quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

11 da manhã. Eu com 8, e você com 9 anos. Eu era uma menina meiga, talvez inocente demais pras crianças da minha idade, que já estavam começando a se maquiar e deixar as bonecas de lado. Você, com seu sorriso doce e encantador, e aquele olhar que me dizia pra eu ser mais forte, e confiar em nós. Estávamos no mesmo lugar de sempre, eu sentada na ponte que ligava um lado do bosque ao outro, e você ainda aprendendo a pescar, porém tinha muito sucesso no que fazia. De vez em outra, segurava minha mão e prometia sempre estar comigo, e que não iria nunca me deixar cair. Certo dia à tarde, botei na cabeça que devia usar salto alto. Entrei no quarto da minha irmã mais velha sem que ela percebesse, e peguei o mais bonito, aquele que ela era apegada, e os calcei. Foi quando me veio a louca idéia de descer a escada com ele, afinal, precisava aprender a andar. E o que era de esperar, aconteceu. Tropecei, e fui rolando escada à baixo. E onde estava ele pra me segurar quando eu caísse? Fiquei dias sem falar com ele, até entender que o que ele disse tinha um certo sentido figurado. Acho que eu já estava amadurecendo. Nosso primeiro beijo aconteceu logo depois que eu tirei o gesso da perna esquerda, pois eu havia quebrado ela, quando caí da escada e, sim, havia sido grave. Foi um beijo doce, romântico, impossível de descrever. Apesar de nunca ter beijado alguém antes, a sensação era de que aquele tinha sido o melhor beijo da minha vida. O tempo passou, ficamos, namoramos, chegamos a assumir um compromisso sério, mas ele teve de partir. Aos 16 anos, nossos pais decidiram que nosso namoro não era bom pra nós, e decidiram juntos, que ele deveria estudar fora do país. Ok. Foi um choque pra mim. Tive que viver 10 anos sem a presença dele, sem os beijos, sem os abraços dele. Sem nenhuma notícia dele, decidi tocar minha vida pra frente. Decidi que ia ser promotora de eventos. E eu fui. Me tornei uma mulher linda, elegante, charmosa! Quem me conhece hoje, se visse uma foto minha de alguns anos atrás, não me reconheceria.
Eu passei a freqüentar as melhores festas, as melhores boates. Perdi minha virgindade com um cara que nem conheço, digamos que foi 'casual'. Engravidei. Abortei. Minha vida era o máximo quando eu bebia, quando eu dançava, quando eu tinha os homens mais gatos à minha volta, mas quando chegava em casa e me deparava com a cama vazia, sempre me lembrava dele, de Henry, meu amor de infância. Hoje, tenho 25 anos, e recebi uma carta. Era a letra de Henry, eu podia reconhecer, apesar de ser 'anônima'. Ele relatava muitos fatos, contava a vida dele depois que nos separamos. Ele estudou fora do país, e ao contrário de mim, não precisava beber pra ser feliz, ou de festas. Mas o destino lhe pregou uma peça. Henry descobriu que estava doente, muito doente, e tinha pouco tempo de vida. Com seus 20 anos, fez a loucura de me visitar, e sem que eu soubesse que era ele, ele me 'conquistou', e como eu havia me tornado uma mulher fácil, dez minutos depois de conversa conseguiu me beijar. Eu não era mais aquela menina doce e inocente, e ele sabia disso, assim como sabia que podia nunca mais me ver. Hoje, eu leio suas palavras e me arrependo de cada besteira que eu fiz. Me arrependo de não ter te procurado, te ter enfrentado nossos pais, e ter ido atrás de você. Hoje, meu único presente pra você, são flores, e a única visita que eu posso fazer, é ao cemitério, pois é só lá que eu o encontro. Minha carreira, minhas amigas, a bebida, nada, NADA vai trazer meu Henry de volta. Meu menino que mal sabia pescar, mas se achava um pescador profissional. Meu menino meigo e único. No final da carta, havia algo mais escrito, o qual só me atentei depois te ter chorado por 40 minutos. Estava escrito: Minha Lizzie, obrigado por ter feito da nossa noite, única. Mesmo você estando bêbada e não sabendo que era eu, henry, que estava com você, sua primeira vez, foi a minha primeira vez, e juntos, fizemos daquele momento inesquecivel. Eu te amo pra sempre, minha boneca. Minha primeira vez havia sido com ele! Com Henry! Não posso acreditar! Então não era um cara qualquer, não foi casual... foi com ele, o homem da minha vida. E eu sei, que um dia vamos nos encontrar, e enquanto esse dia não chego, guardo você à sete chaves, dentro do meu coração, esperando uma segunda chance, e talvez numa outra vida, eu possa ser feliz com você de novo.

(não é meu, e eu não sei quem foi que escreveu.)

Um comentário:

  1. Oiieee!!
    tudo bem??

    Vi o seu blog na comunidade do Blogspot & Wordpress no Orkut e gostei bastante! ^^

    Sorte e sucesso para você!

    Convido-te para passar no meu também:
    www.glamourfeminino.blogspot.com

    Beijão!

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