigo: dentro das palavras, que um dia ele conseguiria enxergar como todo o amor do mundo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

I'd do it all again.


Este é um texto totalmente pessoal. Talvez o mais pessoal que eu já tenha escrito até hoje. Tentei abandonar as entrelinhas durante este ano inteiro, tentei ser mais viva, tentei de tudo e não recebi resposta positiva. Não nego que aprendi muitas coisas e que tive que passar por tudo que passei pra aprender coisas que não teria aprendido de outro jeito. Esse ano eu percebi que eu não vivi quase nada. Tenho 17 anos e não fiz nem meio por cento do que desejo. Tenho matado tantas coisas dentro de mim que há dias em que me olho no espelho e falo: quem é você que tanto me olha e nunca me reconhece? A vida gira e eu pareço permanecer no mesmo lugar, reclamando das mesmas coisas. Você pensa que eu não me canso de mim? Muitas vezes. Banco a louca por medo de morrer de tédio. Medo de muita coisa que nem sei se algum dia eu senti de verdade. Às vezes eu penso que tudo isso, todos esses aí, não passaram de um simples bote salva vidas, de desespero. Não chegava a ser um gostar. Este último, o outro e o outro são a mesma coisa. Desespero. Idealização. Ilusão. Aí então a Cássia Eller canta "eu sou poeta / e não aprendi a amar" Posso não ser poeta, mas ainda não aprendi a amar. Algumas coisas poderiam ser mais fáceis. Não sei se me sinto aliviada, mas finalmente eu entendi uma porção de coisas sobre minha vida. E não me diga que eu sou nova demais pra isso. Depois de tudo que já passei aqui eu tenho o direito de tentar ser alguma coisa melhor. Estou tentando não me envolver tanto com palavras e mais com atos, com realidade. Realidade é tudo o que tenho precisado. Não me sinto na obrigação de ter que dar explicações às pessoas sobre o que eu faço ou deixo de fazer, nem preciso que elas me obriguem a fazer algo que não quero. Venho reaprendendo a gostar de quem sou e compreender que tudo que fiz foi necessário e imutável. Manter os amigos, uma vida tranqüila e nunca desistir têm sido meu lema. Talvez você não consiga compreender pelo o que estou passando. Talvez você ache que não é de uma hora para outra que esse tipo de coisa acontece. Talvez você ache que eu estou mentindo. Não tiro seu direito. Muitas vezes eu menti para que as coisas não fossem tão ruins. Não estamos aqui por acaso. Cada um de nós veio aqui para deixar esse mundo um pouco melhor. Sei que muitas vezes as lágrimas eram a únicas coisas que conseguiam sair de você, mas acredite: tudo passa. Muitas vezes durante este ano eu pensei em desistir, não estava sendo fácil, mas toda vez que eu sentia que não aguentaria mais, pensava: o pior vai passar. E passou. É de total estranheza não notar beleza nas pequenas coisas, em não rir quando se quer chorar. Dar um só único passo em direção a uma vida melhor é muito melhor do que ficar parado vendo a ela passar. Eu tenho um sonho, você tem um sonho, o mundo tem um sonho. A estrela mais longínqua é nosso porto.

sábado, 27 de novembro de 2010

Temporal.


A música continuava a tocar. Janis Joplin, talvez. Enquanto seus braços ainda não fossem capazes de tocá-lo e a distância aumentasse cada vez mais – não fisicamente, sentimentalmente se é que me entende – ela sentia o buraco se abrindo à sua frente e levando-o para longe, numa outra zona, numa outra região, numa outra vida. Uma vida na qual ela não estaria mais. Saiu do devaneio com o barulho das buzinas dos carros na rua e como se estivesse nesses filmes antigos americanos que costumava ver, sua mão encostou na dele, ao seu lado. Ele deu aquele sorriso meio torto, meio menino e perguntou se ela achava que iria chover.

- Acho que sim – disse ela, olhando dubiamente o céu de nuvens.
- Disseram no jornal, hoje de manhã, que ia cair o maior temporal.
- Sempre quis estar no meio de um temporal.
- Quer tomar banho de chuva comigo?
- Quero sim, vagalume.
- Do que você me chamou? – os olhos dele voltaram-se para ela novamente.
- Vagalume. Aquele bichinho que brilha no escuro. Você é a luz dos meus dias escuros.

As palavras saíram tão rápido de sua boca que levou alguns segundos para ela se dar conta do que havia dito. Olhou para o chão e novamente olhou para ele. Sentiu tudo dentro de seu estômago se revirar como se estivesse dentro de um liquidificador. Não esperava respostas, nem igualdade. Depois do que viver, já não esperava mais nada.

- Você também é a minha luz, Isa. Minha melhor amiga.

Ela sabia que não tinha o mínimo de direito de reclamar de qualquer coisa, você sabe, aquela regra clara: não tentou, não pode lamentar. Tentou dar um sorriso, pondo uma mecha dos cabelos que sempre achou lisos demais atrás da orelha, parada em frente a uma vitrine de uma loja que revelava foto – muitos porta retratos, muita gente feliz demais, que ódio delas – eu gostaria de ter uma família bonita assim, pensou. Com ele, por ele. E sem ele não há nada.
As primeiras gotas de água acertaram sua cabeça ferozmente e depois suas roupas, suas sandálias, sua alma. Não havia mais ninguém na rua. Olhou para ele que lhe sorria e resolveu sorrir também. Por tudo o que foi e o que quis ser. Ele corria e corria pisando nas poças que se formaram e desafiando os trovões enquanto as lágrimas que não podiam ser vistas rolaram pelo seu rosto. Vem, ele gritava. E sorriu novamente.  Sorriu porque já não agüentava mais sangrar por dentro e essa era a única coisa que lhe restava.
Tentou dizer a ele tudo o que sentia. Dizer que o amava e que largaria tudo, toda essa droga por ele e só por ele. Que ele era sua família, seu porto seguro. Mas não disse. Pediu a Deus então que Ele lavasse-o de seus cabelos, de suas roupas, de suas sandálias, de seu coração. Mas o temporal parecia fraco demais para isto.

Escrito em 23/11/10.

 Música do post: Sal De Mi Piel - Belinda

sábado, 13 de novembro de 2010

Dom Quixote de la Mancha


Sou o Quixote. Sempre estive lutando contra inimigos que não existem, inimigos que na maioria de suas vezes eram eu mesma. Ponho meus pés no chão e sinto o frio percorrer todo o meu corpo e a maldita maldita maldita luz da rua que entra pela janela que eu tanto detesto insiste em colorir meus cabelos de laranja. Depois de alguns segundos de perda da lucidez, eu lembro novamente das palavras. Por mais que doessem, eram verdade. E-então-se-você-pediu-a-verdade-nós-estamos-te-dando-menina. Todos têm seus dragões. Ela os chamava de demônios, mas eu prefiro chamar de dragões. Os dragões podem viver dentro de você durante muitos anos, anos que se arrastam como se fossem salas de tortura e então alguém vai e abre a porta desta sala. A chuva começa a molhar os dedos dos meus pés ainda manchados de esmalte desgastado, de rosas murchas, de sangue de morto, de páginas de livros marcados com rosas, de atestados de burrice. Forço-me a andar até a cozinha, nossa são 3 da manhã, hora dos demônios saírem, eu saí. Pança, cadê você? Inconscientemente pego a maior faca que encontro e desbravo o vento, imaginando que ele é tudo o que me dói, essas mortes do imaginário que sempre me doem, essas palavras que atingem como tijolos sempre me doem. Olho minhas mãos e elas sangram. Agora sim nós estamos iguais, Pança. Agora nós sangramos por dentro e por fora, já podemos esperar o sol entrar pela janela no chão frio. Esqueça os moinhos, eu já esqueci. Não se pode matar o que te mantém vivo. Está tudo manchado, tudo. Já já os demônios vão embora.

sábado, 30 de outubro de 2010

I see what you're not showing.


