segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sobre o meu infinito


Eu só gosto do que é impossível. Do que está perto de acabar. Do que pode escapar das minhas mãos a qualquer momento, a qualquer movimento brusco que eu possa fazer. Minha mente e corpo trabalham juntos numa imensa bagunça que, segundo eles mesmos, é impossível de ser resolvida. O gosto que o mais difícil, o mais complicado, o mais delicado deixa na boca é viciante e completamente ilegal. Mas o que se há para fazer quando ninguém no mundo pode me conter?

Sou como aquela farpa que entra dentro da carne da tua unha e se aboleta lá como um parasita, tudo isso por que você aparentemente tem o brilho incomum das coisas impossíveis. E no momento em que você deixa de tê-lo, eu te abandono como um cão safado após ganhar casa e comida e carinho. Parto pois não o acharei mais atraente para os padrões da minha existência; por que tudo fica muito real e de realidade eu prefiro manter certa distância. As realidades elas são muitas e poucas me atraem, e além do mais eu prefiro a eternidade do pouco que é agora do que o que se consideraria convencional. A sensação que ele deixa — aquele poderia-ter-sido — enche mais minha barriga do que o diário convívio que se esvai com a minha loucura.

Eu vim aqui por que queria dizer que talvez eu só goste das coisas impossíveis ou daquelas que estejam perto do fim ou daquelas outras que não tem nem meio porcento de chance de dar certo por que elas são como um bote salva vidas esperando enquanto você se prepara para pular de um barco em alto mar. Eu pulo direto do barco para o bote. Além do fato que eu não sei nadar, é mais seguro não se preencher de algo inacabável do que acabar se afogando no final. 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

The Depression Diaries, nº10 - Ansiedade é uma grande filha da puta


JESUS FUCKING CHRIST. Em inglês (e em itálico e negrito) mesmo por que essa expressão define muito a minha pessoa em mais aspectos da minha vida do que eu gostaria. Eu não sou amiga da minha depressão, e plenamente nunca conviveremos no mesmo corpo sem uma tentar assassinar a outra. É como viver com o Darth Vader empunhando seu sabre de luz vermelho pra você; um parasita acoplado na sua pele e nos seus pêlos e na sua alma. E nem mesmo boas metáforas ela me permite fazer.

A ansiedade é como um bichinho que você encontra na rua e se apieda, pensando "por que não levar pra casa e cuidar dele? nada de mal pode acontecer." Aí então, depois de alimentado, banhado e de ter ganhado alguns carinhos, o meliante resolve morder a mão que lhe dá comida. Depois disso ele foge, você faz um curativo e tudo segue bem. Só que algum tempo depois, o bichinho volta arrependido e você, panaca do jeito que é, o aceita de volta. Agora imagine isso em looping. Eterno. Insistente. Uma tortura que já deve existir no inferno, e provavelmente envolve assistir o filme do Daredevil todo dia após uma crise de ansiedade.

Eu não deixo minha mãe me ver durante minhas crises. Muito provavelmente ela somente surtaria mais ainda do que eu e tentaria me dar um chá ou um remédio pra dormir. Não que eu não a queira por perto, o problema é que ela não consegue compreender. Me compreender. Eu respiro fundo. Imagino que tem alguém me abraçando. Repito pra mim mesma mil e duas vezes que eu não sou louca. Que eu estou em pleno domínio dos meus pulmões e da minha respiração. Que eu não vou morrer. Que está tudo bem eu me acalmar.

Um dos principais motivos que gosto de estar mais perto dos meus amigos (além do óbvio que é eu amá-los) é que, apesar de eu não conversar muito com eles sobre as coisas que passo, sei que eles estarão ali para me acudir quando eu tiver sem conseguir respirar feat. me debatendo. E assim eu vou sobrevivendo, dizendo pra minha mãe que naquelas vezes que ela me encontrou dormindo no chão do quarto foi porque eu estava com calor — mesmo que estivesse fazendo 19º.

Vai ver que algum dia eu acorde e consiga fazer o que minha mãe vive dizendo: controla essa ansiedade aí sozinha, não fique dependendo de remédio. Nossa, que genial. Eu nunca tinha pensado nisso antes. Descobri todas as respostas para as questões do universo. Porra, que mané Deus. Nós todos somos Deus. 42, porra.