domingo, 10 de junho de 2012

We accept the love we think we deserve.

Para Patrícia e Delmas.

Eu não sou uma menininha. Nunca fui e nunca serei, e acho que isso é uma falha de fabricação que eu não desejaria que tivesse sido diferente. Sempre odiei dever qualquer coisa a quem quer que seja, e por isso meu círculo de amizades sempre foi mais restrito do que o número de pessoas que já pisaram na lua (12 pessoas caso você não saiba). Eu sempre pensei que com o passar e as mudanças dos anos eu teria mais e mais pessoas em minha vida; assim, só o suficiente para poder dar uma festa em casa e não sentir que até um ermitão convive com mais pessoas do que eu. Não que eu vá dar uma festa em casa. Não que eu vá comemorar alguma coisa. Há mais ou menos dois anos, nessa mesma época, eu conheci meus dois melhores amigos. E eu não escolho qualquer um. Eu consigo enxergar um algo a mais, uma luz a mais na aura como se essas pessoas viessem do universo paralelo. Eu vejo a grandeza, vejo o que eles têm de mais especial. Vejo um brilho eterno em tudo exceto eu. Por isso sempre digo que ser meu amigo é mais VIP do que entrar para a Liga da Justiça. Meus melhores amigos são dois idiotas. Completamente e imensuravelmente. Mas eu não os trocaria por nada neste universo. Eu mataria por eles sem titubear, eu quebraria as pernas de quem lhes quebrasse o coração. Eu não sou carinhosa. Não sou sentimental, não sou carente nem muito menos um livro aberto. Não agradeço, não peço por favor, não peço desculpas. Com certeza sou uma pessoa chata pra caralho de se conviver, o que é outro motivo para que eu não tenha muitos amigos. De qualquer jeito, obrigada. Aos dois. Sempre. Mesmo quando eu não disser. Pois sabem que não direi. Obrigada pelas madrugadas de conversas no msn e no Skype, que me fizeram rir mais do que eu imaginava que alguém conseguiria. Vocês são só dois anos mais novos que eu e muitas vezes parece que nossas idades se invertem, e também há outras em que eu os acho adolescentes demais pra mim. Obrigada por me suportarem nos dias em que minha personalidade cruel e perversa está no comando das minhas ações, obrigada por me quererem sempre por perto. Sei que tô prometendo há muito tempo ir visitá-los. Eu sei. Mas eu vou conseguir. Porque porra, vocês são bebês demais ainda para se despencarem do outro lado do país pra cá. E as mães de vocês ainda pensam que sou uma pedófila. Eu pensei muitas vezes em todas as coisas que faríamos (e faremos) juntos, como acordar a Patrícia de cinco da manhã cantando "Patricia The Stripper" e obrigar o Delmas a assistir O Senhor dos Anéis comigo. Obrigada pelas cartas (as que eu não recebi também, por pura preguiça), pelos SMS, pelos comentários no blog, pela zoação do meu sotaque. Obrigada por ter assistido os três primeiros filmes de Star Wars, por ter lido 1/4 de A Sociedade do Anel, por ter visto uma pastelaria chamada "O Senhor dos Pastéis" e ter me mandado uma mensagem dizendo que lembrou de mim. Obrigada pelas competições, pelas ligações no meio da minha aula na faculdade, pelos "eu te amo" que eu respondo com "obrigada", pelas vezes em que me ouviram falar dos personagens do meu livro. Vejo qualquer merda na rua e tenho vontade de ligar pra falar "Cara, olha a merda que eu vi aqui", mas o interurbano é caro demais. Não tenho culpa se mamãe quis vir morar na puta que pariu. Não sei muito bem até hoje como nós viramos amigos, mas acho que esse tipo de coisa é assim mesmo. A gente vai se envolvendo e envolvendo e quando vê já está recebendo SMS de madrugada da pessoa falando sobre o pau dela. Não me preocupo com o dia em que vocês se afastarem da internet e consequentemente de mim, pois sei que vocês vão continuar lembrando de mim por associação sempre que virem alguém rejeitando batata frita ou falando sobre Doctor Who. E não esqueçam que eu sei onde vocês moram. 

Nicolas Queide para o todo o sempre,
Jaciara Macedo

Um comentário:

  1. Outro dia vi um blog e uma menina inteligente. Conheci-a e tornei-me sua amiga. Ensinei a ela dos verbos pronominais até as expressões de realce. Tentei convencê-la de como eu era gênio e do quão ela era maravilhosa e acima da média. Desde ali fui mais feliz. Acho que foi porque ela entrou na minha vida. Quem sabe? Afinal de contas, Gandalf é rei. Isso significa que tudo pode ser real quando nós queremos. Ou quando a gente quer. Ou se quisermos. Ou se nós quiser. Quem se importa? Ela faltou mesmo minhas aulas de português e provavelmente nem perceberá os erros que cometi.

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