Acordei no meio da noite. Sei que você não está aqui, mas mesmo assim te procuro. Desejo que você esteja ali.  Porque mesmo depois de tudo que vivi, ainda te desejo. Finjo que não fantasio com você, mas isso é o que me faz querer dormir. Por que quando durmo, você está nos meus sonhos. Mesmo que esteja se enterrando em palavras não ditas. Eu sei que você tem medo porque eu tenho também, mas vai que a gente deixa tudo isso passar, toda essa coisa bonita, todo esse impedimento, tudo isso que podia ser alguma coisa algum dia. Talvez você tenha vivido algo ruim, eu sei, eu também vivi, mesmo que nunca tenha existido de verdade. Mas eu estou disposta (se você estiver) a te dar um espaço no sofá, na casa, no coração. Eu já dei o primeiro passo uma vez e me ferrei. Eu estou com medo de perder todo o pouco que já conquistei, toda a imagem que já construíste de mim. Queria que você estivesse aqui esta noite. Para apertar teu corpo contra o meu, sentir o cheiro dos teus cabelos... já imaginei diversas vezes o cheiro do teu cabelo. Lembro de quando eu era criança e tentava cavar para chegar na China. Hoje eu queria chegar só aonde você está.

Música do post: Quiet - Demi Lovato

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Carta de um soterrado prestes a morrer.


"Devo ter pensado umas duzentas vezes antes de decidir te escrever. Tive medo de te deixar mais triste do que já estás. Está tudo escuro aqui e eu não tenho você. Eles me disseram que daqui há meia hora tudo cairá sobre nossas cabeças e que essa carta será nossa última comunicação. Está difícil escrever com tantas lágrimas caindo pelo meu rosto. Você se lembra da primeira vez que nos vimos? Você estava tão bonita com aquele seu vestido amarelo, e assim que te vi soube que você era a mulher da minha vida. Peço desculpas se não conseguimos viver tudo aquilo que sonhávamos. Você foi para mim o mundo inteiro, e em cada pedaço deste mundo eu vou estar com você, não importa que você não possa me ver. Você foi minha menininha e tudo que eu sempre fiz foi cuidar de você, mesmo nos momentos em que você não entendia e dava um passo para trás. Dói quando penso que nunca mais vou poder tocar você, que nunca mais vou poder sentir o cheiro do seu cabelo outra vez. Eu te dei meu coração porque ele era a única coisa que eu poderia te dar. Agora ele é seu, pra sempre.

Obrigado por ter sido minha. Chegou a hora. Eles vão apagar as luzes fracas daqui para que não possamos ver nossa agonia. Eu não estou com medo... e não quero que você tenha daqui por diante. A vida foi mais bonita quando você estava nela. Quando uma estrela brilhar para você, sou eu dizendo que te amo, sempre e sempre."

(Carta fictícia. Nenhum fato narrado aqui aconteceu de verdade. Qualquer relação com alguma pessoa, é mera coincidência. Principalmente se envolver você.)


Música do post: Yellow - Coldplay

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

You know me, I make all wrong.


Você acredita que algo incrível pode mudar uma pessoa? Você acredita que um dia poderá tocar uma estrela e dá-la a quem tanto gosta? Você acreditaria em qualquer coisa que eu te mentisse? Você me daria sua mão se eu estivesse afundando?

Conte-me seus segredos, ligue-me às duas da manhã. Eu não me importo. Só não diga que não valeu a pena. Porque não é só porque agora pegamos trens diferentes que eles nunca andaram no mesmo trilho. E talvez ainda andem de novo algum dia. Eu tenho estado bem, se você quiser saber. Tenho visto muitas estrelas cadentes. Mais do que via quando tinha você. Provavelmente porque eu já tinha tudo que desejava. E tenho feitos muitos pedidos também. Pedi paz, pra mim, pra você e as melhores coisas nas nossas vidas. Eu poderia muito bem mentir e dizer que nem as plantas da minha casa sentem a tua falta e na verdade eu iria mentir. No entanto, eu já cansei de amassar folhas, tentando te escrever algo. E agora acho que não há mais nada a dizer. Pois mesmo que você evolua naquelas suas pesquisas com raios cósmicos e crie uma máquina do tempo, eu teria feito e faria a mesma coisa se tivesse outra chance. Porque acho que sempre é válido errar. Afinal, não conseguiríamos ver as estrelas se não estivéssemos no escuro.

E então eu me lembro daquela tua frase: "Dois erros não fazem um acerto". Mas dois acertos fazem um erro. Eu e você. Numa eterna disputa para ver quem tem mais auto piedade. Um dia a gente se encontra por aí. Agradeço por ter tido a chance de ter conhecer um dia, ou achar que tinha te conhecido. O tempo passou e sempre irá passar. Só nós que ficamos presos a essas mesquinharias. Teu amor sempre foi mesquinharia, pouca coisa. Mas foi o suficiente para uma imaginação fértil como a minha. Pois eu sei o que é sofrer por algo que nunca foi seu e torcer para que ninguém consiga te ouvir do quarto. Você não deveria existir. Não estava nos planos. Porque se existe, não me vê. E se não me vê, não me faz sorrir. Só você sorri. E nada mais, só tuas poucas palavras que às vezes podem dizer tudo. Até mesmo o silêncio, que muitas vezes foi inquebrável, essa noite falaria tudo o que eu preciso ouvir. Mas eu estou bem. Esta noite eu vou acender as velas e lavar os pratos. Apagar as lembranças físicas de você e procurar um bom motivo para não precisar da tua presença. Não ofereço muito. Só tenho o meu mundo para te dar. Surpreenda-me pegando uma trilha alternativa e colidindo com o meu trem. Só não deixe o que passou virar nada. Se não já virou.

sábado, 2 de outubro de 2010

Shooting stars.


Na noite passada eu vi uma uma estrela cadente. Eu pedi desesperadamente para ser feliz. Eu quis acreditar. E acho que acreditar deveria ser o lema de todo mundo. Acreditar em si mesmo, pra começar. Eu tento fazer isso todos os dias. Não sei você, mas eu amo as estrelas. Pena que todas elas já estejam mortas quando as vemos. Acho que só esqueceram de avisá-las. E tem muita gente que está vivo como se tivesse morrido.

No final, somente essa frase é a verdadeira: só se dá valor quando se perde. Porque quando perdemos, um chute no estômago nos atinge e parece que nosso vazio não se chama mais fome. Como montar um boneco com lego, não pode faltar nenhuma parte, pois se não tudo desmorona. Não sei se lego é a melhor metáfora, mas é a única que se encaixa em mim. Não entendo como a distância pode modificar tanto as amizades. Mentira, entendo sim. Entendo mas não queria entender. Nunca fui muito boa em manter pessoas. Por isso que evito me envolver. Por isso sempre ouço a velha história de não criar muros, e sim pontes. Porém ninguém entende que as pessoas, as minhas pessoas, sempre vão embora. Perdem-se e nunca mais se encontram. Isso deve ser natural, uma lei da vida. Aliás, eu nunca tive muita sorte. A maneira como as pessoas vêem, arrancam tudo que tenho e vão embora é quase furiosa. Não consigo manter a tal da tranquilidade estóica. As coisas merecem - e devem - ser intensas. Há uma porção de coisas que fiquei por dizer, e penso que talvez seja melhor não ter dito. Sempre fui tão nada para os outros que ninguém pode me julgar por ser fria do jeito que sou. São marcas, cicatrizes, passagens por todas as partes do mundo que ficaram gravadas aqui no peito. Eles ocuparam o lugar do coração.

