sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

The Depression Diaries, nº 33 - Dragão vs caneta vs tristeza do nada

Às vezes minha depressão é um dragão que quer destruir tudo por onde passa. É como se houvesse um fogo dentro de mim e eu tivesse que gritar e bater e não deixar ninguém me tocar nem falar com ninguém. Em outros dias minha depressão é uma caneta, pequena e imperceptível, que eu carrego por aí na bolsa sem nem notar. É quando você acha que está ficando curada. Quando você começa a duvidar de si mesma, se perguntando se você não estava fazendo/fingindo tudo aquilo só por atenção. A tristeza que vem do nada geralmente é quando eu vejo pessoas. Pessoas que amo, pessoas que quero que estejam bem e sejam felizes. Não me deixa triste o fato delas estarem felizes, prosseguindo bem na vida. Jamais. Me deixa triste o fato de eu saber que não posso ser assim como eles, que não posso fazer nada senão ficar pra trás. Mas eu continuo tentando, sabe. Por que me pediram. Por que é a única coisa que sei fazer agora. Ou talvez por que eu só queira atenção mesmo.


"Don’t you think there is always something unspoken between two people?"
Tennessee Williams, from 27 Wagons Full of Cotton and Other Plays

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

The Depression Diaries, nº 32 - Tudo o que não posso controlar

Minha mente tá a mil por hora o tempo inteiro e essa porra tá me matando. Tenho vontade de gritar CALA A BOCA UM MINUTO CARALHO mas eu temo que seria uma boa razão pra finalmente me internarem num hospício. Eu odeio que eu tenho que admitir que eu não consigo ser um membro funcional da sociedade sem tomar a porra de um remédio pra fazer minha cabeça funcionar direito, pelo menos nos períodos em que tenho que sair de casa. 

Eu ainda estou tentando encontrar meu propósito, sabe. Eu ainda tou tentando descobrir se minhas ações são as certas, se os passos que dou não são egoístas ou ingênuos demais. Quando você está doente, você perde o controle sobre um monte de coisa que antes você controlava perfeitamente, e isso destrói aos poucos. Te destrói quando você não consegue acalmar sua própria mente nem convencê-la de que não você não está morrendo apenas está tendo um ataque de pânico, te destrói quando você não consegue vencer a batalha entre você e seu cérebro que te diz que você não vai conseguir levantar da cama ou comer ou tomar banho. Aí então você se apega a qualquer coisinha que você possa comandar, tal como afastar as pessoas pra que elas não te vejam em tal estado, tal como abrir cortes no corpo, tal como sumir por dias e deixar seus amigos pensarem que você morreu. Como diabos se acha um motivo pra continuar vivendo se você não sabe nem mais quem você é? A bagunça na qual me tornei tem pedaços de muitas pessoas, de muitos momentos e em muitos deles eu só fui feliz porque esqueci que eu era eu. Ano passado algo se quebrou dentro de mim, e cada estilhaço que sangra é uma razão pela qual eu não tenho a mínima ideia do que fazer da minha vida. A única coisa que ainda me parece real são as pessoas que se dispõe a estar ao meu redor, que continuam aqui apesar de todas as minhas tentativas de mandá-las embora. Ainda estou pra decidir se isso custa uma divida eterna ou é apenas uma visão privilegiada do que restou de mim.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

The Depression Diaries, nº 31 - Trip, pt 2

Em meados de 2011 eu escrevi uma carta pra eu mesma abrir e ler em 2019, ou seja, em 8 anos. Tanta coisa aconteceu nesse meio tempo, de 2011 pra cá nesse momento de 2015, que eu nem sei mais se reconheceria minha própria escrita no papel. Eu era uma pessoa completamente diferente e agora eu sou uma pessoa completamente diferente, só que não pra melhor como minha eu do passado esperava que eu estivesse sendo. Desculpa, inclusive. Não sei como diria pra essa minha antiga eu que eu nem sei se vou conseguir sobreviver até 2019. Que nem sei como vou conseguir sobreviver a 2015. Que nem sei o que vou fazer semana que vem quando voltar pra minha cidade e pra minha realidade sem amigos. Eu quero tanto, mas TANTO morrer. Nunca quis tanto antes em toda a minha vida. Não que eu não esteja apreciando a presença dos meus amigos que me amam e tal. Não que eu não esteja com saudades da minha família e dos meus bichos. É só que eu não consigo sentir nada além da vontade de que caia um meteoro em cima da minha cabeça e acabe tudo isso. Não consigo sentir remorso pela dor que causaria àqueles que me amam, não consigo não olhar pros meus amigos aqui e não tentar gravar todos os momentos com o máximo de detalhes possíveis por que meu cérebro me diz que será a última vez que eu vou vê-los. Eles merecem coisa melhor do que eu, de verdade. E eu nem sei mais quem sou eu, o que vou fazer, quem vou ser, como vou ser. Sou rascunhos de uma história bagunçada.