sábado, 12 de março de 2011

La pieza de tí sigue siendo.

"Tudo é você. Minha personalidade é você. Quando eu berro Strokes no carro ou quando eu faço uma amiga feliz com alguma ironia barata. Tudo é você."
Tati Bernardi


Pensei em te mandar uma carta. Não muito melosa, sem todos aqueles clichês baratos e o que pode se considerar convencional. Aí então lembrei que você me disse uma vez minhas palavras não te tocavam mais. Doeu mais do que cinquenta socos no estômago. Do que cinquenta cólicas ao mesmo tempo. Me recordo e tento me manter firme da convicção de que há muita coisa mais interessante pra se fazer nessa vida do que lembrar de amores passados, que nem valeram a pena a ponto de me fazer chamar um ombro amigo. Eu saio por aí com uns amigos tentando não te ver em cada cara mais alto e com um andar meio desengonçado. Procurando um corpo que possa substituir o seu, que desvencilhou-se de dentro do meu carro a última vez que brigamos tão feio que pensei que nem voltaria pra buscar suas coisas. A gente era feliz junto, disso tenho certeza. E poderíamos ter dado certo. Mas quanto tempo eu teria que esperar por isso? 5, 10 anos? Você não iria mudar nem eu faria o mesmo. O que fiz foi mudar de cidade, de casa, de cor de cabelo, de amigos. Expurguei tudo o que era seu em mim, até que chegou a um ponto que se eu tirasse mais, acabaria que nem essas pessoas mal amadas por aí que vivem para praguejar a vida alheia. Antes, durante e depois de tudo eu sempre achei que minha insegurança, minha gritaria e minhas estranhezas eram demais pra que você, alguém, todos eles pudessem suportar. Nunca tive a utopia de que o amor superava tudo, todas essas ervas daninhas. Não supera não. As coisas vão se acumulando e formando uma bola de neve cada vez maior e quando tu se dá conta, já foi engolido pela tempestade. Eu era a menina que fazia loucuras por você, mas tive de crescer e virar a mulher que você já não amava. Ainda te vejo em uma porção de pessoas, como se cada uma delas trouxesse uma parte de você que ficou pra trás. Juntando todas, como quem monta um quebra cabeça e espera um dia terminar e ver sua paisagem completa. E eu, que pensei que nunca conseguiria deixar você, hoje tento manter sua imagem cada vez mais longe de mim, como se esperasse que você não fosse quem eu quisesse ver na rua e continuo andando numa corda bamba em plena rodovia lotada. Pedindo desculpas por não ser mais com quem você se importa, mesmo você sendo o menino que eu sempre amei e que quis me fazer feliz mais do que qualquer outra pessoa no mundo. Abracei meu destino, se ele significa não ter você.


"Só sei que você está em um lugar dentro de meu coração, e não importa onde eu vá, nunca parte."
Lucas Silveira
Música do post: How Are You Now? - Beeshop 

4 comentários:

  1. Gostei do texto. Fiquei imaginando se é pessoal...bom,provavelmente, já que é difícil passar esse tipo de sentimento pro papel (você tem de sentí-lo primeiro). Ah,sim, estou a te seguir

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  2. Lendo-te, eu, me lembrei de quantas vezes tentei me livrar de sentimentos assim. E de coisas que certas pessoas me deixaram. Por vezes a gente pensa que, essas coisas, ficam e não saem mais. Porém só vivendo e superando a gente percebe que, uma hora ou outra, sai. Muitas vezes sem nós percebemos.

    Se eu tivesse escrito um texto como esse ou qualquer outra coisa sua que já li me contentaria e não escreveria mais nada na vida. Uma linha sua já me seria suficiente para me deixar feliz como escritor pelo resto da vida.

    Meu beijo! Pequena.

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  3. Livrai nos de todo esse mal que o pós amor pode causar. Abrace esse destino sem ele, mesmo que seja difícil, siga em frente.

    Sabe, o que quanto eu gosto dos seus textos né? Você as palavras que me inspiram, que me entendem, que me refletem. Você sabe mesmo como se expressar.

    Beijos, coração.

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  4. Seus textos são diferentes sempre, me pegam de surpresa e me fazem pensar na situação em que isso acontece.
    Mas o amor é uma dor, tá,rs.
    Linda, muito bom seu texto, como sempre e sempre *-*
    Sabes que tem uma fã aqui.

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