Um dia desses me deu uma vontade grande de ir à praia. Só pra ver o mar, esperando que a imensidão dele preenchesse meu vazio. E ficar até de noite na praia, deitada na areia, vendo as lamparinas do céu brilharem e caírem sobre a minha cabeça e então choveria. Choveria para lavar a alma. Para limpar toda essa podridão que está dentro de mim. Mas as pequenas luzes mortas nunca deixariam de brilhar. Porque mesmo morto, ainda há uma razão para se viver. Não você, não eles. Só eu, só meus sonhos caleidoscópicos. Só minha decisão de acreditar que tudo o que vivo agora é tão ilusório quanto meus próprios sonhos noturnos. Porque não consigo sonhar quando o dia está claro. É como ter o sol brilhando às onze da noite. Nesses próximos meses, muitas coisas serão decididas. Minha vida é uma delas. Está tudo tão misturado, tão uma coisa só que quase não a acho nessa imensidão estrelar sem fim. Por Deus, que as coisas melhorem. Pra mim, pra você, pra todos nós. Que a chuva aumente e todos os trovões e raios e tempestades sirvam de chuveiros freudianos e limpem nossa aura e nos deixem as melhores vibrações que podemos receber. Porque tudo que eu sei é chover.

Música do post: The Fear - Lily Allen

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

It takes strength to be gentle and kind.


Eu sinto como se esse ano tivesse sido uma junção de muitos outros em um só. Coisas que vivi nesse ano parecem ser de muitas outras épocas da minha vida. Isso pode parecer meio sem sentido, mas é o único jeito que eu consigo descrever o momento em que vivo. Toda aquela estabilidade que eu tinha parece estar ruindo, e todas as minhas perspectivas também. Não sei se você já passou por isso, mas de qualquer forma é inevitável que vá passar. Antes, quando tudo que você sabia do dia seguinte é que você tinha uma cama e a casa dos teus pais e agora a qualquer momento tudo pode mudar e você estar sozinho num lugar estranho rodeado por pessoas estranhas. Te digo isso porque o fim do ano se aproxima e todas as minhas perspectivas do início do ano, em sua maioria, não se cumpriram. Por favor, lembre-se do que importava. Hoje eu estava na aula e meu professor disse que as coisas da vida se repetem. Do mesmo jeito de eu estar vivendo a mesma situação que vivi ano passado. Bem, eu sei que é a mesma situação. Só não consigo mais me defender disso. Sei que posso estar entregando os pontos depois desses sonhos malucos que ando tendo comigo e com você, comigo sem rumo e com você mais longe do que já está e eu mais longe ainda e um oceano, dois oceanos, três oceanos entre nós. Tudo que eu preciso nesse momento é de alguma estabilidade que ninguém, nem mesmo você pode me dar. Eu preciso de planos certos, preciso de metas novas e plausíveis. Eu fui tentar até ler um livro de auto ajuda para ver se eu conseguia encontrar alguma dessas coisas, mas acabei abandonando o livro. Nunca gostei que me dissessem o que fazer. E isso é uma das coisas que provém da minha mudança desses últimos anos. E agradeço todos os dias por isso. Tudo o que eu sou hoje, devo ao que vivi no passado. E pro inferno se eu me tornei uma pessoa mais fria do que desejava ser. Só estou me mantendo a salvo desse ciclo interminável que vejo acontecer aos outros. Minha missão não tem nada a ver com amor. E amor não é essas coisas que as novelas e os filmes passam pra gente, não. O amor real é aquele tem defeitos, que a pessoa diz que te ama numa quinta feira à tarde, depois que você ganhou a carteira de motorista e não tendo pores do sol ao fundo com um buquê de rosas entre a mão. É o amor de verdade. Quem me lê pensa que tenho experiência sobre isso. Mas eu engano muita gente. Engano-me, na maioria das vezes. E não é só porque eu estou perdida que eu vou desistir de achar o caminho para o lar.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

If you run, I'll wait for you.

"Queria tanto que alguém me amasse por alguma coisa que eu escrevi."

Caio Fernando Abreu


Hoje foi um dia difícil pra mim. Tive de assumir meu gostar por você para ver se isso se tornava real. E me deu tanta vontade de chorar. Não choro por você, choro por mim. Choro porque sei que vou me ferrar sozinha novamente e não estou mais conseguindo impedir isso. Não sei se isso é amor ou desespero puro e seco, mas parece que não me conheço mais. Pro inferno com essas meias palavras e meios sentimentos que tenho recebido desde então, porque ninguém nunca será capaz de me amar pelo o que eu sou. Sinto-me em meio a um pântano, sendo afogada por fantasmas fictícios. Talvez eu só esteja jogando tudo isso, todo esse sentimento reprimido que nunca contei a ninguém antes. As pessoas não sabem o quão difícil é deixar pra trás algo que nem ao menos se tornou real. Eu abro a janela da minha imaginação e então aparece você. Porque tudo que tenho vivido desde que nasci não passou de pura ilusão. Desculpe qualquer coisa, qualquer acusação drástica. Entretanto, minha vontade é de gritar com um monte de pessoas e pôr meu dedo na cara de todas elas, acusando-as pela falta de amor, perguntando porque não eu. Deus, porque eu tenho que passar por isso de novo? Porque eu não posso viver algo de verdade? Porque as coisas não podem ser mais fáceis? Porque, Deus, porquê! Eu estou tão cansada... cansada dessa merda toda. Mesmo que não admita, ainda espero um gesto bonito qualquer, em uma hora alheia do dia, tipo quatro da tarde. Uma mensagem no celular, um cartão, qualquer coisa. Que não me pergunte se estou bem ou mal, que apenas me ofereça sorvete. Eu tenho tanto amor reprimido que não aguento mais carregá-lo por aí. Imaginei um dia desses criar um personagem inspirado em você. Porque você é bom demais para ficar só no meu pensamento. Talvez você nem leia isso aqui. Talvez você nem saiba que é você o receptáculo desse texto. Talvez nada, talvez tudo.

P.S.: It's for you.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

I sing you to sleep.


Não sei se daqui há alguns anos eu ainda vou sentir isso. Não sei se amanhã eu ainda vou sentir isso. De qualquer jeito, eu sinto agora. Eu quero (você) agora. Sabe o quanto é difícil para mim falar isso, você sabe. Eu liguei o modo "desativar emoções" há algum tempo, e você foi lá e ferrou a fiação inteira. Infiltrou-se como um vírus e foi infectando tudo. No começo eu achei que meus anticorpos dariam jeito na situação. Contudo, você os deteriorou também. Seguiu o caminho mais fácil e rápido para o destino e quando percebi, já estava terminalmente doente. De fato, você cresceu em mim mais rápido do que eu consegui me defender. Tenho de repetir a mim mesma todos os dias na frente do espelho: Eu não gosto dele. Eu não gosto dele. Talvez algum dia eu me convença disso. Talvez um dia a gente se encontre por aí. Numa estrada, em um show, em uma rua deserta. Eu e você. Você e eu. Não vou te abraçar para que não consiga sentir saudade. Deixa tuas chaves no bolso e fecha os olhos. Pode me chamar de fria, calculista, me xingar do que você quiser. Só nunca esqueça que um dia eu consegui amar você. Se eu ficar por aqui, cara, eu vou morrer. Mesmo que talvez daqui há alguns eu me arrependa de tudo isso, fico com lembranças boas de ti. De nós. De tudo. Porque toda vez que eu acordo e cada raio do sol que entra pela minha janela me faz lembrar você. E mesmo se eu fosse para um lugar frio eu lembraria de você e de suas piadas bobas sobre qualquer coisa que eu fosse alérgica. Não vou dizer que não vou pensar em você. Só quero cuidar mais de mim, quero ser a melhor pessoa que eu conseguir ser. Algum dia eu volto. Mas não espere por mim. Eu respiro, respirava antes de você e vou continuar respirando sem nunca ter tido você. Deixa que sejam todos os dias bonitos de nossa estada à distância as melhores lembranças, porque viver está cada vez mais difícil.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Jogo dos 7.


Aqui estou eu, novamente.
Recebi esse desafio da minha amiga Nathalie, do blog Que seja doce. Muito obrigada, coração. Eu adorei (:

Eu tenho que basicamente responder as perguntas e indicar 7 blogueiros para responder também. Então vamos lá.

7 coisas que tenho que fazer antes de morrer:
- Tomar um porre;
- Publicar meu livro;
- Beijar na chuva;
- Conhecer meus amigos virtuais;
- Aprender a falar 8 línguas;
- Ir a um show de rock e cantar alokamente;
- Ser feliz.

