quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Hello, Stranger.

"Às vezes estamos numa rota de colisão e sequer desconfiamos, sem querer, ou de propósito, não há nada que possamos fazer."
O Curioso Caso de Benjamin Button



Temo ter conseguido chegar ao ponto máximo da estrada e agora não sei como encarar a linha de chegada. Você que me espera com um buquê de margaridas nas mãos não imagina o quanto que eu tenho medo. Eu tenho medo do seu medo e medo do que o meu medo possa fazer quanto eu te vir. Eu sou uma tola, eu sei disso. Mas não quero deixar de ter medo, embora que eu nem ao menos consiga evitar isso. Por que sempre foi meu medo que me defendeu de todas as possíveis rachaduras que meu coração pudesse ter. Assim como meu medo me levou até você. Meu medo e sua fé inabalável na minha pessoa, uma Houdini nem tão talentosa quanto o original. Parto até meu ponto de chegada com meu cajado e armadura nas mãos, prontas para resistir a qualquer atividade tempestiva que possa me acertar. Minha voz, meu jeito torto de andar, meu excesso de léxico que te fere. Sua voz, seu jeito de falar rápido ao telefone, sua distração que bate qualquer recorde mundial. Tratarei de fechar os olhos toda vez que sua risada se aproximar dos meus ouvidos para guardá-la pelo resto da eternidade. Manterei dentro de mim, durante todos os anos que nos aguardam, os cortes que seus olhos fazem quando se põe sobre mim me deixando praticamente vulnerável. Nunca lidei tão bem quanto você com nosso não-ainda-nós, porém tenho uma fé tão grande que nem mesmo seus cálculos rápidos seriam capazes de delimitar. E então, quando não sei mais o que falar e preciso fazer tudo doer para te alcançar, contemplo o fato de que acima de todos os outros, você é o maior dos meus planos. Ver no seu futuro minha ausência ou simplesmente te assistir se tornar a coisa mais linda que meus olhos já viram talvez nunca seja o suficiente. Por que só Deus sabe o quanto me sinto fraca toda vez que passo a mão sobre a cama e você não está lá, como se só a força do meu pensamento fosse te arrancar desse teu lugar tão distante e te trazer pra cá. Meu bote salva-vidas são as lembranças que ainda não construímos, as maiores causadoras das minhas noites insones. Mas eu faria tudo outra vez. Suportaria esse mundo nojento todos os dias por que no final eu teria você, só eu e você, só nós, à sós. Gritei um foda-se para o mundo e suas regras de bom costume e conveniência, gritei por que do meu lado estava você segurando minha mão pequena. Agarrei sem titubear as oportunidades que me levariam até você e aqui estou. Não demore muito a vir me buscar, embora que a eternidade esteja aos meus pés. As vozes distintas que atravessam minha cabeça neste lugar se calarão quando a sua chegar.

Música do post: Walk - Foo Fighters 

2 comentários:

  1. Meu Deus, mais que texto mais perfeito!
    adorei. beijos

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  2. Que texto mais lindo! Acredito que certas palavras e sentimentos só são completamente compreendidos quando lidos por pessoas que já sentiram o mesmo. Eu senti e acreditei em cada uma das tuas palavras.
    Parabéns!
    =*

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