domingo, 6 de janeiro de 2013

The Depression Diaries, nº04 - Desvanecendo

Eu quero que as coisas sejam diferentes. Desejo poder fazer tudo aquilo que não fiz por medo, mas sinto que estou cada vez mais desaparecendo aos poucos. Não controlo mais minha mente, minhas ações, sinto que estou a ponto de surtar. Minha cabeça está flutuando num mar de pensamentos e lembranças e ações que não consigo ter, eu não sei mais quem sou. 

Tenho pensado muito que talvez não haja uma cura para a depressão. Ou talvez só não haja pra mim. Tenho medo de ficar assim pra sempre. Tenho medo de ficar louca. Eu não quero meu cérebro, eu não quero minha mente, eu não quero nada na minha cabeça. Eu só quero ser normal. Ou morrer.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

The Depression Diaries, nº03 - Novo ano, novas merdas

2012 enfim acabou. E ele só não se tornou o pior ano da minha vida por que conheci pessoas maravilhosas - outras nem tanto - e mantive as amizades que ainda me restam, mesmo depois de tudo e de todas as minhas crises e desesperos. 

Eu não fiquei em casa no Réveillon, como eu disse previamente que morreria se ficasse. Viajei - e ainda estou viajando - com uma amiga, Osci (apenas apelido de Carla, mas é uma longa história) e os amigos dela, que foram todos muito legais comigo ao contrário do que eu pensei que seria. Basicamente,  todo mundo me odeia até que se prove o contrário. Acho que finalmente entendi porque Osci gosta tanto de vir pra essa cidade - apesar do grande calor. Em todos os momentos que passei com eles deu pra notar nitidamente o quão forte a relação deles é, apesar de todos os desentendimentos e em todos os detalhes que nunca serei capaz de observar como um todo. 

Realmente pensei que em meio a todos os momentos lindos e felizes que já tive até agora nenhuma nuvem negra, daquelas que vêm me assombrando durante esses longos meses, realmente pensei que elas não fossem dar as caras por aqui. E por aqui, digo em mim. Eu não sentia um desejo de morrer tão forte quanto o que eu senti hoje fazia muito tempo. O propósito que mantém todo ser humano vivo escorregou entre meus dedos como se nunca tivesse estado lá nem uma vez sequer. Depois de tanto tempo fazendo respiração boca a boca na minha alma, eu enfim aceitei minha morte interna.

Hoje eu deitei numa das redes da casa de praia e chorei como se chorar fosse fazer tudo aquilo parar. Chorei como se ela fosse me manter viva o suficiente para não machucar ninguém. Chorei em silêncio, para que os meus amigos na rede ao lado não ouvissem e coberta com lençol para ninguém enxergar minhas lágrimas. Chorei de nojo de mim mesma. Chorei e me senti a pessoa mais sozinha do mundo. Não por que meus amigos não estavam lá por mim ou por que eles não davam a mínima, mas sim por que eu nasci assim e sempre serei assim. Minha sina é tão triste quando sufocante e me mata todo dia um pouco e tudo por causa desse cérebro maldito. Eu odeio minha cabeça, eu odeio ser assim, eu odeio tanto que parece que vou cometer um suicídio interno. E ninguém vai ver, ninguém tá nem aí depois de certo tempo e desgaste.