terça-feira, 26 de abril de 2011

A esfinge da espera.



A você, que deveria estar aqui, mas não está. Mas está, de certa forma. Você está em tudo. Você é tudo. Em cada lençol, em cada escova de cabelo, em cada mapa dos Estados Unidos da América preso à minha parede. Você, que talvez nunca tenha chegado a estar aqui, parece que está comigo desde o meu nascimento. Você, que nunca vai me perdoar. E que quero, e que desejo, e que almejo. Sempre ouvi dizer que quando duas pessoas se gostam de verdade verdadeira, tudo conspira ao favor deles. Então porque isso não acontecia com a gente? Por mais que eu pedisse você, só você, todos os malfadados dias da minha vida. Que alguma coisa desse certo. Que Deus ou qualquer outra força além-mar te arrancasse dos meus sonhos e te fizesse real. Que eu pudesse te tocar, sentindo os pêlos da tua nuca se arrepiarem enquanto minha mão a percorre. Que fizesse você realmente estar aqui. Se você estivesse aqui, te mostraria o quão irritante é viver num mundo em que tudo me lembra você. Meus livros me lembram você, meu cachorro me lembra você, andar na rua me lembra você. Você, que mesmo longe, dorme comigo todas as noites. Você, que mesmo daqui há mil anos será memória fresca em minha mente. Talvez você se perca uma ou duas vezes pelos caminhos sem mim, e eu serei a única a sempre saber seu esconderijo. Salvo no meu coração. Porque te amo, e sinto sua falta. E sinto sua falta, porque te amo. Não importa como tudo aconteça. Nem que eu sempre apareça para bagunçar sua vida, deixar tudo fora do lugar e depois sair como se nada tivesse acontecido. Porque sempre foi você, o você mais lindo sobre quem eu já escrevi. Você, que sempre é no que eu penso quando me perguntam onde eu quero estar daqui a 10 anos. Você, que me faz rir na cadeira do dentista quando me lembro de alguma piada tosca que você fez. Você, o maior ator de todas as minhas fantasias. Você, o ausente mais presente de toda a minha vida. E mesmo que talvez não tenhamos conseguido ser tudo que queríamos ser, sinto que talvez esta tenha sido a opção correta. E então eu ouço novamente suas palavras na minha cabeça dizendo que você sempre me amou mais do que eu te amava. Eu sempre te amei do jeito que eu podia, do jeito que eu conseguia. Eu sempre fui tão esburacada, tão danificada que quando você chegou e me fez rir pela primeira vez na vida eu senti que aqueles buracos podiam ser cimentados. Mas a profundidade atingida por eles era grande demais para serem completamente reparados. Eu nunca quis que você, que não está aqui, sentisse nenhum tipo de dor e continuasse sempre a rir pra mim e sobre mim, como sempre foi. Você sempre foi para mim a pessoa mais louca da Terra, embora tenha perdido a conta das vezes em que você me chamou de maluca e das vezes que te chamei de cri cri. Você era maluco por gostar de mim e eu era apenas louca por você. Tu era algo que conseguia me atingir numa profundidade imensa, quase como se no lugar de olhos tivesse raios-x modernos que me invadissem e me vissem de verdade. Você me viu. Não como todas as outras pessoas por perto, nenhuma delas chegou nem próximo do que você fez. Você viu o que eu era e não fugiu. Me fez romper uma dezena de barreiras que nem eu mesma sabia que ainda estavam lá. E enquanto ainda estivermos sob o mesmo céu, independente de qualquer coisa que aconteça, terei a certeza de te amar sempre, mesmo que não esteja aqui ou que deixe de me amar. Vou te amar do jeito que sempre soube, mentindo pra mim mesma que não te amava só pra te amar todo dia como se fosse da primeira vez. Vou estar lá escondida nas tuas maiores conquistas, vou ser a presa eterna do teu sorriso. Você, que não está aqui, ocupa o topo do ranking das coisas mais bonitas que já me aconteceram, o meu fator desencadeante. Meu ponto cardeal, uma estrela brilhante no céu que constantemente me faz querer mudar de rumo. E que me dói, todas as vezes, por não ter conseguido brilhar tanto quanto você, que não está aqui.

Música do post: Someone Like You - Adele