domingo, 1 de setembro de 2013

The Depression Diaries, nº12 - O dia em que eu larguei o psiquiatra

Eu fico olhando pro palitinho da página piscando e piscando e não consigo pensar em nada que seja agradável ou conveniente pra dizer. Talvez por que não haja mesmo, ou talvez por que tudo o que havia pra ser dito já o fora. Então por que meu maxilar dói com o peso do silêncio como se houvesse milhares de coisas que foram deixadas guardadas na gaveta? Minha história e minha depressão parecem que tornaram-se uma só, mas seria possível uma sobreviver sem a outra? É o que me pergunto todo dia.

Minha mãe me recorda pela milésima vez que tenho que ir remarcar a consulta com a psiquiatra, e eu ignoro pela milésima vez. Sinto como se eu vivesse num bolsão atemporal e conseguisse ver todo mundo à minha volta mudando, conquistando coisas, envelhecendo e eu continuo aqui só sendo eu, só me sentindo miserável e inútil, sem talento algum. Tudo se torna assustador pra mim, desde o futuro até a necessidade de fazer uma ligação. Depois de um ano vivendo com essa doença todos os dias do meu lado me dizendo mentiras que acabo acreditando, como eu poderia ter fé e reconhecer uma verdade? 

Sendo mais clara: como eu vou viver sem a depressão se eu tenho medo de não ser mais nada sem ela?

Eu decidi largar o psiquiatra por que a sensação que eu tinha era que eram me postas correntes por todo o corpo a cada consulta. É minha culpa de que nenhum remédio funciona comigo, concluí. Portanto, essa contínua visita mensal é inútil. Não quero acordar um dia e me ver dependente — viciada — em remédios provendo uma falsa sensação de segurança. Eu quero estar no controle. Eu quero respostas que pílulas não podem me dar.

Não sei ainda o que vou fazer — principalmente se tiver outra crise, mas acima de tudo meu desejo é que me levem a sério. Que não tenham medo de dizer a palavra D em minha presença sem que isso seja motivo de casualidade. Todas as pessoas reduziram-se a motivos que encontro pelas quais chorar, já que em mim todas as falhas já receberam suas lágrimas. Nem é tanto o choro em si, mas sim a sensação pós choro que é procurada. Aquela paz que se encontra naqueles minutos com o rosto ainda quente e vermelho é a que eu sinto falta. Meus olhos querem debulhar-se em lágrimas, porém tudo o que encontro é vazio. E o vazio é pior do que todas as dores do mundo. 

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