domingo, 12 de outubro de 2014

The Depression Diaries, nº 27 - Ansiedade e outros infartos

Viver com ansiedade é viver com medo. Eu tenho medo de sair da cama, tenho medo de não conseguir sair de casa, tenho medo de não conseguir tomar um banho. Tenho medo quando meu celular toca e eu tenho que falar com alguém. Tenho medo quando as pessoas tentam fazer contato físico comigo, tenho medo quando me pedem pra fazer algo, tenho medo de dizer que tou mal quando me perguntam se eu estou bem. E digo que estou bem. Tenho medo de pegar um ônibus e ele não ser o certo, tenho medo de pedir ajuda, tenho medo de não conseguir terminar a faculdade por causa dos meus problemas mentais, tenho medo de não ter mais nenhum amigo com quem contar nessa cidade. Tenho medo de entrar em um relacionamento com alguém e acabar destruindo tudo do pior jeito possível, tenho medo de nunca conseguir sair daqui porque eu sempre vou estar acompanhada dessas doenças que não me deixam viver 100% da minha vida. Tenho medo de ter um infarte aos 21 anos de idade por que às vezes minha ansiedade fica tão forte que meu peito dói como se eu tivesse tendo um. Tenho medo de fazer novos amigos, tenho medo de ficar pra trás, tenho medo de continuar vendo minha mãe sofrer a cada vez que tenho um ataque de pânico ou uma crise de choro. Eu vivo num constante estado de medo como um soldado numa guerra, esperando um bombardeio a qualquer minuto do dia. O fechamento é pra proteger os outros, pra que não haja morte que não seja a minha, de novo e de novo todos os dias. O egoísmo das pessoas sempre está em achar que minha morte é em função delas; por causa delas, por que ELAS fizeram alguma coisa. Eu só sou uma soldado no fronte da pior batalha de todas tentando sobreviver, tentando morrer e sobreviver, tentando ainda ser eu quando a guerra acabar. Mas não sei se ainda acredito que ela terá um fim.