Dizem por aí que se você passar por debaixo de uma escada, terá má sorte por um longo tempo. Sempre quis saber qual era a relação que isso podia haver com azar, de modo que nunca acreditei nessas crendices populares. Por que foi passando debaixo de uma escada que eu vi você pela primeira vez. Foi querendo me afastar de tudo que remetesse amor que você apareceu e pôs fim a toda essa bobagem. Lembro de te sentir meio nervoso na primeira vez que nos falamos, o que meses depois confirmei quando você foi conhecer um dos meus melhores amigos. Mal segurei o riso pra te dizer que ia ficar tudo bem, que ser você já bastava para que todos te gostassem. Porque eu gostava. Mais do que isso, eu te amava. E todo mundo podia ver isso. O carteiro, as pessoas da rua, meu cachorro e até as paredes do meu quarto sabiam o quanto eu te amava e ainda te amo, por só Deus sabe lá quanto tempo. Tenho uma teoria de que algum tipo de radiação emana dos nossos corpos e parece escrever em nossa cara e em nossa alma que temos que nos tornar perfeitos idiotas quando nos apaixonamos. Você mal sabe quantas vezes me achei idiota por estar te esperando quando sabia que você não viria, por te dizer que estava tudo bem quando realmente não estava. Eu só queria que você visse a parte linda de mim que eu pintava e bordava todos os dias, uma playmobil que está sempre sorrindo e contando piadas baratas por aí para ver todo mundo rindo. E mesmo quando eu me sentia deslocada, deixada de lado e persona não participante dos assuntos reais da sua vida, eu continuava com um belo sorriso no rosto ouvindo There is a light that never goes out. Não estou te julgando ou até mesmo culpando, pois todo o amor que atravessa todas as paredes desta casa e cobre tudo que se pode e o que não se pode ver não permitiria tal coisa. Não sei quantas vezes eu me perguntava até que ponto tudo o que eu estava vivendo era permitido, embora que não fosse nada sujo, nada ilegal. Era tudo muito sereno, muito claro. Eu tinha um sério medo de dizer o que eu sentia por ti e cinco minutos depois morria de medo que algo acontecesse comigo ou com você sem que soubesse que eu poderia matar e morrer por vossa senhoria a qualquer momento, que eu te amava. Me amarro a essas palavras que se perdem na boca de quem não as merecem por que é a única coisa que tenho a te oferecer. Só espero que não me esqueça, que não me apague das lembranças. Que eu não vire um passado difícil de lembrar na sua memória fraca.
Música do post: Don't You Remember - Adele