quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Things I hate about you.

"O meu coração já não me pertence, já não quer mais me obedecer. Parece agora estar tão cansado quanto eu." 
Maurício - Legião Urbana


Eu te odeio. Você nem sabe o quanto. Você nem imagina o quanto eu te odeio por me fazer precisar tanto desse teu cheiro. Como se você fosse a areia e eu fosse o mar que nunca pudessem ficar longe um do outro. Eternamente presos um ao outro. Eu odeio o jeito como eu pareço idiota quando você desaparece e me deixa aqui sozinha. Odeio sentir sua falta e principalmente o modo como parece não se importar com isso. O que diabos eu te fiz? Foi tudo "coisa de momento" e não teve importância? Só diga algo, pelo amor de deus e me deixe seguir em frente. Eu estava seguindo em frente, e então veio você. Veio e foi. Foi e veio. E nessa inconstância que tenho que acompanhar e que me esmaga a cada vez que meus pés tocam o chão de manhã. Eu quero te machucar. Te fazer sentir tudo que venho sentindo nos últimos meses. Dizer "vai, senta aí nessa tábua de pregos sem almofada nenhuma e tu verás o que eu sinto cada vez que você parte". Nos últimos tempos eu tenho mais te odiado do que te amado, embora que você pareça achar isso divertido. Apesar de tudo, você ainda é a primeira pessoa em quem eu penso quando me perguntam sobre amor. Todo esse jeito de menino, tão cheio de elogios pra mim, risada presa na minha mente, tão simples, tão mentiroso. É tanto ódio e amor ao mesmo tempo que eu te jogaria de um precipício e segundos depois pularia com uma corda pra te salvar. Eu nunca planejei isso. O negócio é que eu estou cansada de te esperar. Ou fica ou vai embora de vez, droga. Eu estou cansada de escrever palavras pra você negar. De perder tudo o que eu tinha pra te deixar ir embora. Já não sei dizer se ainda sei suportar. Ou se preciso.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Love will tear us apart.

"Queria te mostrar como é violento você existir."
Rubem Braga - A Traição das Elegantes


Mesmo depois de tudo, eu ainda sou aquela que volta. Não importa o quão minhas mãos estejam machucadas de carregar tantas cartas, eu ainda sou a que te espera na varanda de casa com um bolo de brigadeiro nas mãos. Sou a que inventa mil teorias e mil conversas que nós teremos no chão da sala de estar. Sou a que sempre está aqui. Eu estive perdida durante muito tempo, um tempo muito longo. E neste exato momento, eu só queria que as cartas que aqui chegam não fossem pra mim. Tenho estado tão feliz, tão livre das coisas que me prendiam, embora que aqueles velhos medos tenham permanecido. E quanto mais eu te pergunto, mais pareço estar falando com as paredes. É uma pergunta simples: quando você vai ficar aqui, para todo o sempre, comigo? Sei que ninguém tem o direito de invadir a vida de uma pessoa desse jeito. Entretanto, tudo o que tenho a te oferecer agora é a minha perseverança nessa coisa, nesse nós que continua rachando por todos os lados. E mesmo que acabemos com todos os pedaços do que sobrou de nós nas mãos, mesmo assim, mesmo assim, eu vou te amar com todos os pedaços que restaram do meu coração. Talvez seja pouco, talvez seja nada. Mas é a melhor coisa que eu posso fazer por nós agora, por mim. Era tudo tão mais bonito quando a gente não se prendia, não é? Você vai voltar? É tão simples ainda continuar aqui, pura e simplesmente com acomodação... Sabe quando você acorda de um pesadelo no meio da noite e se sente aliviado porque tudo aquilo não passava de imaginação? É a mesma sensação de quando você volta. E eu estou sempre esperando você voltar. Sempre acabo enrolando demais pra te dizer coisas simples que talvez poucas palavras bastassem para dizer tudo. Mas só o que vem de você são palavras. Milhares delas, percorrendo os fios de energia e cortando meus dedos feito papel de carta. Tudo bem, eu já decidi: está na hora de ir pra casa, agora. Já arrisquei tudo o que eu tinha, já dei mais do que eu tinha, já deixei você estar nos lugares mais bonitos desse meu tão cansado e calejado coração. Hasta.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

I swam across, I jumped across for you.

"Há muito mais que eu queria dizer, muito mais. Mas eu desapareci."
Meredith Grey, Grey's Anatomy, episódio 16, 3ª temporada. 


