sábado, 26 de novembro de 2011

Duas mil milhas acima do céu.


“Sometimes the road ahead is paved with anything but good intentions.”
Elizabethtown


Estranho como as coisas parecem cada vez mais pequenas enquanto você cresce. O sentimento de sufoco se torna cada vez mais constante e parece que não há para onde correr antes de ser pego pelas obrigações. Pelo impossível que parecia possível até ontem. E no fim, tudo na vida é sobre sacrifícios. É sobre finalmente reconhecer que as coisas acontecem no momento certo, embora que isso seja realmente um saco de se agüentar. É notar um gesto que facilmente passaria despercebido por quase todos, mas que significa muito. Talvez as pessoas não tenham nascido para serem aquelas as quais se tornaram, entretanto elas fazem o melhor com o que têm. Alguns não nasceram para ser mães carinhosas e receptivas, mas do seu próprio jeito estão cuidando dos filhos como podem. Outros têm tão pouca fé em si mesmos que a glória parece mais surpreendente do que o fracasso. Outros ainda são ingênuos demais para suportar e comportar um sentimento que parece mais ferir do que alegrar a ambos. Ainda há quem se afogue em si mesmo de tanta culpa por algo que nunca será errado, temendo mais acertar do que errar. Além disso, ainda existem aqueles que estão sempre cheios de si por fora, enquanto são desesperadamente vazios por dentro. Engraçado como você pensa no futuro e nas diferenças que terão acontecido até lá quando o que ocorre na realidade é simplesmente um monte de nada. Sem sacrifício, não há realização. Sem sacrifício, não há mudanças. Sem sacrifício, não há nada. Desfrute de seu esforço e pague o seu preço. A questão sempre é se seu sacrifício vale a pena. Se você vai olhar para trás depois de atravessar a linha de chegada e ter a certeza de que faria tudo outra vez. Por que eu não faria. Se tivesse a mínima chance de ter escolhido outro caminho que não me levasse a você, não a desperdiçaria. Mas eu estou aqui, não estou? E não consigo desistir. E não posso. Não agora, não depois de tudo. E não depois de você. E não antes de te ter, mesmo que seja por pouco tempo. Aí depois de te entrego, lavado, passado e amado. Não basta ser, tem que parecer também, infelizmente. As pessoas acreditam mais em atos do que em léxico e no final, eu também. No final eu cresço, mesmo que não seja em altura. Eu pulo fases que você nunca imaginou que existissem, embora que algum dia chegará até elas como eu. A enfadonha e sem graça resolução da vida é que ela é apenas uma soma de quantas vezes você continua apanhando dela e ainda fica em pé. Não importa quantas vezes me nocauteiem, continuarei me levantando quantas vezes forem necessárias. E se percebe que há sempre coisas maiores por aí do que seu sofrimento. E que ninguém precisa saber. É triste ver como nos acostumamos mais com a ausência do que com a presença de algo ou alguém, o que torna o aparecimento de tal coisa ou pessoa a verdadeira surpresa. Não sei porque ainda vivo assim. Sinceramente, eu sei. No fundo a gente sempre sabe. Mas por enquanto está tudo bem. Quanto mais tempo passa, tudo fica cada vez mais claro. Enquanto se sai por aí sorrindo como se houvesse descoberto o maior dos tesouros, a luta contra os demônios internos continua. E me repito sempre, como você disse. E me torno cada vez mais impermeável, como você disse também. Não há algum segredo para sobreviver, assim como não há receita para diminuir a dor. Você somente a suporta, esperando o momento em que ela anestesie a si mesma. Não importa de onde você veio ou como você chegou até onde está, mas sim as escolhas que fez e as que fará. Por que vale a pena. Só não ficar em cima do muro já vale a pena. Só não ter medo de cair já é muito. E se cair, é você quem decide se vai estender a mão para o alto em busca de ajuda ou se vai afundar resignadamente. De todas as estradas que meus olhos já viram até hoje, as que me levam até você sempre são as mais bonitas. E agora eu pago o preço. 

2 comentários:

  1. Não me canso de amar os seus textos.

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  2. nham. Sério. Eu perdi meu tempo não vindo aqui durante tanto tempo. A tua inteligência e tua escrita sempre me encantam.

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