7 coisas que mais digo:
- "WHAT DO YOU WANT FROM ME?"
- "Merda".
- "Já estou indo..."
- "Isso é preconceito por que eu sou negra?"
- "Desculpe se nasci."
- "Eu odeio cálculo. I hate."
- "Mãe, me compra livros?"

7 coisas que faço bem:
- Encher o saco alheio (?);
- Escrever (?);
- Consertar qualquer coisa;
- Falo espanhol;
- Me meter em confusões épicas;
- Ler;
- Me apaixonar pela pessoa errada.

7 defeitos meus:
- Crueldade (sometimes);
- Frieza;
- Ansiedade;
- Imaginação fértil DEMAIS.
- Língua solta (isso implica o item 5 da lista anterior)
- Falo palavrão demais.
- Isolamento.

7 coisas que amo:
- Meu cachorro Peludinho;
- Meus amigos (tanto virtuais como reais);
- Meu blog hahahaha
- Meu livro e meus personagens (Pete e Soph, s2) e os livros que comprei;
- Caio Fernando Abreu ♥;
- Leandro, meu amigo imaginário;
- Doritos (?)

7 qualidades:
- Err... err... err... sou persistente, serve?
- Tenho um senso de proteção muito grande com meus amigos. Todos eles são como meus filhos.
- Mão-de-vaca HUSAHUAHS Quero dizer, sei poupar meu dinheiro.
- Sou leal. Se eu disse que ia estar com você, eu vou até o inferno com você se for preciso.
- I have a dream... muitos, aliás.
- Faço as pessoas rirem, conta? Só eu consigo ser idiota o suficiente para fazer os outros rirem nas piores situações (tipo velório).
- Sou destrambelhada. Sim, isso é qualidade. Tem todo um charme envolvido, sacou? haha

7 blogueiros para fazer o jogo dos 7:
Patrícia
Fernando
Victor Delmas
Monaliza Vasconcelos
Luiza
Belw
Emi

É isso, gente. Depois de falar muita bobagem, aqui me retiro. Beijos pra vocês, corações.

sábado, 11 de setembro de 2010

About who didn't come home.

"Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé , doem.  Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade."
Martha Medeiros



Correndo em círculos. Cavando um buraco no meio do espaço. Não conseguir gritar em um pesadelo ruim. Imagine viver isso. Agora imagine viver isso todos os dias da sua vida. Uma dor que começa pouquinha, furtiva e se alastra pelo corpo como uma doença terminal e daqui a pouco já faz mais parte de você do que você mesmo. Saudade é simplesmente isso. É não saber do outro, não saber se tudo o que viveram não vai se apagar com o tempo e a memória fraca. É saber também. É saber que o outro não vai voltar mais para casa. É saber que o próximo riso que você escutar não vai ser o dele. Pais, filhos, irmãos, amores; todos se vão. E é por isso que eu digo, com sério pesar da minha frieza, que amo todos vocês. É sempre melhor dizer do que guardar. As coisas não ditas são as que matam. E talvez amanhã já não estejam mais tão perto para que se possa dizer as coisas certas. Sou metamorfose ambulante, porém pôr o dedo na ferida que eu pensara já estar fechada consegue trazer à tona aqueles velhos medos meus. O pôr do sol agora se aproxima, e todos os dias eu fecho a porta na esperança que algum de vocês bata incessantemente e continue batendo, batendo, batendo, batendo até que eu me convença que isso tudo não é um sonho e que tudo vai voltar a ser como era antes. Mas não é. Nem nunca vai voltar a ser. Os encontros e desencontros dessa vida sempre arrancaram um pedaço da nossa pele para que sempre fiquemos incompletos a cada partida, a cada vez que ouço uma voz dizer adeus. E algumas delas, nem tiveram essa chance.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

For not to touch him, better not see him.

"Não só em relação a ele, mas a muitas outras coisas, quero que daqui pra frente a vida seja hoje. A vida não é adiável."
Caio Fernando Abreu


É culpa minha, de ninguém mais. Sou eu que tenho essa mania idiota de ficar idealizando o outro. Bato a cabeça na parede trocentas vezes e não aprendo. Sabe quando você encontra uma pessoa que é do jeito que você sempre quis e você, por um momento, pensa que tudo o que você sempre quis (leia-se sonhou) pode se tornar realidade? Aí te acertam com um taco de beisebol chamado de realidade. É desse jeito que eu me sinto agora. Enquanto minha imaginação me fizer mais feliz do que a própria realidade, isso tudo vai ser uma merda. Se nem eu mesma me entendo, como é que espero que os outros me entenda, não é. Cada palavra que eu escrevo, cada gesto que eu mantenho, cada desfalecimento são inúteis quando acordo e tudo foi mentira. Mentira cruelmente adocicada. Só sei que estou cansada e decidi me fechar por um tempo para esse tipo de coisa. Nada de viagens bonitas no caleidoscópio nem nada disso. Se algum dia tivermos de nos cruzar, que assim seja. Ou não seja. Ou seja. Só seja se tudo estiver no lugar certo. Se eu estiver pronta para morrer naquela forma figurativa. Ou então me mande todos os livros do mundo, Deus. Sou só mais uma estrela perdida. 

domingo, 5 de setembro de 2010

You got me planning to go solo.



Visualize a cena. Eu, você e um aeroporto. Mantemos cinco metros de distância um do outro para evitar toda aquela babaquice que odiamos. Despedidas. Dizer adeus. Nunca é fácil. Chamam o número do seu vôo no auto falante e agora sua mala está na sua mão. Você vai embora e eu nada posso fazer para impedir isso. Cortamos nosso cordão umbilical a partir do momento em que decidimos seguir caminhos diferentes. Eu te amo cósmicamente e você me ama também. Então porque diabos estamos nos despedindo na merda deste aeroporto? Talvez seja verdade o que minha mãe diz. Que as pessoas que mais se amam sejam as que estão destinadas a nunca ficarem juntas. Olho para o chão porque não consigo mais dizer nada nem te olhar nem não poder te abraçar. Você sabe que não vai conseguir ir se eu te abraçar. Sei que tivemos nossas diferenças e que se não nos separarmos agora vamos provavelmente sair mais machucados do que já estamos, mas tenho certeza de que em qualquer lugar do mundo em que estejamos, em algum espaço de tempo, sentiremos falta de estarmos juntos por causa da falha prisão das lembranças, que vão insistir em se libertar. Não vou chorar, estou dizendo a mim mesma. Tu foi para mim o mundo, e eu fui seu mundo. E é nesse mesmo mundo que nos perdemos agora. O que eu estou dizendo agora? Eu estou dizendo adeus. Dói, mas é adeus.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Don't stand infront of the headlights.

Ao acordar, sinto teu cheiro misturando-se ao cheiro do meu cabelo. Sinto o calor da sua pele entrando em contato com minha pele fria, e é como ir ao céu e voltar lentamente cada vez que se aproximas. Passamos horas rindo de coisas bobas e só eu sei como eu amo o som da sua risada e de como você me faz rir contando suas histórias loucas e algumas até imaginárias. Não quero que isso acabe. Você foi a melhor coisa que me aconteceu na vida. Quando eu não esperava nada mais do que continuar vivendo, você apareceu. E encheu meu mundo de lírios brancos. Porque você sabe que eu adoro lírios brancos. Gosto de ficar assim bem perto de ti, vendo cada parte escondida do teu rosto, teus olhos, teus poros, teu sorriso torto. Sentir teu coração bater mais forte ao nosso andar. E então tu põe tuas mãos sobre meu rosto e toca meus lábios da forma mais estranhamente linda possível. Tu és lindo. Lindo em cada forma de ser, de sonhar em voz alta, de envolver minha cintura com teu braço enquanto dormimos. Beijo teus olhos e humildemente peço pra que isso não me seja tirado. Eu não suportaria mais ninguém indo embora. Acordo no meio da noite depois de um pesadelo e você me diz que está tudo bem, está tudo bem. Sinto cada parte do seu corpo respirar quando me abraças. E está tudo bem. Tanto quanto as estrelas estão em plena quietude no céu.

