domingo, 26 de agosto de 2012

When you ain't got nothing, you got nothing to lose.

Parece fácil seguir a cartilha que te dão desde o momento em que você nasce para segui-la até sua eventual morte. Muitas vezes durante os dias eu me sinto como uma rebelde de um futuro distópico onde todos são obrigados a ser sociais e ter milhares de amigos e dezenas de namorados. Meu Deus, eu não tenho suportado ninguém. Todo mundo é educado desde criança para entender que não ter nada é uma coisa terrível e abominável e que seremos infelizes para todo o sempre se permanecermos em tal estado. Por isso aprendi a sempre questionar o que os outros dizem, por maior verdade universal que uma coisa pareça ser. Não ter nada é libertador. Quando não se tem nada, você pode fazer o que você quiser. Você pode sair no meio da noite sem dar satisfação e só voltar três dias depois, pode ir a qualquer lugar e fingir ser outra pessoa. Não se tem nada a perder. 

Minha teoria é que não ter nada é algo que acompanha determinadas pessoas pelo resto da vida, não importando a quantidade enorme de coisas que elas pareçam ter. Eu não tenho nada, e afasto-me cada vez mais daquilo que pareço ter. Quero repeli-los, quero que vão ser tudo o que nunca poderei ser ou participar longe de minha vista, queria poder ter sido parte da amizade que me sinto cada vez mais distante. Meu Complexo de Deus me isola cada vez mais, como se eu mesma soubesse que no fim de tudo eu acabarei sozinha por escolha própria. Não tenho nada a dizer, nada a oferecer, nada a deixar para as futuras gerações que espero que não sejam como eu. Sou uma bomba relógio prestes a explodir na mão de quem estiver mais perto, e que infelizmente nenhum deles é quem eu gostaria que catasse meus pedaços. Aquela minha idéia de estar apenas acumulando amigos com o passar dos anos foi por água abaixo há muito tempo, enquanto todos me dizem que devo sorrir e socializar mais. 

Eu não tenho paciência pra quase mais ninguém, e meus momentos agradáveis duram menos do que um fósforo aceso. Às vezes eu acho que estou ficando maluca, que nada disso vai levar a nada, que ninguém nem ao menos vai lembrar de mim daqui há quarenta anos. Não confio mais em ninguém, principalmente em mim mesma. Minha mente prepara truques para me enganar e trincar cada vez mais minha sanidade. Nunca pensei que chegaria ao ponto de que a felicidade e amizade alheia fosse me incomodar de tal modo, porém nada é uma surpresa muito grande quando se trata de mim. Um instável eu, um imprevisível eu, com uma imaginação que grita na minha cabeça 24 horas por dia. Pois quando não se tem nada, só te resta imaginar como seria ter tudo.

"I have nothing to offer but blood, toil, tears and sweat." Winston Churchill

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