segunda-feira, 25 de maio de 2015

The Depression Diaries, nº 39 - Não sou

Eu sou eu sou eu sou eu sou. Eu repito. Eu sou eu sou. Eu sou. Eu sou tudo o que dizem que sou, sou tudo o que não sabem o que sou, sou tudo o que fingem que sou. Eu só sou. Só existo. Só continuo viva. Só continuo sorrindo e fingindo e socializando. Continuo continuo continuo. Até quando? Desse jeito? Pra sempre. Pra sempre? Pra sempre sentindo esse tufão dentro do meu peito, que quer a liberdade pra poder destruir tudo a minha volta? Eu não quero ser o tufão. Eu quero ser a brisa fria num dia quente na praia, vindo em ondas e ondas de alívio. Eu quero ser esse tipo de brisa. Mas eu sou o tufão. Sou o tufão e assusto todo mundo, sou o tufão e destruo tudo que toco. Então porque continuar vivendo? Minha psiquiatra diz que eu preciso ter mais atividades que eu goste na vida, que eu preciso ter goals que eu preciso precisar. Nem funcionar como uma pessoa normal eu consigo, imagina precisar de alguma coisa ou alguém. Eu até preciso, mas não acho que mereço tanto. O fim da minha faculdade se aproxima e eu não tenho a mínima ideia do que fazer sobre tudo. Meus amigos estão seguindo a vida sem mim, fazendo planos, botando os planos em prática, namorando, viajando, se comprometendo com coisas e eu continuo aqui apenas... sendo. Na verdade eu não sou porra nenhuma, essa que é a verdade. E o não ser porra nenhuma é pior do que ser qualquer merda. Eu me auto saboteio, eu faço tudo que é errado porque sim eu não mereço nada certo. Não mereço ninguém certo. Nada nada nada nada. Eu choro e nem sei porque. Tem coisa mais ridicula? Eu sangro e nem sei porque. Sangro sangro sangro sangro sangro sangro. Eu quero gritar mas não acho que eu mereça gritar. De qualquer jeito eu me mato mesmo depois do meu aniversário e então nada vai importar.