sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Lost.


Eu sou uma ilha. Sim, estou discordando de John Donne. Talvez se ele tivesse me conhecido nunca teria dito que nenhum homem é uma ilha. Por que eu sou. Não homem, mas ilha. Tão ilha que ainda nem fui descoberta. Permaneci minha existência inteira como se fosse a única que pudesse de algum jeito tentar me compreender, me encontrar mesmo quando eu me sentia tão perdida como se flutuasse no espaço sem fim das estrelas e não no mar. O mar, com sua ilusão de infinito, foi meu pai, foi minha companhia silenciosa das noites sem fim. As pessoas não tem paciência, nenhuma delas. As almas que por aí vagueiam olham tanto pra dentro de si mesmas que muitas vezes parecem decepcionadas quando encontram nada mais do que pó, do que restos de um eu que eles deveriam ter sido e não foram por medo das consequências. Nasci para ser ilha neste mundo como outras pessoas nasceram para ser pontes. Encaro ondas mais fortes, tsunamis, terremotos e magma como um arranha-céu tão preso ao chão que nem todas essas coisas juntas seriam capazes de me derrubar. Meu sorriso é a capa de proteção contra as atividades tempestivas que nenhum olho vê se propagar e me matar. Mas não se sinta mal por mim. Creio que só consegui fazer tudo o que já fiz até hoje por ser ilha, por ser apenas eu e minha conturbada mente cheia de poços escuros desenhando um mundo nas areias que precedem um fim próximo. Prezo por certa crença hermética de que eu ainda sou muito jovem para me sentir tão ilha. Mas sou ilha. Não queria ser, porém sou. Meus inimigos são apenas os teus quilômetros. Minha vontade de vos rasgar inteiros até que olhem para os resquícios do que se tornaram aumenta a cada dia desta solidão infindável. Solidão de quem não consegue ser feliz sozinho. Com Deus como minha testemunha, com você como meu objetivo e com meu cercado de terra que me protege, eu apenas juro jamais me afogar novamente. Estarei à espera de uma visita de uma civilização distante que possui somente um integrante, um líder, um gênio. Você e sua ponte. 

Música do post: Asleep - The Smiths

sábado, 17 de setembro de 2011

The one that got away.


Nada do que fiz ou deixei de fazer poderia ter te amarrado como um animal acuado ao pé da minha cama. Essas coisas primitivas nunca fizeram o meu tipo, você sempre soube disso. Lembrei de quando disse que tinha a certeza de que sempre que houvesse um vazio no mundo, seríamos nós a preenchê-lo com nossas piadas baratas. Só queria saber o que faço com esse vazio que tomou conta dos meus dias como um buraco negro sugando tudo por perto, por que eu não consigo preenchê-lo sozinha. Sei que te pareço muito piegas, sei que te pareço muito menina. Depois de todas as nossas conversas, sempre acreditei e você parecia acreditar também que seria eu a ir embora quando a hora tivesse chegado. E então você, como sempre, me surpreendeu. Deixou o anel que veio junto com o chiclete que compramos no nosso primeiro encontro em cima da mesa e se foi. Se foi. Foi enquanto eu olhava seu rosto pela última vez na noite anterior que eu finalmente o vi de verdade. Fui atingida por algum tipo de bola de beisebol e saí da escuridão do meu interior para vê-lo como merece. Vi seu rosto. O seu rosto. O rosto que sorria quando eu fazia alguma imitação chula. O rosto que chorava quando eu ameaçava partir, por mais que você fosse a única coisa que me prendia aqui. O rosto que eu nunca beijei completamente tanto quanto merecia e tanto quanto eu quis. Ainda é estranho pensar que você aos poucos vai se juntar a todos os outros que já passaram pela minha vida e agora não são nada mais do que fantasmas que aparecem de vez em quando para me assombrar. Levantei hoje da cama e repeti para mim mesma cem mil vezes que não gosto mais de você. Por que se eu não gostar mais de você, talvez você acabe voltando. E se você voltar, sei que vou te amar da mesma maneira da primeira vez. Meio confuso, não é? Bem vindo ao mundo que você saiu pela portas dos fundos como um fugitivo desesperado: o meu. Não importa, não importa. Serás para sempre o menino achava minhas mãos pequenas demais. O menino que eu amava e que amarei até o dia em que conseguir comportar as lembranças que você esqueceu de levar consigo quando foi embora. Tem uma mala cheia delas. Mas deixe estar, não a leve ainda não. Deixa eu fingir mais um pouco que você está aqui. Vou te inventar desenhado nas paredes de casa, vou pintar seus olhos bem em frente à minha cama para te ter me olhando dormir todos os dias. Só espero que você seja feliz, mesmo que sem mim. Mesmo que me doa. Mesmo que minhas palavras que tanto já te machucaram hoje não passem de nuvens de diálogos que flutuam à sua volta como numa história em quadrinhos. Vivo neste eterno pêndulo entre olhar o seu número no celular com os dizeres "Não atender" e a vontade de te buscar até no inferno se lá você estiver. No entanto, eu não vou te esperar. Não vou morrer. Eu vou viver sem o seu rosto. Eu vou viver sem o que eu queria viver pela eternidade. Há muitos elevadores levando-nos para diversos lugares nesta vida, fazendo com que tudo e todos que estão no mais alto dos andares possam também chegar ao chão num instante. Eu estou embarcando agora, ao infinito e além. Estenderei minha mão caso deseje aproveitar a vista de lá em cima, é tão bonita. E tem cheiro de você.

