sexta-feira, 16 de outubro de 2015

The Depression Diaries, n° 48 - Being friends with someone depressed

Eu gosto de dizer que ser amigo de alguém que tem depressão é como viver num eterno experimento do gato de Schrodinger. Você acorda todo dia pensando "ele está vivo ou está morto?", e ambas as realidades coexistem até o momento que você interage com a pessoa. Eu perdi alguns amigos nesses meus anos de depressão. Alguns porque quis me afastar no intuito de não prover incômodo, outros porque não sabiam lidar com... bem, tudo isso que me tornei. Não é fácil, eu admito. Eu não tenho sido fácil. Também não deve ser fácil ter medo todo dia de acordar com uma ligação ou mensagem de que sua melhor amiga tentou se matar, ou se matou. Também não deve ser fácil querer ajudar mas não saber como, também não deve ser fácil ver os cortes no braço da sua amiga e ter que engolir seco. Não deve ser fácil sua amiga desaparecer por alguns dias e seu primeiro pensamento é que ela morreu, ninguém deveria ter que pensar isso. Não deve ser fácil querer poder fazer alguma coisa pra cessar a dor que sua amiga sente porque você acha que ela pode ainda fazer tanta coisa boa nesse mundo, mas a doença não a deixa enxergar isso, e porra, como ela tenta. Não deve ser fácil ver sua amiga definhar todos os dias e se tornar um receptáculo vazio, que coloca panos nos espelhos por que não consegue suportar o próprio reflexo. Com isso meu ponto era só dizer que eu queria poder ser uma amiga melhor. Queria poder ser alguém que algum dia eu já fui e agradou tanto vocês que vocês decidiram ser meus amigos. Eu queria poder enxergar uma luz no fim desse túnel por vocês, por vocês. Mas cada dia parece mais impossível. Até nos piores momentos as lembranças de vocês me reafirmam que um dia eu vivi.

“Depression turns you into a series of nouns, without the adjectives and without the verbs. You don’t remember where you misplaced your descriptions, your actions … You become: bed, shower, socks, coffee, keys, obligations.” A Series of Nouns 

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