P.S.: Os ares de setembro permitem devaneios. Let it be.

Música do post: Sweet Disposition - The Temper Trap

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Ganhei esses dois selinhos do meu queridíssimo amigo do blog A arte de um sorriso, Rodolpho. Muito obrigada (:


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Regras: 
1 - Dizer o que é mágico pra mim. 

Mágico é poder acordar de manhã e ter um café pronto, num mundo em que tanta gente passa fome. É ter o acesso a uma boa educação enquanto milhares de crianças sofrem com a educação de merda desse país. É ver beleza onde ninguém enxerga.

2 - Mostrar uma imagem que eu acho mágica.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tired and prepared (?).


Acorde cedo. Estude. Não desamine. Escolha o que você quer. Estude. Não se distraia. Já estudou hoje?

Foi um longo mês. Principalmente para quem prestará vestibular esse ano, tem sido longos meses. Tenho passado por uma pressão psicológica tão grande esse ano que ter chegado até aqui já foi uma vitória. E daqui há dois meses eu faço o tão esperado vestibular. Eu cheguei numa etapa da minha vida em que eu me pergunto se tudo que eu tenho feito até agora, tem valido a pena. Eu não estava preparada para isso, confesso. E pra quê diabos eu preciso estudar a raiz quadrada de 49 ao quadrado ou saber quanto de sal é solúvel numa reação química se tudo o que eu quero nessa vida é escrever? Vou fazer jornalismo por isso. Caio também era jornalista. Não sei, acho que eu estou meio perdida. Só sei que sigo em frente, mesmo não tendo a certeza de o que estou fazendo é o certo. Ninguém está nessa vida para passar por algo por mero acaso. Tudo passa, tudo vem e vai conforme o balanço interno. Mesmo quando eu digo que não compreendo, eu sei que nada  nessa vida é por acaso. E nós somos as únicas pessoas que podemos mudar o rumo que estamos seguindo ou apenas continuar a caminhada. Porque se queixar daqui há alguns anos do que poderia ter sido e não foi, não adianta mais. Não se engane. Um dia pode ser tarde demais para se viver como se quer. Se meus planos são metas mais do que traçadas, eu estou tentando manter a confiança para viver tudo aquilo que eu quero. Muitos shows de rock, muita gente nova, muito amor e as melhores vibrações cósmicas. Que setembro possa trazer mais confiança para afastar os medos, mais felicidade para espantar a tristeza e muito amor para espantar as noites frias. Tudo passa - tem escrito em cima da minha cama. Vamos ali fazer história, com licença.

Música do post: In my place - Coldplay

sábado, 28 de agosto de 2010

A hotel off of sunset.



Psicólogo: Porque você veio aqui hoje?
J: Porque eu precisava de alguém com quem eu pudesse falar sem julgamentos.
Psicólogo: Vamos começar falando sobre o que você sente que está faltando, tudo bem?
J: Ok.

Não é que falta alguma coisa. Falta tudo. Falta mais demonstração de carinho, falta mais vida, mais experiência, mais eu. O fato é que eu me sinto infeliz vivendo a vida que eu estou vivendo agora. Às vezes me dá uma vontade tão grande de colocar minhas coisas numa mochila e sair por aí sem rumo. Sem motivo. Sem data pra voltar. E não é culpa de ninguém. Talvez só um pouco de culpa minha por querer mais do que posso ter. De vez em quando eu sinto que eu reclamo demais e nada faço pra mudar isso. Talvez alguém já tenha percebido isso. Porque cada vez que eu tento mudar, eu me lembro onde estou. Não há mais lugar para mim nessa cidade. Eu preciso do mundo. A única coisa de que tenho tido certeza nos últimos tempos é de que eu não estou entendendo mais nada sobre mim. Estava precisando daquela luz no fim do túnel, sabe?


(silêncio)


E ainda que todo mundo me abrace e diga que está aqui para quando eu quiser, eu ainda vou me sentir sozinha. Porque se fosse pelo simples fato de estar só em um lugar vazio, eu já teria me curado disso há tempos. É o tipo 2 de solidão. É estar com milhares de pessoas e ainda se sentir sozinha. Sozinha, perdida por dentro. Não sei se você vai me entender, mas acho que isso nunca vai passar. Eu tento canalizar minha atenção para o computador, os livros, as pessoas, contudo nada muda de figura. Na verdade, eu acho que o que falta mesmo é alguém que quando eu diga que estou bem, saiba reconhecer que eu não estou. Que uma simples resposta não seja o suficiente para dar as costas como se não visse que tudo dentro de mim está desmoronando. Não sei se você entende. Não sei se alguém entende.

Psicólogo: Às vezes, tudo o que se pode fazer por nós mesmos é sofrermos sozinho. Nossa dor, quando compartilhada, causa remorso.
J: E quando não compartilhada, deixa você mais fria do que um bloco de gelo. E se eu estiver no Alasca?


(fim da sessão)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Now your nightmare comes to life.


Eu tenho muitos pesadelos. Alguns eu nem consigo me lembrar, outros me fazem acordar aterrorizada. Nenhum médico, nenhum psicólogo, nenhum guru, nenhum médium conseguiu acabar com isso. Nem você. Talvez seja algum distúrbio psicológico que eu tenho. Disseram-me uma vez que é consequência da minha infância conturbada. Grande merda. Minha infância foi tão ruim que eu me forcei a esquecer a maior parte dela. Não sinto que tenha deixado algo a desejar nisso tudo que estou vivendo. Só sei que falar de sentimentos tem sido uma coisa tão densa, tão límpida como um rio verde que provavelmente já misturou-se ao tudo e ao nada. Não consigo mais responder com convicção se estou bem ou não. Só sei que "não estou". Nem mesmo meu espelho sabe responder por mim. Pensando agora, talvez meus pesadelos sejam tudo que eu sinto por dentro: algo feio, triste e indistinguível. Talvez eu só precise de um pouco de carinho mesmo. Talvez eu só precise deixar de ser mãe de todos todo o tempo. E voltar a buscar estrelas como antigamente. Tenho andado tão melancólica com o final de ano a se aproximar. Esse é meu último ano na escola e não sei se estou pronta para passar para a próxima etapa. Só sei que não quero continuar nesse lugar, não quero que as coisas continuem como estão. É como se eu fosse sufocar se passasse mais tempo aqui. É assim que eu me sinto nos pesadelos. E esteja sendo tão ruim porque talvez eu ainda não tenha acordado.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Cause come the morning I'll be gone.



A relação mais bonita que eu já conheci é a de amor e ódio. E estou falando sério.

Todo mundo sabe que implicância é afrodisíaco. Provavelmente, eu casarei (que palavra horrível) com a pessoa que eu mais detestar nessa vida. Porque cá entre nós mulheres, sempre pendemos para o lado daquele cara mais cafa possível. Não podemos dar a ninguém nessa vida a responsabilidade de nos completar, porque nós podemos apenas ser complementados. A maioria das pessoas separam-se porque não entendem isso. Cobram tanto do outro uma coisa que nem eles mesmos podem oferecer. Aquela velha coisa sobre dar sem querer nada em troca - o amor de verdade - já quase não existe mais. E não é preciso pagar terapia de casal para descobrir isso.

Na verdade, eu entendo um pouco sobre o amor. Mesmo que nunca tenha sido amada - ou pelo menos acho que não. Não que eu tenha ficado sabendo. Tudo o que eu tenho visto nos últimos anos são pessoas maravilhosas sendo tratadas quase como nada por causa desse troço chamado amor. Quando se sabe que tem alguém nas mãos, troca-se sentimento por dominação. Aquela babaquice do "não sei viver sem você". É claro que sabe. Você viveu durante anos sem a pessoa, não é agora que vai morrer da falta dela. O negócio é que você não quer, é diferente.

