terça-feira, 6 de outubro de 2015

The Depression Diaries, n° 47 - A hora final

Essa é a maior das minhas verdades:
Eu queria que o mundo inteiro ruísse junto comigo. Não existe um pingo de altruísmo em mim. A natureza em fúria, a terra chacoalhando-se como se desejasse se libertar da humanidade, os céus numa negritude intensa de quem anuncia o fim dos dias. Eu queria poder arruinar todos vocês. Leva-los para a completa a escuridão, repleta de desespero e falta de esperança. Eu queria que as nuvens despejassem enchentes todas as vezes que eu choro copiosamente pra tentar lidar com a dor que a tristeza causa em mim. Queria que todos os humanos do mundo sentissem o meu pesar, a minha fraqueza. Eu passaria por todos na rua e receberia olhares de pessoas que sabem o que eu estou passando. Lideres mundiais viriam ao meu encontro me questionar sobre como resolver minha letargia. Eu digo a milhões deles que não sei, e outros milhões chorariam o equivalente a mares e oceanos por mim. Seria eu - não meteoros, asteróides, profecias, extraterrestres, bombas atômicas - a responsável pelo fim da civilização. Eu queria que meu planeta entrasse em colapso assim que eu desse meu ultimo suspiro. Eu não queria cair em perdição sozinha. Essa é a verdade mais honesta por Deus, qualquer Deus: eu quero arruinar vocês, todos vocês. Eu vou deixar esta vida sozinha assim como cheguei nela, e por isso jamais serei capaz de perdoar o mundo. Eu sou um número, eu sou uma estatística, eu sou um nome de usuário, eu sou um padrão. O mundo me tolhe por eu querer ser o próprio mundo, um castigo tal qual um Deus grego inflingiria. Então eu permaneço em chamas pra sempre.

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