Eu não pretendia escrever nada hoje. Foi triste pra mim perder a vontade até de fazer a coisa que eu mais amo nessa vida, escrever. Algumas horas do meu dia eu gasto tão inutilmente que me sinto completamente inútil. Sento no sofá, cruzo as pernas e... só. Só. Só-zinha. Sempre sozinha. Na real, isso não precisa ser uma coisa triste. Eu tenho meus mundos imaginários, tenho a mim, tenho a... E ainda tem a eterna sonolência que me persegue, embora que eu ache que dormir é a coisa mais inútil do nosso organismo. Quando eu morrer terei muito tempo para dormir. A vida não pára.
Não gosto que me proíbam de fazer qualquer coisa. Por isso não acredito em destino. É como se eu não pudesse controlar minha própria vida. E se eu não controlo, pra quê eu estou aqui? Eu, você, meu cachorro Peludinho, todos nós temos que ter o direito de escolher o que queremos. Bem, acho que meu cachorro não. Eu dou-lhe comida e água e ele fica bastante feliz e quase me derruba enquanto ando. Queria ser feliz assim com pouca coisa, como ele. Mas tenho essa mania maldita de achar que sempre se pode ter mais. Nunca se contente com o que você tem, você sempre pode ter mais. E melhor. Não gosta mais? Troca. Não fez a escolha certa? Vai lá e faz de novo. Que se dane se você errar de novo. Se ninguém cometesse erros e fôssemos todos perfeitos e vivêssemos na Perfeitolândia, seria um porre. Provavelmente eu me tornaria uma genocida.
Encontrei duas moedas de um real na rua, hoje. Espantei-me pela "sorte" que havia me atacado, considerando que ela geralmente me evita. Acho que ela tem algum problema pessoal comigo, certeza. Limpei-as e coloquei no bolso. Passando por uma calçada, vi um mendigo pedindo esmola. Atravessei-a e comprei um sorvete.
Sim, eu sou bastante egoísta.
Eu nunca disse que era uma pessoa legal.
Estou há dois dias do meu inferno astral. O inferno astral sempre começa um mês antes do seu aniversário. Como se já não bastasse a desgraça dos dias normais, com esse inferno astral pra chegar, fodeu. Não estranhem se eu escrever alguma coisa meio triste, meio revoltada, meio alegre TUDO AO MESMO TEMPO. E principalmente, não tente entender. Porque quando percebo, me vejo chorando hidrelétricas. Por motivo nenhum. Ou por algum motivo que eu não saiba descrever com palavras. Pensei que algumas pessoas entendessem isso. Não entendem. Essa sou eu: fraca por sempre acreditar em algum gesto ou movimento de "eu sei que tu não tá bem, vem cá que eu te abraço", vencedora por ter conseguido me tornar alguém que não se importa. Contrariando as expectativas alheias, posso dizer que sobrevivi. Contrario-me diariamente. Uma estabilização de sentimentos me faria muito bem. Uma estatização, uma privatização, uma organização. Qualquer coisa com ão. Me parece grande. Mas ainda prefiro moedas de um real. Balas de menta me deixam feliz.