Ainda não sei como é que ainda existem pessoas que aceitam submeter-se ao outro. No amor, a gente sempre anda do lado do outro, não atrás. Pode me chamar de feminista ou qualquer coisa do gênero, mas mulher que se submete a um cara não merece o meu respeito. Poxa vida, essa sou eu: saindo de foco do assunto. A questão é que cada vez se ama mais pelos defeitos do outro do que pelas suas qualidades. Esse pessoal de hoje em dia que acha que um "eu te amo" diz tudo está meio leigo da situação. Muitas vezes não quer dizer absolutamente nada. Como um beijo na testa pode significar dez mil vezes mais do que um beijo desentupidor de oceano pacífico.

Agora sente e escute: cuide do seu amor, seja ele quem for. Você pode brigar todos os dias com ele, ou pode viver numa paz celestial com o mesmo. Mas agradeça por tê-lo e pense todos os dias: ei, eu tô com ele/ela, cara! Lembra quando eu disse que entendia um pouco sobre o amor? Bem, eu entendo muito sobre o amor. Nem sempre ele é aquilo que esperamos ou acontece no momento que esperamos. Eu estou aprendendo a lidar com a situação de que tudo nessa vida tem uma hora certa pra acontecer. O que pudermos ser, seremos. Serei.
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Obrigada à Belw do Prelude of heart pelo selinho (: Me sinto honrada, obrigada pelo carinho.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Unhappy birthday.

Questions of science, science and progress don't speak as loud as my heart.
The Scientist - Coldplay




17 no dia 17. Místico? Eu chamaria de maldição.

Sendo prática, eu detesto meu aniversário.

E sim, hoje é meu aniversário.

É o dia mais triste do ano para mim. Começo a receber um monte de mensagens sobre tudo o que passou e o que perdi. Quem eu perdi. Eu coloco um sorriso no rosto e finjo que tudo está bem. Um band-aid no coração e tudo bem. Durante o dia inteiro pareceu que eu iria morrer. Nada pessoal, é só que eu estou há um ano mais perto da morte. Tenho 17 anos e ainda não vivi metade do que quero viver. Sei que posso estar parecendo meio paranóica, mas está doendo. Uma merda, tudo isso. Não há nada de especial nesse dia. Não há nada que possa ser comprado. E esse monte de gente mais falsa do que uma nota de 7 reais que mal fala comigo ou me detesta e vem me desejar muitos anos de vida... que vão todos para o inferno!

Acho também que esse é sempre o dia mais melancólico da minha vida. Embora que eu tenha descoberto que há 50 anos atrás, nessa mesma data, os Beatles fizeram seu primeiro show. Tenho quase certeza de que nasci na época errada.

Tenho me decepcionado tanto com gente que eu amo. Como se tudo que eu fizesse ou deixasse de fazer não importasse. Porque sempre as coisas dos outros são mais importantes, é claro. Eu sei que eu sou toda errada. E não adianta querer mudar isso. Toda vez que eu quero acertar, erro. Toda ao contrário. Toda sem jeito. Todo um sacudimento de palavras.

Pelo menos o dia já está acabando. Hoje as estrelas estão em minoria no céu, mas eu ainda consigo vê-las da minha prisão particular. Eu queria ser uma estrela. Depois de algum tempo, eu morreria mas mesmo assim continuaria a brilhar. A maioria das estrelas que vemos já está morta. Alguns de nós também. Só ainda não foram avisados. De qualquer jeito, vou ter que aguentar esse dia pelos anos seguintes. Sorte que só é uma vez no ano. E na verdade, não faz diferença para ninguém. Nem pra mim.

domingo, 15 de agosto de 2010

I love the way you lie.


Esse tem sido o ano mais difícil da minha vida.

Ainda é difícil pra mim falar algumas coisas que acontecem dentro de mim. Falar mesmo, não escrever. Escrever  é fácil. Me sinto tão falsa falando as coisas que escrevo. É como se eu fosse um personagem de filme, que só existe nele. E também eu encheria o saco da outra pessoa demais. Está todo mundo muito ocupado morrendo para se lembrar de mim. Tenho até medo de chegar para alguém e contar as minhas coisas. A maioria sempre acha que a culpa é minha ou que é bobagem ou então que eu preciso de um namorado. Mas que droga! É idiotice pensar que o amor vai chegar e resolver todos os teus problemas. Cara, ele é um prêmio! Por tu ter conseguido tudo o que queria. Ele complementa, não ocupa todo o espaço vazio.

Meu inferno astral está terminando. Pelo menos isso. O mês bem que podia estar terminando também. Algumas pessoas me olham com tanta pena que chega me dá urticária. Como se eu precisasse da pena deles.  Todos uns idiotas que vão morrer nessa mesma cidade idiota. Eu não. Eu quero conhecer cada lugar desse mundo, desde a Groenlândia até a Austrália. Eu quero ter muitos momentos rock n' roll, não quero me prender a ninguém. Talvez algum dia, quem sabe. Algum alguém que não seja sobra de ninguém. Eu não mereço só os restos que os outros desprezam. Eu mereço mais, eu sei que eu mereço.

Sei que tudo isso é uma fase pela qual eu tenho que passar e tenho consciência de mim e do que estou passando. O negócio é que eu pensei que esse ia ser um ano maravilhoso e até agora só pisei em ervas daninhas. Essa coisa toda sem sentido que eu não consigo explicar nem muito menos sentir. Só consigo controlar a vontade de chorar e pensar que tudo isso vai valer a pena. E se a verdade é que todos nós somos almas incompletas como peças de lego, algum dia eu hei de me completar. Mesmo que no final eu não termine com um cara lindo em um belo pôr do sol. Mesmo que no final só reste eu, juntando os pedaços e tentando seguir em frente. Há sempre uma porção de coisas importantes que nos fazem querer virar esse ciclo. Porque na verdade, eles vão sempre aparecer por aí.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Let it be.



Outra pessoa: Você vai mesmo embora?
M: Vou.
Outra pessoa: Mas aqui está a sua família, os seus amigos, o seu lar...
M: Defina lar.

domingo, 1 de agosto de 2010

Para sobreviver a agosto.



Para sobreviver a agosto precisa-se primeiro ter inconsciência de que é agosto.E escárnio é essencial para atravessar esse mês nebuloso. Para fazermos piadinhas babacas sobre o mês do desgosto. Mês que nasci. Deve ter sido o desgosto da família eu ter nascido em agosto. De qualquer maneira, é um mês horrível. Prepare-se para as desgraças da TV ou em qualquer outro meio de comunicação humano. Até mesmo o coração. Prepare-se para as chuvas tempestivas e para alguns dias frios e melancólicos. Somos todos vítimas de agosto, esperando por um milagre que pode nos salvar. E talvez dessa vez dê certo.

No começo de agosto, pensamos que tudo está bem. Mas não se engane. Alguém lá em cima nos permite usufruir de um terço do paraíso para nos jogar de cabeça no inferno. Mês final do inverno - o que já me deixa irritada. Preparem os agasalhos para o meio do mês e um leite quente. Um bom livro, claro. Escute música como nunca. Desde Beethoven até Paralamas. Desenterre o velho rock 'n' roll naquele ótimo volume não-estou-ouvindo-você-bater-na-porta-e-os-vizinhos-colocarem-suas-casas-à-venda-para-não-ficarem-surdos. Tudo que eu sempre quis foi ser livre, e a música me dá esse frenesi.

Dizem que agosto é uma homenagem ao Imperador Augusto, de Roma. Também quero um mês com meu nome. Teu nome. Uma estrela com meu nome, teu nome. Grama verde, noite fria. Fecho os olhos e ainda consigo ver o céu. Aperto-os e mesmo assim a lembrança do que não existiu vem à minha mente. Procuro um interruptor para tentar apagar a luz estrelar. E logo o calendário cai sobre minha cabeça. Chocolate quente. Cereal. Filmes com o Johnny Depp. Cereal não. Brigadeiro. De panela. Dedos sujos, corpo frio. Solidão.