Música do post: Who Knew - Pink 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

2,583.


Durante muito tempo eu achei que escrever era uma forma rápida e sem intermediários de chegar até onde estavas. Por que querendo ou não, você foi a maioria dos vocês que eu entrelinhei nesta vida. Leio minhas palavras em voz alta para tentar tornar tudo mais real ou pelo menos para me convencer de que isso tudo vai valer a pena. Talvez se eu estivesse em outra fase da minha vida - uma a qual eu acho ter deixado para trás há uns bons anos - não me sentiria tão insegura desse jeito. Por que você sempre soube que eu era assim. Sempre me chamou assim. As coisas evoluem, as pessoas crescem - você cresce - e eu continuo aqui agarrada com minha insegurança como se ela fosse a tábua de salvação no meio do oceano. Eu, com minha insegurança, e você, com seu silêncio. Com a merda do seu silêncio. Silêncio seu. Esquecimento seu. Lembrança nenhuma sua. Uma vez você me disse que eu sempre repetia as mesmas palavras de modos diferentes e aqui estou eu repetindo novamente nem sei bem porquê. Acho que escrever sobre você corta ou diminui ou desemenda todos os muros que nos separam. Não que isso lhe convenha mais do que o que me diz. Os meses se passam e sua vontade de dar sinal de vida passa mais rápida ainda. Mas eu continuo te amando. Mais do que pensei que pudesse amar alguém um dia. Amo e nunca esqueço. Amo e conto os dias. Amo e tento não perder o posto de maior produtora de sorrisos seus. Só te amo. E te escrevo. E almejo algum dia ter lugar na sua vida. E espero comer seu arroz queimado enquanto rio da sua pronúncia inglesa ruim, usando uma de suas camisas. Parece tão simples, não é? No entanto, não se esqueça que estamos falando de mim. Da pessoa que pode ser considerada a mais azarada do mundo. A pessoa mais cheia de problemas e defeitos do mundo. A última pessoa do mundo por quem você deveria ter se apaixonado. Porém quando se trata de babaquice, somos imbatíveis. Tanto quanto o efeito das suas palavras sobre mim, uma eterna pobre criança desamparada com uma coleção de cicatrizes que faria qualquer presidiário morrer de inveja pelo status. Você mal sabe, mas o inferno é logo ali. Bem perto da porta pela qual eu sairei em direção ao menor resquício da tua sombra. 


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Hello, Stranger.

"Às vezes estamos numa rota de colisão e sequer desconfiamos, sem querer, ou de propósito, não há nada que possamos fazer."
O Curioso Caso de Benjamin Button



