quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Velha, sozinha e louca


Eu acordo todos os dias e penso "ai meu deus, quantos anos ainda faltam pra eu viver? eu não aguento uns 60 anos disso não" por que obviamente se você lembra daquela frase de Nietzsche que pergunta "bla bla bla você queria viver pra sempre a vida que vive agora bla bla bla", fica claro que eu não quero viver a vida que vivo agora pra sempre. Nossa Senhora, viver pra sempre dever ser um pé no saco. 

Eu nunca tive muitos amigos desde criança. E por isso, ainda nessa idade, eu tinha a ideia de que quanto mais velha eu ficasse, mais amigos eu acumularia. Pensando bem agora essa é uma linha de raciocínio muito burra se eu considerar as pessoas mais velhas ao meu redor. Pois tenho certeza que esse é meu destino: ficar velha, sozinha e louca. Velha é inevitável, sozinha por que vai chegar um momento que não terei mais pessoas que me suportem e louca por que minha mente já atravessou muitos limites e se aproxima do final como uma cobra rastejando ao redor de um cômodo que ela ainda não pode conquistar. 

A idade aumenta e percebo o quão babaca era nos anos anteriores, o que basicamente implica que serei babaca pro resto da vida. Parte de mim se alegra porque eu passei a vida toda querendo ser babaca que nem todo mundo e porque ser diferente cansa. Eu quero ser magra, fútil e imbecil como a maioria das pessoas que conheci a vida toda, eu quero conseguir enxergar um jeito de levar uma vida normal. Eu só quero não ser maluca. Eu quero passar por essa época de juventude da vida e não perder minha cabeça, as pessoas que amo e a vontade de seguir em frente, de resistir e persistir no que eu, no meu coração, acredito ser importante e verdadeiro. 

Mas a questão é que quando eu não consigo respirar é que eu me encontro. Quando eu estou no meio do caos é que eu me reconheço, quando estou criando coisas absurdas é onde meu corpo parece caber. Eu odeio ser o que sou e ser de outro jeito me entedia, as pessoas me entediam, os lugares me entediam, minhas histórias me entediam e tudo isso só faz de mim uma pessoa incrivelmente insuportável. Passar pelos 20 anos fazem eu me sentir pisando em ovos e legos e a beira de mais um surto por que tudo acontece rápido demais e tenho medo de não ser suficiente, de tudo transbordar e afogar, me afogar. Dependendo do quão imbecil eu me sinta daqui a alguns anos por ter escrito isso aqui, eu espero que meu eu lá da frente não tenha tido tanto medo da mobilidade, da evolução, transição. Que eu e minha mente consigamos viver em paz e me manter sã enquanto eu ainda tiver que viver. E que eu pare de ser cafona.

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