Até meus 11, 12 anos, eu brigava com minha irmã por ela dizer que agosto era o mês do desgosto porque eu nasci. Depois, reavaliei minha revolta. Elvis morreu em agosto. Lady Di morreu em agosto. As duas guerras mundiais começaram em agosto. Nagazaki e Hiroshima foram bombardeadas em agosto. Peter Fechter morreu em agosto. No mesmo dia em que eu nasci. Então tu me vens e me diz que eu sou babaca o suficiente para acreditar nessas crendices populares sobre um mês qualquer do ano. Todos os meus fantasmas me aterrorizam nesse mês maldito, e tudo que eu posso fazer é fugir. Sei que não é a melhor solução, mas é a única que eu tenho. Faltou luz, dear.

Mantenha-se respirando, é a dica final que te dou. 31 dias de tortura devem ser o suficiente para que consigas tua vaga no terreno celestial. O meu é no andar debaixo. Vista ampla para a tortura eterna de Hitler e Jack, o estripador. A propósito, torça pelas flores de setembro. Nunca consegui gostar de qualquer outra flor que não fosse margaridas. Combinam com minha peregrinação triste deste mês. Me dói essa gente desse país, me dói o sofrimento alheio, me dói as ruas, me dói o rascunho no papel, me dói o mundo. Idiota, idiota, idiota. Você nunca disse que iria salvar alguém como eu. Me acordem quando setembro chegar.


Considerações importantes: 
a) Eu sei que eu devo alguns comentários nos blogs que eu acompanho, porém eu ando ocupada com escola+enem+vestibular+meu livro e tenho tido pouco tempo até pra postar. Mas sempre que der eu visito o blog d'ocês.
b) Eu tinha terminado o texto do "Para sobreviver a Agosto" ontem, mas o Blogger resolveu foder com a minha vida logo no começo desse mês maldito. Então, passei a tarde toda refazendo depois de ter quase tido um treco e chorado parte da noite porque perdi o texto que demorei uma semana para fazer. É a coisa mais horrível do mundo perder um texto.
c) E por fim, sei que tenho uns selos e desafios para fazer e prometo que ainda essa semana eu faço. Don't call my name, vestibular.
d) (sim, eu já estou enchendo o saco, mas calma) Agradeço aos mais de 100 seguidores que o blog conseguiu, embora que eu não saiba de onde sai tanta gente que visita isso aqui... e por fim, agradeço ao sempre carinho de vocês nos comentários. Eu sempre leio tudinho.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

I could have saved you that night.

"Ou você muda e se adapta ao ambiente em que você vive ou o ambiente muda você."
L. Logan


O copo está deste lado. Daqui há dez minutos, não está mais. Mudanças caleidoscópicamente malditas.

Não que eu tenha aversão a mudanças. De nenhuma maneira. O problema é que elas sacodem a sua vida de um jeito tão intenso que depois você é que tem se virar para pôr tudo no lugar. Eu olho o que eu era semana passada e tenho certeza de que não sou a mesma pessoa. Não sei por qual diabos de nome chamam isso. Talvez seja evolução. Você pode usar as mesmas roupas, ouvir as mesmas músicas, sentir os mesmos cheiros... contudo, todo dia é uma mudança. Você é que não percebe. Meus gostos, minhas amizades, minhas expressões... nada é como antigamente. Talvez isso seja um ponto positivo.Talvez isso esteja destruindo o que eu levei anos para me tornar. Ou esteja apenas reestruturando. E então o que eu seria sem vocês? Todos os que convivem comigo, todos os que nem me conhecem, mas parece que me conhecem mais do que muita gente "real". A mudança está muito além da mudança da posição dos móveis, dos livros, dos atalhos no computador. Está além de deixar aquele amor do passado realmente no passado. É aquela coisa de dar uma olhada em volta de você e perceber que as coisas nem estão tão ruins assim como você pensava. E que no final, o lobo mau acaba virando sininho e o Holandês Voador não é nada mais do que a Terra do Nunca. Se permitir não dói.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Letters to you.


Querido _______,

Sei que deve fazer algum tempo que não nos falamos. Da vírgula passamos para o ponto final rápido demais. Eu sei o que eu te disse. Sei que eu te disse que se você saísse, não precisaria mais voltar. Talvez fosse isso mesmo que eu queria. Olha, eu só estou te escrevendo porque eu não consigo dormir. Sei que pode parecer bobagem, mas ontem eu sonhei com a gente de novo. Você e eu abraçados de novo pela manhã, enquanto o sol entrava pela nossa janela. Era tudo tão bonito. E agora só restou a janela emperrada. Talvez você tenha até se esquecido disso tudo. Mas eu não esqueci. Toda vez que eu ando pelas ruas e passo pelas casas bonitas e vitorianas eu lembro daquele sonho que a gente tinha de ter uma casa bonita e vitoriana assim desse jeito, de maneira que o sol pudesse alcançar nossas peles todos os dias do resto das nossas vidas. Talvez tenha sido aquela nossa última vez juntos que tenha posto um fim no que sentíamos um pelo outro. Tentei, tentamos. Não vou mencionar nesta carta nenhuma palavra referente a adeus. Ainda não me sinto preparada para isso. A ilusão de te ter ainda permanece forte. Não sei se chorei desde quanto você se foi. Talvez sim, quando havia sentimento de culpa. Hoje só o que há é uma saudade enorme de você. Estou em dúvida se te mando essa carta ou não. Meus dedos frios tremem a cada músculo da minha mão que se movimenta. Aí então toca aquela música que nós odiávamos... You sang me Spanish lullabies, the sweetest sadness in your eyes, clever trick.... A cada dia percebo que está mais difícil viver, e provavelmente não há nenhuma surpresa nisso. Sempre será engano dizer que eu não consigo viver sem você. Porque eu consigo. Todos conseguem. Eu só queria que isso não tivesse acabado. E talvez ainda não tenha. S.O.S.

Volte sempre, coração.

sábado, 24 de julho de 2010

Miss Everything.

"I'm Miss Autonomy, Miss Nowhere, I'm at the bottom of me. Miss Androgyny, Miss Don't Care What I've Done To Me. I am misused, I don't wanna do be not your slave misguided, I mind it. I'm missin the train."

Miss Nothing - The Pretty Reckless



Gosto dos dias frios de Julho e adoraria morar no Sul para ter isto todos os dias. Nem sempre é preciso ter alguém ao seu lado para dividir o cobertor para que os dias sejam bons. Paz autônoma, vez em quando é bom, sô. Quando comecei a atravessar a adolescência, me transformei no que realmente eu sou. A Senhorita-não-preciso-que-você-me-salve-seu-babaca. Nunca fiz o típico estereótipo de donzela indefesa. Nunca gostei do que a maioria das garotas gostavam. Nunca morri por nenhum ator/cantor/pseudo-galã, seja qual fosse a minha idade. Meu sonho nunca foi ser a princesa das histórias da Disney. Eu queria ser a moça que lutaria pelos seus ideais, mesmo que isso não incluí-se um príncipe no final. Arrancava a cabeça das minhas bonecas caras (quando a moeda nem era o Real ainda, em 1993 [não me pergunte qual era]). Gostei muito pouco de bandas adolescentes, embora que meu exemplo de pessoa atual tenha 17 anos. Não tenho frescuras com coisas nojentas - a propósito, adoro assistir autópsia no jantar - nem idealizo ninguém nessa vida. Consigo compreender que quem procura a perfeição em alguém finda frustrando-se com a dura realidade que mostramos ao amanhecer junto do outro. A primeira troca de olhar em meio aos raios solares, o abraço, o te amo sempre que necessário. Quem alardeia muito o amor, geralmente ama de menos. Mantenha-o quieto, reservado. Sit down, imperfect love. Sou revolucionária, sou lutadora. Eu não posso ser domesticada. Acho incrível como ainda existem pessoas - mulheres - que se deixam domar por seus amores. O certo é ter alguém que ande ao seu lado, não que ande na sua frente. Sou a Senhorita talvez-eu-não-precise-de-um-amor-para-ser-feliz. Mas talvez fosse interessante dividir minha coberta com algum Senhor hey-little-girl-please-be-mine. 

