segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

It had to be you.


Depois de todos os porquês requeridos nesses meses, eu finalmente cheguei a uma resposta que não corresponde às minhas expectativas ou projeções, mas que talvez deixe as coisas mais claras daqui pra frente. Pelo menos em relação a você, tão conhecido entre minhas palavras e minhas lembranças inventadas, tão rei do mundo inteiro que se constrói e se destrói todos os dias em minha mente. Tanta gente passou pela minha vida nos últimos anos, tanta. E só você ficou. Ficou de metido que é, ficou por que quando todos os outros se assustaram com meus piores lados e desertaram antes das dez da manhã, você contou piadas o dia inteiro até todos os monstros irem embora. Olho para trás e vejo que poderia ter sido qualquer um deles a quem meu coração poderia ter escolhido amar, contudo foi você. O cara da esquina, o cara da livraria, o cara que tem uma risada sensacional, o cara que gosta dos mesmos livros e das mesmas músicas que eu. Mas foi você. Você que é um perfeito idiota. Alguém que às vezes eu não consigo compreender como age, mas que continua sendo um dos maiores detentores da minha fé tão escassa. Nunca foi nada sobre quilômetros, nem sobre idades, nem sobre ausências. Sempre foi apenas sobre você e eu, uma série de impossibilidades e diferenças quase estratosféricas. Sempre foi você, seu idiota. Era de você quem eu lembrava quando tocava alguma música num bar ou quando estava bêbada, era você que eu esperava que gostasse das músicas novas que eu descobria, era com você que eu queria dividir alguma coisa nessa vida. Talvez você ainda não tenha percebido, mas isso aqui, esse nós, esses meses, não é uma competição. Às vezes eu tenho vontade de gritar na sua cara todos os vazios e buracos que você deixa e faz em mim, desenhar todos eles, embrulhar e deixar na sua porta. Toma que tudo é obra tua, que tudo é resultado das tuas palavras, do teu silêncio. No entanto, eu apenas engulo. E tudo isso desce corroendo a minha garganta como se fosse ácido fluorídrico, do jeito mais lento e doloroso possível. Qualquer cara no mínimo alfabetizado poderia ter me tido. Qualquer cara que não xingasse meus filmes e livros favoritos, qualquer cara que não achasse a maioria das músicas que escuto completamente babacas, qualquer cara que insistisse em saber o motivo de meu choro e me consolasse. Mas foi você. Por que acho que amar é isso mesmo, ter a chance de querer e ter qualquer habitante do mundo, mas só querer uma cretina pessoa. Um único imbecil que não entende metade das coisas que digo pra ele. Comecei e terminei o ano escrevendo sobre você, e temo que isso não tenha um fim próximo. Estou presa a você mais do que você supõe que está preso a mim por gratidão, e talvez não seja uma boa idéia, por hora, lutar contra isso. Eu vi em você uma luz brilhante que encheu meus olhos de estrelas e constelações e universos paralelos nos quais estávamos juntos e éramos lendas. Espere por mim e minha máquina do tempo na sua sala de estar, e esteja pronto para fazer a pergunta correta. Ela vale um milhão de mim.

4 comentários:

  1. Você arrasou com esse texto. É como se ele fosse pra mim, porque sinto as mesmas coisas. Suas palavras são sempre lindas e verdadeiras e eu adoro isso. Desculpe a ausência por aqui, um beijo! :*

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  2. Que bonito. Eu gosto muito dos seus textos, pena ter perdido de ler os anteriores, quem sabe nas minhas férias. Tu escreve muito bem e eu sempre acabo me identificando. Beijões

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  3. Tõ impressionada com esse abrir o verbo teu tão perfeito, com o teu rasgar o coração inigualável. Faz tempo que não vejo algo assim, me lembra certa época da minha vida onde vivi praticamente a mesma sensação. É muito difícil quando alguém não percebe tudo o que está a sua frente.
    Achei maravilhoso esse post, Jaci! Você escreve muito, menina! Parabéns aos milhares!
    Um 2012 lindo pra você, recheado de coisas boas!
    Beijos!

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  4. Sua escrita é fascinante. Estarei sempre por aqui. Um grande abraço.

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