sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Pink ego box

"O seu único dom era conhecer as criaturas quase por instinto."
Virginia Woolf


Um dos meus maiores defeitos sempre foi achar que a maioria das pessoas ao meu redor e as que observo são nada mais do que um bando de idiotas que não conseguem enxergar fora da caixa. Por isso eu considero especiais todas as pessoas que conseguem me surpreender em algum aspecto. Por que de alguma forma, elas me tocam e eu as toco também. Uma troca justa entre absorver conhecimento e histórias de vida e tempo meu doado. Mas tem dias em que eu acordo detestando tanto o mundo, tanto as pessoas que nele vivem que acho que a única pessoa que pode me satisfazer pessoalmente e intelectualmente sou eu mesma. Tenho mania de sempre achar defeito nos outros, nas coisas, no que me tornei. E tudo o que eu sempre quis foi ser normal. Tudo seria tão mais fácil se eu fosse como as pessoas ao meu redor e não me sentisse tão uma estranha no ninho. Mas quem quer ser normal quando pode ser brilhante? Quem quer ser menos quando pode ser mais, muito mais? O que faz com que eu me sinta cada vez mais sozinha. Sozinha por que parece que rodo sempre em círculos quando a questão é pessoas as quais faço de tudo para não magoar, mas que não se importam em fazer o mesmo comigo. Por que eu tenho que ter tantas expectativas sobres os outros e sobre mim mesma? Porque tudo não pode ser simplesmente leve e natural? Por que as pessoas não podem parar de ser tão estúpidas? Respostas que temo nunca obter. Sempre parece que vago entre o entendimento completo de mim mesma e uma perfeita imensidão de desconhecimento e falta de essência, um enigma eterno que se formou em mim e que não consigo decifrar. O mundo, os lugares e até mesmo eu mudei. No entanto, as pessoas que conheço parecem estar cada vez mais mesquinhas do que nunca. Minha sorte não sai nunca do ponteiro zero e minhas oportunidades continuam num baú afundado no meio do Atlântico. Eu sinto como se estivesse morta a maior parte do tempo, querendo seguir em frente, mas continuando presa ao passado. Não posso tocá-lo, não posso sentir seu cheiro, não posso segurar sua mão quando estiver com medo. Isso não é viver. É ser fantasma de alguém que nunca lhe pertenceu, uma lápide velha e encoberta por arbustos que ninguém mais visita. Minha vida é um quarto entupido de quases em meio a lembranças que nunca aconteceram, camuflado com uma paciência que nunca tive e risos que não parecem meus. Olhar não é ver, assim como gostar não é amar. E é por isso que eu os vejo, é por isso que continuo amando-os. Eu amo vossos temperamentos malucos, vossos egos, vossos dias ruins. Eu amo você e sua incapacidade de ver o mundo além do seu umbigo. Algo me diz que mudanças estão por vir, assim como outras milhares de notícias baratas sobre fins de mundos. Digo-te que posso ver muito além do horizonte se você também conseguir enxergar por cima dos anos e do que considera impossível. Seja o número um.

Um comentário:

  1. Cheia de autenticidade...gostei de ler!
    Obrigada por sua visita e participação, volte sempre, tá?! bjss

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