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Find the loss.

Pobre diário de todos os dias, sei que tu não me suportas mais. E talvez eu esteja me enganando demais ao escrever aquelas coisas em ti. Aliás, o engano tem sido uma das coisas vitais da minha vida. Quando procuro mudar, tirar umas coisas dali, outras daqui, me engano. Nunca vou conseguir ser diferente do que sou, porque isso tudo aqui, essa pele, esse cabelo, essas urticárias, são tudo que eu sou. O melhor que eu consigo ser. Cortar os defeitos é nada mais do que encobrir a sua essência. Não me arrependo de nada que os meus defeitos me fizeram cometer. Tenho é muito orgulho. Tenho a consciência dos momentos bons e que eles vão acabar. Como se eu tivesse um eterno pressentimento, que me antecipasse que aquilo não vai durar para sempre. Te sinto, mas tu não me sentes. Te vejo, mas tu não me vês. Sou tua sombra, a gaivota sobre o mar e tu só enxergas o horizonte. Há quem diga que algumas pessoas são tão acostumadas a ficarem tão dentro de si mesmas que consigam decifrar o outro como nem ele mesmo consegue. Gosto de olhar nos olhos, nas janelas da alma. A coisa mais intensa que se pode viver e estar tão dentro do outro que acabamos encontrando nós mesmos lá dentro. Por mais que nos percamos pelo caminho.

terça-feira, 20 de julho de 2010

The truth never set me free.


Sobrevivi. É isso que tenho podido dizer dos últimos dias.

No começo, eu pensei que fosse ser mais fácil; em certos momentos eu pensei que não conseguiria suportar, mas algo dentro de mim dizia para eu não parar de lutar. Sei que pode parecer bobagem - e às vezes acho que é também - mas sempre repito a mesma frase para mim, em tempos difíceis: "O pior vai passar, o pior vai passar...". E tem passado. Respiro fundo e sorrio singelamente, dizendo à mim mesma que tudo está bem. Sem saber do amanhã, sem saber do que será de mim, eu vou andando sempre em frente. O meu maior medo sempre foi estar andando em círculos. Aquela velha situação que se tem a impressão de já ter vivido. Em outra vida, sei lá. Ou até nessa vida mesmo. Tem gente que não aprende da primeira vez; tem que errar de novo para saber que estava errado. Como tem gente que precisa morrer para saber que estava vivo. Tenho aprendido a aceitar meus defeitos, só não sei ainda se consegui compreender minhas qualidades. Sempre que ouço um elogio, duvido de quem o disse. Geralmente as pessoas não se importam tanto comigo. Talvez eu só deva estar um pouco surpresa com isso. No demais, o meu inferno astral nem tem sido tão inferno assim. Algumas coisas na vida precisam ser redefinidas com novos significados. Esse período pré-aniversário tem me feito refletir sobre algumas coisas que eu quero. Tenho sido capaz de expor minhas idéias e meus sentimentos de forma mais aberta e objetiva. Sei quem sou e que certas atitudes não são do meu feitio. Não estou mais em segundo plano.

sábado, 17 de julho de 2010

Cassiopeia.


Te encontro sempre no mesmo lugar. Aquele telhado que você me disse que era o seu ponto de encontro com as estrelas. Havia te procurado o dia todo. Você, como sempre, cheira a jasmim. Cheguei a pensar que na sua casa tivesse um campo de jasmim o qual você atravessa todos os dias antes de ir tomar café. Fiquei em pé pensando se sentava ao teu lado ou não e então você me olhou. E de repente as estrelas pareciam brilhar mais. Do mesmo modo de antigamente, você me olha numa madrugada de julho e sabe que me tem na mão. Será que é errado querer que as coisas sejam como antigamente? Ah. Tenho que lembrar à mim mesma. Nunca será como antigamente. É como aquele brinquedo que a gente tanto gosta quando é guri, e ele quebra sem querer. Não adianta mais chorar sobre o leite derramado. Vamos é limpá-lo do chão antes que alguém veja. Tem mais leite no mercado.

Não importa mais o que passou. Nós nos magoamos demais. E já é quase de manhã. Gostava mais de sonhar quando estava nos teus braços. Te devolvo o sorriso que tu me destes quando cheguei, e como se aqueles tempos fossem hoje, tu me envolve nos teus braços. As estrelas são o teto de Afrodite a nos abençoar. Amanhã voltamos para a realidade do eu sem você. Me prendo ao teu corpo como um desesperado em busca de salvação. Não quero fechar meus olhos. E então tu me vens e diz que mesmo que todas as constelações do céu caíssem sobre nós, você me cobriria para que eu pudesse dormir. “Dorme, coração. E sonha que eu sonhei contigo.”

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sono, moedas de um real e melancolia pré-inferno astral.


Eu não pretendia escrever nada hoje. Foi triste pra mim perder a vontade até de fazer a coisa que eu mais amo nessa vida, escrever. Algumas horas do meu dia eu gasto tão inutilmente que me sinto completamente inútil. Sento no sofá, cruzo as pernas e... só. Só. Só-zinha. Sempre sozinha. Na real, isso não precisa ser uma coisa triste. Eu tenho meus mundos imaginários, tenho a mim, tenho a... E ainda tem a eterna sonolência que me persegue, embora que eu ache que dormir é a coisa mais inútil do nosso organismo. Quando eu morrer terei muito tempo para dormir. A vida não pára.

Não gosto que me proíbam de fazer qualquer coisa. Por isso não acredito em destino. É como se eu não pudesse controlar minha própria vida. E se eu não controlo, pra quê eu estou aqui? Eu, você, meu cachorro Peludinho, todos nós temos que ter o direito de escolher o que queremos. Bem, acho que meu cachorro não. Eu dou-lhe comida e água e ele fica bastante feliz e quase me derruba enquanto ando. Queria ser feliz assim com pouca coisa, como ele. Mas tenho essa mania maldita de achar que sempre se pode ter mais. Nunca se contente com o que você tem, você sempre pode ter mais. E melhor. Não gosta mais? Troca. Não fez a escolha certa? Vai lá e faz de novo. Que se dane se você errar de novo. Se ninguém cometesse erros e fôssemos todos perfeitos e vivêssemos na Perfeitolândia, seria um porre. Provavelmente eu me tornaria uma genocida.

Encontrei duas moedas de um real na rua, hoje. Espantei-me pela "sorte" que havia me atacado, considerando que ela geralmente me evita. Acho que ela tem algum problema pessoal comigo, certeza. Limpei-as e coloquei no bolso. Passando por uma calçada, vi um mendigo pedindo esmola. Atravessei-a e comprei um sorvete.

Sim, eu sou bastante egoísta.

Eu nunca disse que era uma pessoa legal.

Estou há dois dias do meu inferno astral. O inferno astral sempre começa um mês antes do seu aniversário. Como se já não bastasse a desgraça dos dias normais, com esse inferno astral pra chegar, fodeu. Não estranhem se eu escrever alguma coisa meio triste, meio revoltada, meio alegre TUDO AO MESMO TEMPO. E principalmente, não tente entender. Porque quando percebo, me vejo chorando hidrelétricas. Por motivo nenhum. Ou por algum motivo que eu não saiba descrever com palavras. Pensei que algumas pessoas entendessem isso. Não entendem. Essa sou eu: fraca por sempre acreditar em algum gesto ou movimento de "eu sei que tu não tá bem, vem cá que eu te abraço", vencedora por ter conseguido me tornar alguém que não se importa. Contrariando as expectativas alheias, posso dizer que sobrevivi. Contrario-me diariamente. Uma estabilização de sentimentos me faria muito bem. Uma estatização, uma privatização, uma organização. Qualquer coisa com ão. Me parece grande. Mas ainda prefiro moedas de um real. Balas de menta me deixam feliz.