Muitos fogos. Muitas pessoas. Eu podia sentir a areia esfoliar meus pés e a cada vez que eu afundava-os a sensação de que estava sendo tragada para dentro dos seus sonhos era cada vez mais forte. Menina, menina. Era tudo mentira? Até hoje eu realmente não sei. Eu sempre escolhi o jeito mais fácil. Talvez porque se fosse deste jeito, eu me machucaria menos. Mais dói do mesmo jeito. Dói de uma forma que me faz querer rir e chorar sem hora marcada, sem ombro pra encostar, sem sinos pra tocar e se incorporar às minhas lágrimas. Mas não hoje. Eu sinto cheiro de mar. Mar, amar. A-mar. Ou mesmo se afogar, deixar meu corpo livre rumando ao infinito. Ser finalmente, livre. E descobrir que todos os caminhos me levam até você. Porque você é de verdade. Quase feito de barro, numa mistura de sonhos e sorrisos inesperados ao pensar em você. Você gritaria "sua louca, saia daí, você não sabe nadar" e então viria e me puxaria pela cintura como sempre, como desde antes nosso nascimento. Eles não nos descobririam. Você me esconderia dentro dos teus braços  para sempre. Eu sinto muito sobre a ligação, nunca quis que você tivesse que juntar todos os pedaços desse jeito. E então o vento que toca minha pele não parece mais parte de você. As coisas que me foram tiradas estão na mesma proporção das que deixei pelo caminho. As coisas são como são, mesmo que você bata o pé e diga que não é desse jeito. Eu te amei desde aquele setembro, antes e depois de tudo. Eu entro no mar mesmo que você não peça pra eu voltar. Somos como partes de um quebra cabeça perdido no fim do universo, uma porção de coisas que não precisa de explicação pra continuar existindo.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Banho de mangueira.


Na noite passada. Era tudo tão bonito, como aquelas coisas que a gente sempre pensa que nunca vão acabar. E nós devíamos ter o direito de escolher isso. O para sempre. Eu queria ser teu nada, já que eles dizem que nada dura para sempre. Queria acordar e ver seus olhos ainda fechados, sua respiração calma e sentir seu braço envolvido na minha cintura. Tão perto, tão perto. Pedindo que nada disso seja um sonho. Eu sei que eu não posso te tocar. Sei que tudo isso é tão bizarro e assustador que eu entendo esse medo todo. Eu também estou com medo. Porque eu sei que vou te magoar. Sempre magôo. Porque ainda é incrível como você é sempre a primeira e a última coisa a estar na minha mente todos os dias. Você sempre está sentado no chão, encostado no sofá, o sofá pinica, você disse. Mas eu não me importo, por você eu durmo no chão, na varanda, no telhado, no fim do mundo. Você passa seus braço pela minha cintura e eu estremeço. Passo horas encarando seus olhos, descobrindo cada parte do teu rosto. E então você ri da minha cara de boba. Como se nada mais importasse. E depois o nosso banho de mangueira. Você molhando o cachorro enquanto eu tento me esquivar. Tão simples, porém tão difícil. Incrível como ainda falo como se você não fosse ler alguma dessas coisas que escrevo. Porque você me confunde. Porque eu me confundo. Porque sou tão hermeticamente fechada e você acabou por destruir tudo. Com que direito? Talvez você nem saiba. Não há mais nada pelo o que chorar. Somos apenas cinzas de um mundo que nem sequer existiu. Mantenho o sentimento vivo enquanto você não o esfaquear. Enquanto uma palavra poderia mudar tudo isso. Mudar aquilo que você chama de destino e no qual eu não acredito. Tenho a vaga fé de que estamos sonhando. E que quando acordarmos, você estará com os braços na minha cintura e eu sentirei o cheiro do seu cabelo tão macio aqui. Ainda é muito difícil desamar.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Enquanto a outra vida não chega.


