segunda-feira, 24 de novembro de 2014

The Depression Diaries, nº 28 - Sobre banheiros e o que não foi dito

Eu não sei expressar minhas palavras faladas do mesmo jeito que expresso minhas palavras escritas aqui e em outros lugares. Meu cérebro para de funcionar direito e eu me sinto falsa, tão falsa quanto uma nota de trinta reais. Tudo que sai da minha boca parece mentira, parece drama, parece forçado. E eu estou muito cansada, mas muito mesmo. É muito repetitivo dizer isso, mas parece ninguém consegue perceber. Outra vez, aqui estou tendo expectativas sobre os outros e suas vidas que claramente são mais importantes que eu. Eu não gosto de perder meu tempo, nem tenho mais discernimento pra isso. 

Há sempre um momento, um momento que muda tudo. Aquele momento em que você começa a ver as coisas diferentes, do jeito que elas realmente são. O mundo passa ser só mais uma pintura triste na parede de um museu, tudo perde a cor no exato momento que a verdade é jogada na sua cara. Eu acho que eu devo ser uma pessoa muito entediante pra só servir pras minhas amizades como ouvinte das suas vidas sociais e amorosas e dando comentários sarcásticos sobre. Mas eu não sei mais ser essa pessoa, essa amiga. Não por que eu não goste mais das minhas amizades, mas sim por que eu não sou prioridade na vida deles e pra falar a verdade acho que nunca fui. Essa é a mais longa das crises que eu já tive (está aí desde o final de setembro) e eu simplesmente não me importo mais com nada que não seja conseguir sobreviver a cada dia que tenho que sair de casa. Eu não tenho mais tempo pra ninguém que não queira me dar suporte. Foda-se se eu estou sendo egoísta, eu não dou a mínima. Eu sou minha prioridade no momento, e não tenho mais tempo nem paciência pra dizer que estou bem quando claramente não estou.

Eu sei que eu não falo muito. Sei que meu primeiro ato é me afastar, é me isolar. Não confunda minha auto defesa com desdenho pois não é. Mas eu acho que, no fim, tudo se resume ao não se importar. Ao não ver esse lado negro de mim que assusta muita gente, e poucos conseguem ainda se manter ao meu lado depois de vê-lo. Cada vez que eu desejo ter amigos novos eu sou lembrada de que sou instável como uma bomba relógio, que as pessoas não sabem lidar com minha doença e provavelmente, como os outros, vão se afastar. 

Tá todo mundo tão cansado dessa minha escuridão que provavelmente ninguém lê nem o que eu escrevo aqui. Eu tento escrever o que eu não consigo falar na tentativa de esclarecer os pontos mais confusos da minha personalidade e da minha vida. Eu sempre vou escrever. E certamente vou deixar de falar muita coisa. E vou fingir estar mexendo no meu celular todas as vezes que eu perceber uma tentativa de interação. Eu só queria que as pessoas não desistissem tão fácil de mim. O fato de que não me restou nenhuma amizade nessa cidade é triste e ao mesmo tempo libertador. Mas, em geral, triste. Você não deixa de amar as pessoas assim da noite para o dia. Acredite, eu tentei. Pedaços do seu coração são roubados e levam um tempo para se regenerarem. Eu vou continuar me importando, mesmo que seja tolo da minha parte. Por um lado é difícil ficar sozinha, porém uma parte de mim fica satisfeita ao ver que não arrastei pessoas que amo para esse poço de tristeza e ansiedade que me tornei; coberta de ansiolíticos, antidepressivos e remédios pra conseguir dormir. Minha inveja reside nisso mesmo, de ver os outros contentes e não conseguir sentir o essa felicidade também. Estou protegendo vocês também quando me afasto, quando finjo que não os conheço. Não há forças no mundo que eu não tenha tentado invocar para manter o que eu achava que era, para ser alguém normal. Assim como não há forças poderosas suficientes no mundo que me façam chegar naquele banheiro. O universo é tão grande e eu sou tão pequena, em todos os sentidos. Eu quero querer viver, eu quero não ter medo de arruinar a vida dos meus amigos e da minha família, eu quero ser contente comigo mesma. Eu quero tanto conseguir me amar e conseguir voltar a acreditar nas coisas e nas pessoas novamente. Eu quero andar sobre novas terras, novos planetas, novas galáxias, novos mundos paralelos nos quais eu encontre um eu que é tudo que o meu eu não conseguir ser. Eu quero ser feliz de novo. 

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