segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sobre o meu infinito


Eu só gosto do que é impossível. Do que está perto de acabar. Do que pode escapar das minhas mãos a qualquer momento, a qualquer movimento brusco que eu possa fazer. Minha mente e corpo trabalham juntos numa imensa bagunça que, segundo eles mesmos, é impossível de ser resolvida. O gosto que o mais difícil, o mais complicado, o mais delicado deixa na boca é viciante e completamente ilegal. Mas o que se há para fazer quando ninguém no mundo pode me conter?

Sou como aquela farpa que entra dentro da carne da tua unha e se aboleta lá como um parasita, tudo isso por que você aparentemente tem o brilho incomum das coisas impossíveis. E no momento em que você deixa de tê-lo, eu te abandono como um cão safado após ganhar casa e comida e carinho. Parto pois não o acharei mais atraente para os padrões da minha existência; por que tudo fica muito real e de realidade eu prefiro manter certa distância. As realidades elas são muitas e poucas me atraem, e além do mais eu prefiro a eternidade do pouco que é agora do que o que se consideraria convencional. A sensação que ele deixa — aquele poderia-ter-sido — enche mais minha barriga do que o diário convívio que se esvai com a minha loucura.

Eu vim aqui por que queria dizer que talvez eu só goste das coisas impossíveis ou daquelas que estejam perto do fim ou daquelas outras que não tem nem meio porcento de chance de dar certo por que elas são como um bote salva vidas esperando enquanto você se prepara para pular de um barco em alto mar. Eu pulo direto do barco para o bote. Além do fato que eu não sei nadar, é mais seguro não se preencher de algo inacabável do que acabar se afogando no final. 

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