terça-feira, 15 de setembro de 2015

The Depression Diaries, nº 45 - Morrer é uma arte

Não há muito o que se dizer quando alguém te diz que quer se matar. Eu coleciono olhares de todas as pessoas para as quais eu disse isso, e o que cada um deles tem em comum é uma mistura de incredulidade com impotência. Eu não espero que ninguém me diga nada que valha a pena a continuar a viver. Nem pena, nem recomendações. Só o aceitamento. Meu lado lógico me diz que não sou que quero essas coisas, mas sim a doença que infesta meu cerébro, e eu entendo. No entanto, como conseguir acreditar em si mesma quando o que você sente não é compatível com o que deveria ser verdade? Meu cérebro tenta me matar todos os dias. E, por muito tempo, ele era a única coisa pela qual eu podia me orgulhar. Minha inteligência, minha imaginação, minha percepção — coisas que vivem dentro do meu crânio — são tudo o que eu sou. Sem elas eu sou um corpo em estado vegetativo. Estive raciocinando sobre questões de insanidade e sempre chego a conclusão de que eu estou cansada demais pra qualquer coisa que eu não possa tocar, sentir, ver.

Eu não sei bem explicar porque eu quero me matar. É apenas um desejo intrínseco dentro da minha pele, que me corrói todos os dias que ainda permaneço viva. A todos os meus amigos que sempre se preocuparam e se preocupam comigo, eu agradeço. Eu vou precisar ainda de vocês pra mais algumas coisas, principalmente pra lidarem com tudo depois que eu me for. Todas as coisas que eu já quis algum dia na vida foram feitas para serem cumpridas por outras pessoas, com outros corpos, outras faces, com cérebros saudáveis. Espero passar invisível por esse mundo já que não pude deixar meu nome na história. Não quero nada menos do que tudo. Não me satisfaço, não me importo, não meço limites. Eu amo todos vocês. Meus amigos, minha família e até você que for um desconhecido e tiver lendo isso (alguém ainda lê esse blog?): eu amo vocês. Eu só não consigo mais viver assim. Eu achava que eu era a pessoa mais forte do mundo, mas não sou. Não aguento mais lutar. Eu to cansada, tão cansada.

(Não, ainda não sei quando vou me matar.) (Sou só mais alguém em período terminal da sua doença.)


"Dear Mom,
 thanks for this beautiful life and forgive me if I don’t love it enough."
Anonymous


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