sexta-feira, 25 de junho de 2010

The words borrowed.

"Tenho me confundido na tentativa de me decifrar."
Adaptado de Caio Fernando Abreu.


Não há nada para ser subentendido hoje. Não há entrelinhas, frases sobrepostas, nada. Só há o que eu sinto de verdade. Se estiver já de saco cheio disso tudo, pare aqui.

Uma vez, quando criança, eu levei uma bolada no rosto. De início, doeu bastante é claro, mas depois eu corri para a minha mãe e ela colocou um pouco de gelo aonde doía. E assim, todos os dias, eu voltava a brincar. Hoje não dá mais.

Não dá para eu correr até minha mãe quando eu estiver sentindo alguma dor. Minha mãe não me conhece e eu não tenho confiança suficiente nela para contar o que sinto. Ela vai achar que é coisa "da idade". Nem para os amigos mais próximos eu consigo me abrir. Como se uma bola de tênis surgisse na minha garganta toda vez que eu tento algo dizer. Sou uma daquelas pessoas que escrevem por não conseguirem falar. E muita gente não me entende por causa disso.

Devo ter sonhado que estava caindo umas 500 vezes na vida. Todas as vezes acordei assustada, com meu coração batendo à mil por hora. Foi bom estar em terra firme. Foi bom ter um lugar pra chamar de casa. Um lugar no mundo, seguro e quentinho.

E foi aí que eu percebi que não tinha isso.

Tenho passado muito tempo no meu quarto. Acho que estou meio cansada das boladas na cara que ando recebendo da vida, das pessoas, de tudo. Não tenho certeza se estou pronta pra mais essa aprendizagem, não sei se consigo, se mereço. E ainda tem a minha maldição. Descobri que sou furtivamente amaldiçoada pela vida, e que por mais que eu tente, que eu saia, que eu me divirta, que eu me "abra" para as pessoas, que eu seja divertida, legal, simpática (mesmo que seja fingimento), nada disso vai fazer com que eu encontre a pessoa da minha vida. Eu acho que deveria colocar isso entre aspas, já que é praticamente uma utopia para mim.

Venho controlando a minha vontade de chorar hoje o dia inteiro. Não vou chorar. Não vou. Lembro-me de ter chorado, outras vezes na minha vida. Quando havia muita dor e o rio dentro do meu corpo queria sangrar. Que merda, estou fazendo frases subentendidas de novo. Não consigo ser clara. Doeu, muito. Pronto. E ainda dói, de vez em quando. Me dói pensar em tudo o que eu não tive. Tenho saudade do que não existiu, do que nunca foi meu, do que não me conhece. Me desculpe por alugar sua paciência. Isso tudo está uma merda. Esse texto, meu quarto bagunçado, minhas futuras provas do vestibular.

Minha vida.

14 comentários:

  1. n queria q parecesse algo adulto e tal, mas teus textos de alguma forma me lembram eu mesma com a sua idade. n é q eu seja bem mais velha q vc, nem q possa dizer q essas coisas doídas passam de vez, mas tô quase certa de q, como foi pra mim, isso vai se tornar cada vez menos frequente (apesar de arrebatador nas poucas vezes q aparecem) pra vc.

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  2. Amei! De verdade, esse texto é ótimo. Incrível, o quanto você escreve bem.
    Me identifiquei um pouco com esse texto, é a vida né fazer o que.
    Me explica, porque eu ainda não te sigo?! agora sim! Beijos jaci

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  3. Belo texto *-*
    Adorei teu blog!

    Parabens!

    Beijos linda!

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  4. Tem momentos em que a vida da gente tá de ponta cabeça msm e o pessimismo bate de todos os lados, mas eis que vem o amanhã com surpresas e coisas inesperadas que nos tiram daquela desolação, a vida é feita de momentos e fases que passam para outras começarem...

    Bjs =)

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  5. ah, esse sentimento todo faz parte da vida. felizmente até, dá aprender bastante com tudo isso, é só olhar com cuidado.
    e, relaxa, também tô em época de vestibular e se adianta dizer, me sinto assim com muita frequência.

    beijos :*

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  6. ps: adoro brincar com o salomão rs :p

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  7. Olá!
    Essa bagunça acontece...
    seja do lado de fora, seja do lado de dentro.
    Mas não se preocupe pelo texto, a dor fala por si só.
    Espero de coração, que você se encontre em meio ao caos.

    Um abraço carinhoso!

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  8. bom mesmo é lembrar que a gente sempre supera esses momentos tensos.!
    eu acredito que você vá superar também (:

    beijas jaci :*

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  9. Talvez, por sempre escrever coisas subentendidas, e não ter com quem contar pessoalmente, você não consiga dizer o que você tem. Você tem como escrever os seus sentimentos, e não os fatos. Se um dia, precisar de alguem pra conversar, não meça esforços a pedir meu msn. Beijos querida.

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  10. Um sentimento forte esse que vc sente, acho valido um pouco de reclusão.Mas lendo seu post, vejo que vc tem muita força na "caneta". Joga todo esse sentimento nos seus textos, certeza eles vão explodir de tanta emoção.Adorei seu blog, as cores claras, muito cuti!Vou voltar.

    beijos mordidos!

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  11. Adoro teu Blog e os teus textos são sempre perfeitos!
    beeeeijos *_*

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  12. Eu estou me sentindo exatamente assim hoje. Não há nenhum véu sobre os seus sentimentos. E me sinto como se não tivesse nenhum véu sobre os meus também.

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  13. Seja verídico ou ficção, é maravilhoso. Que transparência que consegues passar ao leitor. Uma palavra: Sensacional.

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