segunda-feira, 18 de julho de 2011

Felicidade alheia.

"Amar é encontrar a própria felicidade na felicidade alheia." 
Wilhelm Leibniz


Há uma frase que diz: "Todo mundo quer ver você bem, mas nunca melhor do que eles". Felicidade alheia é algo com o que nem todo mundo aprende a lidar. A maioria é obrigado a isso, francamente. Grande parte das vezes, não importa o quão triste você esteja ou o quanto te machuque o contentamento de quem você ama, um simples "estou feliz por você" é o que faz um dia melhor. E nunca vou em arrepender de ter feito um amigo feliz com um abraço animado depois de uma conquista dele, mesmo estando em pedaços pequenos por dentro. Pois se você ama, você quer ver a pessoa feliz. Mesmo que você não seja parte dessa felicidade. Essa merda toda que eu tenho de sempre colocar os outros acima de mim e fazer de tudo para que eles estejam perfeitos e serelepes por aí está me fodendo a cada dia mais. É provável que seja por causa disso que eu nunca tive nada meu. Tudo sempre foi emprestado, remanescente, irreal. Mas na verdade, lá no fundo, eu sei que não é culpa de ninguém. Um pouco minha, sendo sincera. A questão é que sempre me doeu tanto ver os outros infelizes que eu quis pegar essa infelicidade para mim e guardar ela bem aqui dentro, junto com os outros sentimentos que eu finjo não ter por que talvez seja melhor assim. Eu tenho tão poucos amigos, tão poucas histórias boas, tão poucos momentos bons que se às vezes canso as pessoas com meus gostos chatos e meu jeito rude não tenho nem o direito de culpá-las. Eu vinha sempre me bastando, me suportando, me gostando até que chegou o ponto que eu me vi completamente sozinha. Sozinha, ouvindo pessoas que gosto falarem sobre pessoas e coisas que detesto e tendo que sorrir nas fotos que nunca quis tirar. A cada flash é uma memória nova que espero que seja apagada da minha mente, na fiel esperança de que um dia eu vire nada mais do que um quadro branco. Aí sim, talvez nesse dia eu possa reescrever tudo novamente e não ter que fingir felicidade pelos meus lindos e convencionais amigos. Talvez nesse dia eu possa enxergar você, tão feliz no seu mundo cada vez mais distante do meu e perceber que tudo o que mais quero é sua felicidade, que a cada vez que vir alguém perto de você eu possa pensar no como essa pessoa pode te fazer feliz, tão feliz quanto eu gostaria de ter feito um dia. Não preciso mais simular nada sobre mim ou sobre o que aprecio para ser aceita e estou começando a aprender a me colocar em primeiro plano. A idade que eu possuo não define mais o que eu tenho que ser ou como eu devo me comportar. Consigo me sentir feliz pelos ganhos dos poucos que amo e espero sempre o melhor para eles. É isso que todos deveriam almejar. No fim, é tudo uma questão ponto de vista. Você é que escolhe quem deve ser. 

Música do post: Unloveable - The Smiths

3 comentários:

  1. Acabei de me ler no seu texto. "A questão é que sempre me doeu tanto ver os outros infelizes que eu quis pegar essa infelicidade para mim e guardar ela bem aqui dentro, junto com os outros sentimentos que eu finjo não ter por que talvez seja melhor assim." É realmente isso que eu venho fazendo durante minha vida toda. Sendo feliz pelos outros e infeliz por mim. Tá na hora de eu escolher quem eu sou de verdade.

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  2. "No fim, é tudo uma questão ponto de vista. Você é que escolhe quem deve ser."

    Será mesmo? Será mesmo que um fato pode se tornar interpretativo? Será mesmo que podemos dizer que o findo não é tão findo quanto imaginamos? Será mesmo que o que queremos se tornará realidade?

    Às vezes, pequena gigantesca escritora, o ponto de vista pode ser geral, e daí se torna unanimidade. Por vezes, o ponto de vista se torna individual, e daí se torna o ponto de vista como você quis mencionar.

    Se for assim como você escreveu - e eu confio em que você transcreve para nós - diga que esse não é fim. Diga-me que amanhã estarei indo lá sorrir novamente para aqueles que um dia me fizeram tremer de emoção. Fizeram não, fazem.

    O texto é belo, como sempre.

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  3. Seu texto transbordou intensidade e verdade. Eu adoro isso. Também vivo me fodendo ao colocar os outros em primeiro lugar, mas acho que tô aprendendo a dividir esse espaço. Espero que você também aprenda. Um beijo :*

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