"É difícil aprisionar os que têm asas."
Caio F. Abreu
Respira fundo e vai. O ritmo da música ficou preso nas paredes, como nas teias de um super herói. O mundo antes tão pequeno, se alongava a cada passo descalço que eu dava, bem lento como um punhal que atravessa a pele sem nenhum aviso prévio. Tudo mudou, se mandou, tudo. E eu também mudei, me mandei. Antes, quando eu não podia, eu tentei salvar meu mundo, minha vida de todas as maneiras existentes. E então, nos últimos minutos para a partida do trem, eu pulei. Eu não podia ficar enjaulada - mesmo que não fosse da forma literal - presa às tuas correntes de seda. Eu só pulei. Não pensei nem por um segundo o quão machucada eu poderia ficar, só pulei. É o quase desespero do aprisionamento. Sempre achei que nossa diferença crucial era que você conseguia ser feliz dentro do seu mundo, enquanto eu queria ver o mundo. Você é bossa nova e eu sou os Beatles, você permanece firme no seu feijão com arroz enquanto eu experimento sushi. Por isso pulei. E não consigo me arrepender. Caminhei durante muitos anos sobre meu próprio teto de vidro para desistir agora. Minhas asas me salvaram, nunca tive medo de cair. A colisão sempre foi produtora de novidades. Seguro firme e vou. Onde você está na sua vida? Consegue ver? Continue pisando no chão enquanto ele ainda está firme. Assim como o mundo, meu desejo não se mede em fita métrica. As horas, que hoje passam devagar a cada olhada nos ponteiros, serão só lembranças amanhã, e depois de amanhã e depois de depois de amanhã. No fim, eu sempre soube que salvaria o mundo ou me acabaria junto com ele.
Música do post: Dancing Barefoot - Patti Smith
parabéns pelos ótimos textos, lindos sempre! é bom ler um texto e conseguir 'se enxergar' nele, mas ver também a pessoa que escreve...
ResponderExcluirpasseio sempre por aqui e cada vez eu gosto mais! e adoro as referências musicais também...
=)
Voltou enfim, que ótimo. Fazia falta guria, com suas palavras fortes, seus sentimentos intensos. (quanto ao seu comentário, é bem isso, TER que crescer é complicado, mas é questão de costume). Um beijo
ResponderExcluir"Eu sempre soube que salvaria o mundo ou me acabaria junto com ele."
ResponderExcluirMe identifiquei com cada palavra, mas esse final me fascinou.
É bem assim, somos tudos e nada juntos. Ela (essa garota) bem sabia o que queria, e o que queria era não viver "presa". *-* Gostei.
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