quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

The Depression Diaries, n°73 - Voltando às raizes para escapar da ideologia imperialista

Eu rodo em círculos, todos os dias. Durante o dia, minha mente se esvai como areia entre os dedos, impossível de manter em um lugar, só se eu tentar me distrair o suficiente com todas as formas de mídia do mundo. À noite, eu fico menor que um grão da tal mencionada areia, ainda assim uma dinamite prestes a explodir e matar metade do mundo, do meu mundo. O mundo em si vai continuar girando e postando selfies no Instagram como sempre, é claro.

A verdade é que eu não sei pra onde ir na vida. Eu nunca achei que chegaria tão longe, eu estava brincando quando fiz todos aqueles planos com vocês, e agora eu me deparo com a realidade de mim mesma. Como se aceitar? Parando de escrever em inglês nesse blog que ninguém lê pra tentar ser menos pretensiosa, voltando pra academia pra finalmente perder os quilos eu eu deveria ter perdido há anos? A quem eu devo o quê, exatamente? A mim mesma, claro. Se eu falo em minha língua eu dou poder ao ato, ele existe e está embaixo da minha cama pronto para agarrar minhas canelas assim que eu puser meus pés no chão. Eu vou estar livre dele em outra cidade, em outro país? Os nossos demônios tendem a ser nossos mais longevos companheiros, lamento informar, ou pelo menos é o que dizem por aí.

Eu queria deixar registrado também que eu sinto falta de tudo. Das conversas, das bebedeiras, das roladas na grama da faculdade que eu nunca terminei e que me atormenta até hoje. Eu sei que eu não sou menos por não ter um diploma, mas eu daria tudo pra ter estado bem quando eu poderia estar bem para aproveitar os momentos finais, o brilho eterno que nunca se esvai da memória do que presencia. Eu queria ter estado lá, eu queria ter sido brilhante também. Mas não me arrependo de nenhum momento vivido dentro daquele lugar, minha juventude está gravada ali como uma fita VHS na qual não se há mais aparelho pra assistir.  

Esse é um dos pedaços do círculo que eu rodo diariamente, enquanto minha vida não começa. Ainda há tempo de crescer? Diz uma música que eu gosto muito. Eu torço pra que sim. Acho que nunca tive a chance de crescer direito, e obviamente não ajuda muito a minha situação. Eu já aceitei que eu vou ser fodida hoje como também daqui a seis meses mas talvez não tão fodida daqui a um ano, porém eu preciso de uma mão amiga. Eu preciso sair daqui e viver minha vida como uma adulta vive, sofrendo e sorrindo e quebrando a cara e o coração, mesmo que me custe tudo que eu vou apostar. Tudo isso é melhor do que viver rodeando um sentimento de vazio, sem perspectiva nenhuma de que as coisas possam melhorar, que eu possa viver e não somente sobreviver.

Eu estou tentando começar de novo. Vamos ver onde isso me leva. Mas por favor, tenha paciência comigo.