segunda-feira, 2 de julho de 2012

Uma estrada áspera conduz às estrelas.

Você está no meio de uma conversa bem franca com algumas pessoas e sempre aparece aquela sensação de como-eu-sou-mais-maduro-agora-do-que-era-um-ano-atrás. Mas na verdade é tudo um monte de bobagem. Sim, é isso mesmo. Você aí, que pensa que é completamente maduro e hábil a tomar decisões e formar opiniões importantes sobre isso ou aquilo, não é maduro coisíssima nenhuma. Você está apenas a cada ano mais perto da morte, e assim mais conformado com o que a vida lhe dá e lhe traz. De qualquer maneira, eu sinto que eu mudei muito nos últimos três ou quatro anos. Eu olho para trás e não consigo assimilar que eu já fui de tal jeito, porquê eu fazia aquelas coisas e não outras, porquê eu deixei algumas pessoas fazerem certas coisas comigo. Não acho que amadurecer seja a palavra correta, mas acho que cresci. Finalmente, cresci. E continuo crescendo, mesmo ainda sendo baixa. E passo a compreender certas coisas, além de aprender. Cada vez mais acredito que é verdade que todas as nossas células são substituídas completamente a cada sete anos, criando pessoas novas e dando mais algumas chances de você deixar de ser um cretino. 

Eu não acredito em destino. Realmente não. No entanto, eu compreendo algumas coisas relacionadas a ele. Como, por exemplo, pessoas que trilham dois caminhos completamente diferentes mantendo a esperança de se encontrarem numa grande falha temporal que os una novamente. O crescimento me faz ver isso não com tristeza, mas com certa sabedoria de que não há porquê fazer tempestade em copo d'água quando tudo pode ser bem azul e bonito enquanto ainda lhe for permitido ser. Uma hora a gente cansa do drama, cansa de tentar novelizar nossa própria vida e tenta ver tudo no preto e branco. É como em Casablanca: não é porque o Rick amava a Ilsa muito antes do marido dela que ele obrigatoriamente largaria tudo para fugir da Guerra com ela. Venho raciocinando há muito tempo como as pessoas entendem errado essa coisa de amor. Não existe egoísmo nesse sentimento. Sempre achei que ele fosse algo tão importante e imensurável que não se descreve apenas com as-três-palavras. E ao contrário do que os filmes nos ensinam, a gente consegue ser feliz mesmo sem quem nós amamos, mesmo que por limitado tempo. Não se morre, não se esquece, porém não se sai ileso. Todas as noites ainda haverá uma cara estúpida em particular para se pensar em ir ao encontro, e isso deverá bastar por hora.

No final, as pessoas que nós vamos nos tornando são uma peneira que filtra que permanece e quem passa em nossas vidas. Não há arrependimento dos momentos que vivi com aquelas pessoas nem procuro esquecer o que elas foram para mim em determinadas épocas, apenas aceito que elas se foram e não voltarão mais. É quase como a morte — com certa dor que se transforma em lembranças que resgatamos quando tentamos saber quem éramos em alguns períodos. A gente cresce achando que vai acumulando amigos com o passar dos anos, mas na verdade ficamos com cada vez menos. Então parabéns aí, amigão que se acha maduro e adulto: isso tudo é uma merda. Sempre achei que quem muito se afirma maduro não passa apenas de alguém que não sabe quem é. E eu sempre soube quem eu era, mesmo quando fingia para mim mesma que não por meio de milhares de verborragias. Requiro a exceção pelo motivo de não ser tão fácil se armar com cota de malha e espada e partir para a batalha quando é seu próprio monstro que você tem que derrotar. Vamos deixar de ser idiotas e tentar sermos as melhores versões de nós mesmos que podemos ser.


"I will remember the kisses  
our lips raw with love  
and how you gave me  
everything you had  
and how I  
offered you what was left of  me"
                                                      (Charles Bukowski)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Talk talk talk / Don't you know where you want to go /
Start something new, that you know where you want to go