Alguns de seus amigos chamavam de carma. Carma é uma vadia, dizia ela. Já outros sempre a acharam idiota. Particularmente, idiota era seu nome do meio. O fato de estar sempre sozinha não significava que estava infeliz. Ainda conseguia andar pelas ruas e ver beleza nas coisas que todo mundo já esquecera. Manteve um sorriso no rosto enquanto desabava por dentro durante muito tempo e ninguém se importou. Então, porque se importar agora? Continuou sua caminhada diária pelas ruas de sua cidade, uma cidade que não tinha muito a lhe oferecer. Meu deus, pensou, é tudo tão difícil. Tudo bem que não precisava ser fácil demais, porém não precisava ser desse jeito. Ainda podia se lembrar das últimas vezes. De como fora tachada de lunática. De bobalhona. De coitadinha. Ficou sempre para trás em tudo. Todo mundo achava que sabia o que era melhor para ela. Mas não sabiam, dizia em voz alta no banheiro todas as noites. Tudo não passava de monopolização. Sentia como se todos estivessem em cima dela gritando e gritando para ela fazer aquilo, você já está velha diziam, não pode se dar ao luxo de escolher. De esperar. De esperá-lo. Por que não podiam dividir o mesmo chão se estão sob o mesmo céu estrelado? Doía tanto nela que o que desejava seriam só palavras. Não, na verdade não doía. Não era dor. Estava anestesiada pela morfina e tudo o que sentia era o vazio dele que nunca estivera aqui. Ele estava tão preso nas palavras que cada uma delas era ele lhe sorrindo. Cada letra. Cada dedo sujo de tinta de caneta. Cada olhar. Cada borboleta no estômago era ele vivo dentro dela. O vazio vinha quando ela lembrava que eles nunca dariam certo. Por mais que tentassem, por mais que fossem incentivados, eles simplesmente não nasceram para ficar juntos. Talvez fosse um amor tão grande, tão grande, mas tão grande que não cabia só dentro deles. Mal cabia no mundo. Enquanto passava por um restaurante repleto de famílias, pensou que nunca poderia ter algo assim com ele. Quem sabe nunca outra vida, numa outra época. Apegava-se à crença de que algum dia ele seria seu. Só seu, em algum lugar perdido desse mundo. Era bonito pensar em estar junto com ele. Leu uma vez que a melhor forma de esquecer um amor é transformá-lo em literatura. Ele era mais; era tudo o que suas paredes, sua boca não mais tocada pela dele ainda conseguia ser. Era o único jeito que encontrou de mantê-lo consigo: dentro das palavras, que um dia ele conseguiria enxergar como todo o amor do mundo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

I'd do it all again.


Este é um texto totalmente pessoal. Talvez o mais pessoal que eu já tenha escrito até hoje. Tentei abandonar as entrelinhas durante este ano inteiro, tentei ser mais viva, tentei de tudo e não recebi resposta positiva. Não nego que aprendi muitas coisas e que tive que passar por tudo que passei pra aprender coisas que não teria aprendido de outro jeito. Esse ano eu percebi que eu não vivi quase nada. Tenho 17 anos e não fiz nem meio por cento do que desejo. Tenho matado tantas coisas dentro de mim que há dias em que me olho no espelho e falo: quem é você que tanto me olha e nunca me reconhece? A vida gira e eu pareço permanecer no mesmo lugar, reclamando das mesmas coisas. Você pensa que eu não me canso de mim? Muitas vezes. Banco a louca por medo de morrer de tédio. Medo de muita coisa que nem sei se algum dia eu senti de verdade. Às vezes eu penso que tudo isso, todos esses aí, não passaram de um simples bote salva vidas, de desespero. Não chegava a ser um gostar. Este último, o outro e o outro são a mesma coisa. Desespero. Idealização. Ilusão. Aí então a Cássia Eller canta "eu sou poeta / e não aprendi a amar" Posso não ser poeta, mas ainda não aprendi a amar. Algumas coisas poderiam ser mais fáceis. Não sei se me sinto aliviada, mas finalmente eu entendi uma porção de coisas sobre minha vida. E não me diga que eu sou nova demais pra isso. Depois de tudo que já passei aqui eu tenho o direito de tentar ser alguma coisa melhor. Estou tentando não me envolver tanto com palavras e mais com atos, com realidade. Realidade é tudo o que tenho precisado. Não me sinto na obrigação de ter que dar explicações às pessoas sobre o que eu faço ou deixo de fazer, nem preciso que elas me obriguem a fazer algo que não quero. Venho reaprendendo a gostar de quem sou e compreender que tudo que fiz foi necessário e imutável. Manter os amigos, uma vida tranqüila e nunca desistir têm sido meu lema. Talvez você não consiga compreender pelo o que estou passando. Talvez você ache que não é de uma hora para outra que esse tipo de coisa acontece. Talvez você ache que eu estou mentindo. Não tiro seu direito. Muitas vezes eu menti para que as coisas não fossem tão ruins. Não estamos aqui por acaso. Cada um de nós veio aqui para deixar esse mundo um pouco melhor. Sei que muitas vezes as lágrimas eram a únicas coisas que conseguiam sair de você, mas acredite: tudo passa. Muitas vezes durante este ano eu pensei em desistir, não estava sendo fácil, mas toda vez que eu sentia que não aguentaria mais, pensava: o pior vai passar. E passou. É de total estranheza não notar beleza nas pequenas coisas, em não rir quando se quer chorar. Dar um só único passo em direção a uma vida melhor é muito melhor do que ficar parado vendo a ela passar. Eu tenho um sonho, você tem um sonho, o mundo tem um sonho. A estrela mais longínqua é nosso porto.