quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

The Depression Diaries, nº 35 - Toda errada

Aqui vão algumas coisas que são 100% verdade na minha vida atualmente: eu estou cansada o tempo todo, mesmo me levantar da cama ou esquentar comida pra me alimentar parece ser o esforço que o spider-man teve que fazer em spider-man 2 pra conseguir parar o trem antes que ele descarrilhasse; eu nunca consigo dormir antes das 5 ou 6 da manhã sem tomar remédios porque eu me ocupo muito torcendo pra que eu não acorde no dia seguinte; por falar nisso, eu penso e penso e penso todas as horas do dia como seria libertador se um raio ou um avião caísse na minha cabeça e eu finalmente pudesse apenas parar de viver, mas a pior parte é quando penso em eu mesma dando um fim nisso. Não é que eu seja totalmente egoísta e sem conhecimento de que minha vida toca outras vidas, é que vai chegar um determinado momento em que eu não vou mais me importar. Não vai fazer diferença. Continuando: eu me sinto uma merda o tempo inteiro. INTEIRO. Não tem pausa, não pára durante feriados ou fins de semana e nem mesmo nas férias. Eu quero largar meu trabalho porque tem dia que eu mal consigo sair de casa, eu não tenho a mínima ideia se vou conseguir pagar DUAS matérias na faculdade esse semestre, nem mesmo sei quando ou se vou me formar. Pela primeira vez na minha vida eu tou completamente no escuro, sem perspectiva de futuro nem me importando muito em ter. Tudo, desde o que passa em frente aos meus olhos até a comida que entra na minha boca, parece ter perdido a cor, o gosto, o senso de realidade. Por falar nisso, minha memória está uma merda. A memória recente, principalmente. Às vezes eu não consigo lembrar palavras, não consigo me situar bem na estrutura do tempo — eu perco noção dos dias e das horas, como se minha mente simplesmente deletasse algumas coisas. Simplesmente dói continuar existindo. Então como se vive assim? Mesmo vivendo, continuo sem saber.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

The Depression Diaries, nº 34 - Me leve a mal

Eu não sei como começar conversas, não sei como começar amizades, não sei como desenvolver intimidade e muito menos como falar sobre mim e meus supostos sentimentos (de existência não confirmada). Ainda assim eu consegui ter apelo suficiente pra que algumas poucas pessoas quisessem ser minhas amigas (?). É complicado pra caralho se importar com as outras pessoas (?) e ter sentimentos (?) e elas terem sentimentos (?) por que meu cérebro literalmente faz um ??????!!!!!!!!??? dentro da minha cabeça. Acho que eu ainda tou aprendendo a lidar com o fato de que as outras pessoas por algum motivo são afetadas sim pelas minhas ações. Durante minha vida inteira, quando eu me senti muito ameaçada ou vulnerável minha reação imediata era me isolar simplesmente por que eu sempre considerei que fosse substituível. Às vezes ainda acho que sou, e a pior parte é que não fico mais triste sobre isso. Eu só quero que as pessoas que eu amo sejam felizes, independente da minha presença ou não. Minha auto estima é tão baixa que eu já deve ter chegado no nível do pré-sal. Eu ainda gosto das pessoas, tho. Acho que só não gosto mesmo é de mim, e não acho que seja necessário eu fazer os outros passarem por isso (eu). Nunca foi minha intenção magoar ninguém, de verdade. Se eu pudesse eu tomaria todas as dores de todo o mundo e estocava dentro de mim. E tem dias que eu acho que acabei conseguindo o que eu queria, afinal.

"We assume others show love the same way we do — and if they don’t, we worry it’s not there." 
Amy Przeworski