Temo ter conseguido chegar ao ponto máximo da estrada e agora não sei como encarar a linha de chegada. Você que me espera com um buquê de margaridas nas mãos não imagina o quanto que eu tenho medo. Eu tenho medo do seu medo e medo do que o meu medo possa fazer quanto eu te vir. Eu sou uma tola, eu sei disso. Mas não quero deixar de ter medo, embora que eu nem ao menos consiga evitar isso. Por que sempre foi meu medo que me defendeu de todas as possíveis rachaduras que meu coração pudesse ter. Assim como meu medo me levou até você. Meu medo e sua fé inabalável na minha pessoa, uma Houdini nem tão talentosa quanto o original. Parto até meu ponto de chegada com meu cajado e armadura nas mãos, prontas para resistir a qualquer atividade tempestiva que possa me acertar. Minha voz, meu jeito torto de andar, meu excesso de léxico que te fere. Sua voz, seu jeito de falar rápido ao telefone, sua distração que bate qualquer recorde mundial. Tratarei de fechar os olhos toda vez que sua risada se aproximar dos meus ouvidos para guardá-la pelo resto da eternidade. Manterei dentro de mim, durante todos os anos que nos aguardam, os cortes que seus olhos fazem quando se põe sobre mim me deixando praticamente vulnerável. Nunca lidei tão bem quanto você com nosso não-ainda-nós, porém tenho uma fé tão grande que nem mesmo seus cálculos rápidos seriam capazes de delimitar. E então, quando não sei mais o que falar e preciso fazer tudo doer para te alcançar, contemplo o fato de que acima de todos os outros, você é o maior dos meus planos. Ver no seu futuro minha ausência ou simplesmente te assistir se tornar a coisa mais linda que meus olhos já viram talvez nunca seja o suficiente. Por que só Deus sabe o quanto me sinto fraca toda vez que passo a mão sobre a cama e você não está lá, como se só a força do meu pensamento fosse te arrancar desse teu lugar tão distante e te trazer pra cá. Meu bote salva-vidas são as lembranças que ainda não construímos, as maiores causadoras das minhas noites insones. Mas eu faria tudo outra vez. Suportaria esse mundo nojento todos os dias por que no final eu teria você, só eu e você, só nós, à sós. Gritei um foda-se para o mundo e suas regras de bom costume e conveniência, gritei por que do meu lado estava você segurando minha mão pequena. Agarrei sem titubear as oportunidades que me levariam até você e aqui estou. Não demore muito a vir me buscar, embora que a eternidade esteja aos meus pés. As vozes distintas que atravessam minha cabeça neste lugar se calarão quando a sua chegar.

Música do post: Walk - Foo Fighters 

domingo, 4 de setembro de 2011

Boa noite, Joaquim.


Um dos meus maiores e melhores hobbys foi sempre esperar você fechar os olhos primeiro e te olhar dormir. Não que estivéssemos a muito tempo juntos - sete ou oito meses, apenas - no entanto eu sabia que não me cansaria daquilo nunca. Ia e dormia com você todas as noites, mas sempre ia embora ao amanhecer. Algo não me permitia ficar - você dizia que eu era do mundo, por isso partia, sempre dizendo ao pé do seu ouvido que muitas vezes não captava minha voz: boa noite, Joaquim. Não importava se ele ouvia ou não, o simples fato de eu dizer isto deixava uma parte minha com ele. Era provável que minha mania de sempre estar o deixando fosse uma súplica silenciosa para que ele dissesse algo que me fizesse ficar. Mas ele nunca disse nada. As palavras que ele me dizia muitas vezes soavam como mensagens programadas que não possuem sentimento algum, ou eu apenas era desacreditada demais. Sentir o cheiro dele, poder abraçá-lo e acima de tudo, poder ver seus olhos se fecharem todas as noites enquanto eu era a última coisa que ele via bastava para meu eu desajustado e destemperado. Podíamos, desde sempre, conversar sobre tudo o que existe no mundo e até mesmo denominar coisas que ainda não existem, mas você sempre soube e eu sempre soube que nunca seríamos um nós. Nada impedia minhas palavras de te tocarem mais do que meus boas-noites cheirando seu cabelo, nada impedia que um dia você decidisse fechar a porta e não me deixar mais entrar na sua casa tanto quanto nada me impedia de não voltar e sumir sem deixar rastros. Você sabe que sou boa nisso. Você sabe que eu sobreviveria, como já sobrevivi a coisas muito piores. Você sabe quem eu sou mais do que qualquer outra pessoa no mundo. Nossas linhas paralelas se cruzaram num momento que talvez não tenha sido o propício, porém creio que tenha sido o certo. É como se todo o infinito pelo qual eu esperava minha existência inteira tivesse se reduzido a um só encontro marcado. Você, que agora aí de tão longe não me vê nem ouve mais meus boas-noites, provavelmente continua dando um sorriso antes de entrar em sono profundo tal como fazia quando eu estava ao seu lado. Talvez essa seja a prova de que o que aconteceu entre nós não foi em vão, e pelo menos para mim não foi. Minha esfinge continua esperando sua resposta certa e meus braços ainda te procuram pela madrugada. Não posso mais te tocar e com isso não posso mais te machucar. Nossa parceria eterna é assombrar um ao outro até que nossas linhas paralelas se cruzem no infinito novamente.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

New dawn, new day, new life. And I’m feeling good.

