sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

The Depression Diaries, nº 30 - Trip, pt 1

Hoje faz um pouco mais de dez dias desde que cheguei no RJ pra conhecer meus melhores amigos há quase cinco anos, que eu só conhecia virtualmente. Eu estava feliz, não vou negar. Todas as pessoas daqui todos os meus amigos me recebendo tão bem, parecendo tão contentes em ver me fez muito bem. Pelo menos durante certo tempo. Não que eu não consiga sentir isso ainda, não me entenda mal. O problema não são os outros, sou eu. Sou sempre eu. Eu que não sei funcionar direito. Houve momentos em que eu pensei que todas as minhas doenças podiam ser curadas simplesmente pela presença e pelo carinho dos meus amigos daqui, que mal lembravam a displicência dos meus ~amigos~ de lá, e que pareciam ser a coisa mais extraordinária do universo. Mas não é bem assim. Eu queria muito conseguir fingir que sou normal, que não preciso de remédios controlados pra conseguir sair da cama e ter algum ânimo; mas eu não consigo. Eu não sou assim. Eu me sinto tão envergonhada pelo fato de não poder ser 100% eu e aproveitar 100% das coisas por causa da porra dessa doença. Disso então nasce o desejo de me controlar, de me forçar a sentir isso e não aquilo, de não querer sair correndo na primeira situação desconfortável que me colocam sem saber. Eu falo com meus pais no telefone dizendo que sim estou bem tudo está bem e depois me olho no espelho encarando minha eu interna que quer gritar e correr pra casa. Todas as amizades são um countdown, todas as falsas caras cada vez me parecem mais apropriadas. Não sei se sei mais ser eu por mais de um dia.

"Some days I woke up and got out of bed and brushed my teeth like any normal human being; some days I woke up and lay in bed and looked at the ceiling and wondered what the hell the point was of getting out of bed and brushing my teeth like any normal human being."
Ned Vizzini, It's Kind of a Funny Story

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

The Depression Diaries, nº 29 - The sinking man

Antes de ontem eu fiquei com inveja de uma pessoa que estava em coma no hospital. EU FIQUEI COM INVEJA. Como que minha vida chegou nesse ponto? A pior coisa de estar em momentos ruins da vida é que você não consegue lembrar como era viver antes deles. Eu não tenho a mínima ideia do que fazer da vida. Da minha vida. A vontade de morrer tá atingindo assim níveis estratosféricos. Eu tou fodida na faculdade. Não sei de nada, nada sobre nada e não quero que minha mente saiba de nada. Eu estou me despedaçando, quebrando aos poucos cada parte de mim que compõe tudo o que eu sou.