quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Tudo o que não perdi nunca existiu

Saindo e andando e percorrendo lugares que eu já percorri dezenas e dezenas de vezes e mesmo assim volto pra casa e encontro a mesma sensação de ter perdido algo nessas caminhadas e saídas. A sensação de sempre ter esquecido algo por aí, um caderno, uma caneta, um livro, eu mesma. Depois disso tudo é que percebo que tudo o que não perdi nunca existiu a não ser dentro da minha mente, que continua buscando respostas lógicas pra esse vazio que permanece e permanece e já pediu usucapião. E que a maioria das pessoas não entende. As pessoas te dizem a vida inteira que as coisas que você sente não importam só por causa da quantidade de tempo que você vive nessa terra, como se suas experiências não valesse merda alguma só por causa da sua idade. E o pior de tudo é que a gente acaba acreditando.

Uma das muitas verdades sobre o amor é que no fundo nós somos o que somos não por causa das pessoas erradas que amamos, mas sim por que elas eram erradas, e mesmo assim as amamos. Elas partem e nosso coração se parte porém ainda assim não estamos quebrados. Cada pedaço trincado é uma lição, é uma lembrança, é um lembrete. Falhamos por que nosso corpo é falho e mesmo nossa mente sendo perfeita, nosso coração não é. O vazio que eu sinto não é mais meu inimigo, que levanta seu estandarte e se prepara para a batalha pela minha alma. Meu vazio é tão parte de mim como meu fígado é, como meu coração, como meus pulmões que me permitem respiram todo dia. É como aprender a andar: assim que você incapacita o medo de se machucar de te fazer alguma coisa, você está livre para ser o que quiser, para amar seu vazio como ninguém nunca te amou antes.

Eu perdi o ponto desse texto como perdi minha chave semana passada, e desde semana passada eu tento terminar esse texto. Eu me tornei mestre em fazer eu mesma ficar triste muitas vezes sem motivo que no fim se transformam no motivo em si. Minha vida se tornou um tremendo emaranhado daquilo que eu não queria ser misturado com tudo aquilo que me impuseram a ser, e tudo e todos os que continuam sendo personagens recorrentes dessa história maluca cheia de álcool, amores platônicos e choros escondidos na casa dos amigos. Enquanto meu gato finalmente dorme depois de um dia correndo e miando sem parar, eu continuo sem entender muitas coisas da vida e do universo e tudo mais. Entretanto, ainda consigo sair da cama e ter algumas pequenas alegrias, e essas coisas das quais a gente não recebe cumprimentos por continuar fazendo são as que realmente importam. Continuo tentando, mais do que nunca e acho que tentarei enquanto eu viver, é ser uma pessoa mais digna do amor e carinho que me é dado todos os dias, mesmo de maneiras menos tradicionais. Quero viver uma vida digna de roteiros e livros e textos em blogs e poemas e canções, e que se não puder ter dragões e jornadas épicas, tenha qualquer coisa mais estranha do que a ficção.

“I am 
a series of
small victories
and large defeats
and I am as
amazed
as any other
that
I have gotten
from there to
here”
Charles Bukowski