Em quase dois anos desse blog e depois de conhecer muita, mas muita gente legal através dele (vide meus melhores amigos atualmente, a Pati e o Delmas, black bitches) raramente falei abertamente sobre minha vida pessoal aqui. Tanto que nunca citei nenhum nome real em nenhum texto que fiz. Alguns de vocês que me acompanham há muito tempo principalmente no Twitter sabem que passei para Jornalismo na Federal do meu estado. Esse texto deveria ter saído na semana que entrei na faculdade, mas como fiquei sem internet não foi possível. Agosto como sempre não foi um mês muito bom, vide até que o mês passado ficou sem texto algum. Enfim, here I go.


Te dizem muitas coisas quando você vai para a faculdade. Alguns dizem que é para você tomar cuidado com as amizades que escolhe, que você deve focar em seus estudos e outros dizem para você aproveitar todos esses quatro ou cinco anos como se fossem os últimos, pois serão os melhores de suas vidas. Para mim, faculdade significa possibilidade. Você pode ser quem você quiser. Não importa com quem você ande ou o que falem de você, há um leque de perspectivas para se escolher. Ano passado, eu estava com muito medo de querer qualquer coisa e hoje eu não consigo parar de querer tudo. Posso dizer que tive certa sorte de ter encontrado logo no começo as pessoas que quero levar até meus últimos dias na faculdade, mas também quero estar aberta a conhecer muita, muita gente. Pois nada se compara a isto. Creio que todos que ali estão ou pelo menos grande parte deles quer ser grande. Não só uma grandeza reconhecida, mas também pessoal. Quer ser alguém de que as pessoas se orgulhem em lembrar e querem dar o seu melhor para que isso aconteça. Eu sinto como se eu quisesse fotografar cada pedaço, cada canto da minha faculdade para não esquecer, para não perder nenhum momento. E desejo que todo mundo possa vivenciar isso um dia. Todos os planos que eu já possuía até semana passada, antes de me tornar uma universitária, se expandiram cada vez mais quando entrei lá. Eu quero ser sempre a melhor no que faço sem necessitar passar por cima de ninguém. Eu quero mudar vidas, nem que seja somente de uma só pessoa. Eu quero poder contribuir para que todos à minha volta estejam felizes consigo mesmos e comigo também. Eu quero poder ajudar as pessoas que mais precisam, não só de comida e água potável, mas também de um abraço ou um gesto de carinho. Quero sempre estar escrevendo e quero sempre morrer de rir com meus amigos não só da faculdade, mas também com os que estão comigo há tanto tempo e continuam sendo uma das melhores partes da minha vida. Quero que minha família se orgulhe do que eu faça e que me apóiem nas decisões que eu tomar. A maioria das pessoas que convivem comigo sabem que não quero permanecer aqui por muito tempo, no entanto nunca me desencorajaram a querer menos. Sei que o mundo é muito grande e há diversos obstáculos a serem vencidos por aí. E eu quero superar todos eles. Quero conhecer todos os lugares da minha listworld e absorver tudo o que esses lugares puderem me oferecer, inclusive na minha futura profissão. Quando a gente sai da escola para enfrentar algo totalmente novo como a faculdade, algo dentro de nós muda. A sensação de querer aproveitar tudo o que eu puder permanece em mim, e torço para que não suma nos próximos anos que viverei lá dentro. O desconhecido gera muito medo, porém as coisas se ajeitam como devem ser. Trabalhe duro, interaja muito e divirta-se o quanto puder. Faculdade pode ser um monte de coisas diferentes para cada pessoa, mas é universal que ela é uma chance de você ser mais do que jamais sonhou. E eu mal posso esperar por isto.

Música do post: Porto Alegre - Fresno