terça-feira, 13 de março de 2012

Alone on the water.

“When you're drowning, you don't say 'I would be incredibly pleased if someone would have the foresight to notice me drowning and come and help me,' you just scream.”
John Lennon


Certa vez eu disse ao meu psicólogo que eu era uma psicopata que não sabia bem como meu distúrbio mental funcionava. Em vez de machucar qualquer outro vivente que perambulasse pelos mesmos caminhos que eu ou que cruzasse minha estrada, eu enfio a faca sem dó nem piedade bem no meio do meu peito. A dor vai aparecendo aos poucos como quem se esconde de algo inevitável e no fim vê que foi inútil remar na direção contrária à do rio. É fácil dizer para ouvidos alheios que você deve aceitar o que você nasceu sendo, quando tudo o que você vê e ouve ao fechar os olhos é escuridão e o ruído dos seus próprios pensamentos sem fim. Parece não haver frequência no mundo que interrompa esse barulho constante que muitas vezes não me permite dormir. Não tenho sido nada para o mundo e o mundo não tem sido nada para mim, nada além do grande paradoxo que me tornei. E todo esse vazio dá desespero. Porque no vazio não há nem uma sequer respiração, não há medo, não há futuro. No vazio você consegue ver seu demônio, no vazio você consegue ver sua própria monstruosidade. E no vazio faz doer quando você não consegue enxergar seu reflexo por não ser nada. A única solução é me esconder covardemente nas entrelinhas, esperando que alguém, algum dia, em algum século ou milênio ou galáxia saiba interpretar o que minha mente caleidoscópica quis dizer. Mas minhas melhores palavras, meus melhores textos, minhas melhores citações ninguém pode ver. Eles moram dentro de mim e eu sou oceano perigoso de se navegar, repleto de krakens e serpentes marinhas gigantescas. Ninguém pode ver por que são elas que me machucam, são elas que me rasgam dos dedos pequenos do pé até meu último neurônio. Meu masoquismo não me permite abandoná-las ao léu, pois como Scarlett O'hara eu prometi, com Deus como minha testemunha, que jamais deixara as palavras me escaparem novamente. Minha psicopatia reversa junto com minha imaginação desenfreada as alimenta com carinho, as acalenta e as nutre com tudo o que elas precisam, fazendo com que assim elas estejam sempre prontas para a minha guerra diária e assim como Hitler, eu prefiro desencarnar do que perdê-la. O que torna minha vida uma eterna Lei de Godwin.

Um comentário:

  1. Nossa eu também me sinto assim O.o Vivo a vida como se tivesse vendo m filme, como se não fosse real. Mas não gosto disso, dai tento distrair minha mente fazer parecer real porque tenho medo do que posso me tornar, de que no que o vazio pode me transformar...

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