segunda-feira, 26 de novembro de 2012

The Depression Diaries, nº01

R.W. Shepherd escreveu certa vez: "Você lida com a depressão da mesma maneira que você lida com um tigre." Soa meio tolo quando a voz dentro da minha cabeça que maquina o dia inteiro diz que se tudo isto não passasse de uma luta com um felino, eu já teria dado o meu jeito de pensadora ágil para me livrar de tal problema; eu nunca me escondi diante de qualquer duelo, exceto quando ele se passa dentro da minha cabeça. Meu nome é Jaciara Macedo, tenho 19 anos e uma depressão há 11 meses.

A maioria das pessoas (inclusive minha genitora) acham que é possível ter certo domínio sobre minha doença (utilize o plural pois lembro-me agora que também tenho transtorno de ansiedade) ou sobre qualquer ação ou atitude que ela venha a me induzir a fazer. Eu faço merda. Eu afasto as pessoas que amo. Eu sempre me desaponto. Esse é meu carma, minha condição, minha história que se repete desde os primórdios de 1993 quando eu já vim a este mundo chorando e gorda. Até hoje eu não sei muito bem como entrei nisso, mas o que realmente importa é que não sei como sair desse estado depressivo. Será que acontece do mesmo jeito que a extinção dos dinossauros? Algum dia tu acorda, olha pro céu e vê um meteorito vindo na sua direção e PLAF! Tudo desaparece. Não que eu esteja desejando o fim do mundo, apenas o da minha dor.

Tenho passado os últimos dois dias bem. Depois da segunda consulta com minha psicóloga — a pessoa que me incentivou a escrever isso aqui — e após uma conversa franca com minha mãe, eu tenho posto as coisas numa perspectiva que talvez seja difícil de explicar, entretanto soa claro e pacificador na minha cabeça. E ao mesmo tempo, é desesperador. Por que eu sei que essa paz interna não vai durar tanto quanto eu gostaria nem me alimentar tanto quanto eu preciso. É como ser e viver numa montanha russa de tudo e mais um pouco, na qual em determinada parte do trajeto eu seja uma porra louca (ou velha louca, como Thyara diria) que só quer viver e viver e nos trilhos mais a frente eu me sinto sufocada num lago negro com tudo o que há de ruim ou como eu carinhosamente gosto de chamar, "minha mente".

Ainda estou tomando Pondera, 10mg. Meu psiquiatra resolveu trocar meu remédio por ele não estar fazendo o efeito que ele esperava que fizesse, e agora começarei a tomar Zoloft. Eu espero que realmente me ajude. Minha mãe me diz para tentar sair disso tudo sem a ajuda de medicação, entretanto eu não acho que isso seja possível. Eu tentei por tantos meses que ela nem ao menos desconfia. Esperar até a madrugada, quando todos estão dormindo, para chorar pelo dia inteiro; querer morrer todas as vezes ao abrir os olhos; odiar tanto você mesma que não consegue suportar sua própria existência. 2012 foi o ano em que eu quebrei, a mim mesma e aos outros. Sinceramente cansativo.

Eu tenho conseguido não dar a mínima para certas coisas. Às vezes, enquanto na internet ou em outro lugar qualquer, eu quase sinto toda aquela tristeza que fica como uma nuvem negra ao redor de mim apenas esperando o momento certo de atacar. É notório que eu já estive pior do que estou atualmente, mas as férias se aproximam e ficarei sozinha novamente. Para piorar, será fim de ano. Natal sozinha, Ano Novo sozinha. Todos aqueles sentimentos vão voltar, eu apenas sei. É um prato cheio para eles que tenha toda a discografia do Joy Division no computador. 

Um comentário:

  1. Esse texto mexeu comigo mais do que eu gostaria de admitir, apenas digo: stay strong. Não por clichê, mas porque é a única coisa que somos capazes de fazer por nós mesmos, permanecer firmes e lutando para nosso próprio bem.

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